O ipê tem vários nomes tais como paratudo, paud’arco e ipeúna e uma diversidade de cores de dar inveja a Jocelino Soares que gosta de abusar (no bom sentido) das cores amarelas. Na verdade, a grande família dos ipês tem nada menos que 74 espécies e nem todas são conhecidas por esse nome. Todavia, os ipês que nos encantam são rosa, roxo, amarelo e branco. Um seguindo o outro, de acordo o ciclo que natureza lhes permite.
Faça sol, faça chuva, pode até nevar neste calorão de meu Deus, mas os ipês estarão sempre explodindo com suas cores no final do inverno para anunciar o advento da primavera — se não os cortarmos. É a força da terra que desconhece as crises econômicas e as guerras dos homens, alheia às nossas dores, às pandemias, às nossas pequenas felicidades e às grandes catástrofes.
Talvez seja isso que a natureza quer que aprendamos: tudo é passageiro e tudo obedece aos seus ciclos irrefreáveis.
Alinho-me ao pensamento do guru indiano Osho quando diz que nós, todos os seres sencientes, somos os filhos e ao mesmo tempo o alimento da mãe Terra. Ela nos permite viver, usufruir de suas benesses, mas no final voltamos a ela para darmos lugar aos que vão chegar. É assim natureza. Vem o outono onde tudo amaina e faz o que é velho e usado desaparecer, então chega o inverno que é o tempo das germinações para dar lugar à primavera onde tudo explode em vida e em abundância para dar lugar ao verão que clareia o mundo com uma sonoridade silenciosa, oferecendo calor e luminosidade...
O que podemos aprender com a natureza? Olhemos em volta e, como disse há dois mil e oitocentos anos o Eclesiastes: não há nada de novo sob o sol.
Lelé Arantes é jornalista, historiador e escritor em Rio Preto.