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Julieta Hernandez
Autor: Divulgação
Julieta Hernandez

Homenagem à Julieta Hernandez

Autor: Aline Stones – Mestre em Educação pela Unesp/Professora pedagoga no SESI. Militante decolonial e membra do Coletivo Feminista Mulheres na Política
07/05/2024 às 17:26
Artigos

Julieta Hernandez, nasceu na Venezuela em 1985. Viajava pelo Brasil levando arte circense e independente, onde o Estado não chega


Lugares que sofrem até hoje o que sistema colonial deixou de herança no Brasil, miséria pouca é bobagem, porque o que o colonialismo faz é massacrar uma cultura até que ela não possa mais reagir. E ainda estamos sob domínio e colonialidade do pensar. Na contramão e na contracultura, Julieta agia tal qual os médicos cubanos, lá onde falta, onde é necessário e faz diferença. Em um vídeo que circulou bastante nas redes sociais na época que o país todo soube de sua trágica morte, a mostra tocando sanfona e cantando com uma idosa, no meio do sertão nordestino, enquanto crianças se divertem ao redor, podemos ver a sutileza de sua existência artística. Uma mulher que se desloca em corpo e tempo, levando arte na mala de mão, se alimentando da alegria alheia. Livre. A entrega deste tipo de artista é sublime, orgânica, eu diria que este tipo de gente se iguala às entidades tão cultuadas nas religiões. São pessoas semelhantes ao que dizem sobre Jesus, por exemplo. Altruístas e apaixonados. Tratam o outro com generosidade e beleza. É tanto amor pela vida que há abdicação de si próprio. Julieta, seguia sua empreitada artística viajando de bicicleta. Além de ser um transporte sustentável – em um país que precisa urgente de políticas de sustentabilidade - é um transporte que traz autonomia. É um instrumento de locomoção democrático e que não agride a vida ao redor. Para uma mulher, viajar de bicicleta é algo ainda mais belo de coragem e entrega. Julieta foi uma mulher de extrema coragem e sua existência deve ser homenageada. Que mundo teríamos, ou, que mundo teremos um dia, onde uma mulher será livre o suficiente a ponto de colocar seu nariz de palhaça, mergulhar na mágica do absurdo de seu teatro da vida, montar na bicicleta e se jogar na estrada? Que utopia!

Queria voltar para ver a mãe quando foi interrompida. Não pretendo que este parágrafo seja grande, mas o que interrompeu a frutífera vida de Julieta foi o machismo, a misoginia e a monogamia adoecida. Quão comum esse roteiro é em nosso imaginário? Sabemos dessa miséria de cor. Porém, Julieta é imensa como a vulva ‘Diva’ da artista plástica Juliana Notari. Uma imensa vulva na crosta terrestre. E assim imensa, fez nossos olhos brilharem com sua ousadia de liberdade criativa.

 

Mestre em Educação pela Unesp/Professora pedagoga no SESI. Militante decolonial e membra do Coletivo Feminista Mulheres na Política
Autor: Aline Stone
Mestre em Educação pela Unesp/Professora pedagoga no SESI. Militante decolonial e membra do Coletivo Feminista Mulheres na Política






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