Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.



Maurinete Lima
Foto por: Divulgação
Maurinete Lima

A generosidade de Maurinete Lima

Por: Juliana Mogrão Moreira , psicóloga e doula
07/05/2024 às 18:05
Artigos

É impressionante o quanto mesmo sem perceber nos encontramos conectadas em rede. Em 2023 pude conhecer um pouco mais sobre a Carolina Maria de Jesus em uma exposição sobre sua vida e obra, porém nossa "relação” se deu quando brevemente a interpretei no teatro


Porém não é sobre ela que pretendo escrever, mas sobre outra mulher negra, potente e que deixou um legado irretocável. Hoje falaremos sobre Maurinete Lima, uma pernambucana nascida em 1942, socióloga, poeta e ativista. 

Seu legado poderia se resumir apenas por sua existência, pois sabemos que as condições sociais não são e nunca foram favoráveis para que mulheres pretas nascessem, vivessem, estudassem e partilhassem seus saberes. No entanto, por conta de suas inquietações Maurinete funda o coletivo 03 de Fevereiro, que é um grupo transdisciplinar de pesquisa e ação direta, acerca do racismo na sociedade brasileira. O grupo trabalha com artes visuais, teatro, poesia, audiovisual, aulas, debates e uma infinidade de formas expressivas que buscam investigar o racismo no Brasil

Além de ser fundadora do coletivo 03 de fevereiro, aos 74 anos lançou o livro Sinha Rosa, onde podemos encontrar poemas   e neles suas lutas, vivências e ensinamentos.

Quantas mulheres pretas nos deixaram legados e quando são reconhecidas em vida, são de forma tardia? Conceição Evaristo, Alaide Costa, Carolina Maria de Jesus e Maurinete Lima.

Maurinete constrói sua intelectualidade negra sendo socióloga e professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte e esta não se descola da prática militante, com isso nos traz a reflexão de que para pessoas prestas, em especial mulheres pretas não há a opção do descolamento, haja vista que as vivências são pessoais e o sujeito de estudo sempre é transversalizado pela nossa subjetividade.

Essa rede, mesmo atravessada por dores constituídas por uma sociedade racista fortalece no compartilhamento, na singularidade de justamente ser um saber atuante, generoso, coletivo e conectado para e com a comunidade onde atua. Além de ser prático, de forma poética Maurinete compartilha sua sabedoria através de arte, potencializando e construindo diversas formas de linguagem e acessibilidade de sua obra e vida.

Arrisco, de forma nada despretensiosa e humilde a me orgulhar e saudar essa ancestral, que plantou sem a pretensão de colher. Maurinete materializou a senso de coletivo, generosidade e grandeza de forma decolonial e eterna. 


 







Anunciar no Portal DLNews

Seu contato é muito importante para nós! Assim que recebemos seus dados cadastrais entraremos em contato o mais rápido possível!