Eu moro na Região Norte de São José do Rio Preto, periferia, ao lado da zona do meretrício e apesar da fama de ser um bairro meio barra pesada, a vida aqui é relativamente tranquila.
Vez por outra vemos algum moleque vendendo drogas na rua, mas eles não
mexem com os moradores e tampouco a gente interfere na vida deles. Tem uma
senhorinha, avó de família, que passa vendendo queijo caseiro toda semana e eu
sempre compro pra ajudar. Dia desses ela comentou como a chegada do tráfico foi
bom para a comunidade local: acabaram os pequenos furtos.
"Antes a gente
não podia ter uma cadeira na varanda, uma planta mais bonita, até roupa no
varal eles pulavam o portão pra levar. Depois que começaram a vender droga,
pararam de invadir a casa da gente pra roubar as coisas. Agora eles têm como se
manter, não precisam roubar” conta
"Então a senhora não é contra o tráfico aqui no bairro?” pergunto,
perplexa, para a avozinha do queijo "Claro que não! Eles ficam lá, vendendo as
coisas deles, não mexem com ninguém, compra quem quer. Por que ser contra?”
Para além de
estarem "ocupados” com o comércio ilegal, eles cuidam também para que os
pequenos furtos não ocorram, pois isso atrai a polícia pro bairro e a autoridade
pode atrapalhar os negócios.
Para o tráfico, diferente de assalto, estupro ou homicídio, a vítima é
voluntária e se dirige até o local do crime. Passa de carro, deixa seu
dinheiro, leva seu produto, o traficante se mantém ocupado e os moradores em
paz.
Diante da realidade, do que a gente vê acontecer nos bairros,
fica um questionamento: não seria a legalização o melhor caminho para acabar
com a violência? Porque, na prática, a venda de ilícitos trouxe a paz para a
comunidade.
Deixo o convite à reflexão.