As comemorações do Dia Internacional da Mulher são importantes para que lembremos dos direitos que conquistamos e dos feitos pioneiros de mulheres que nos antecederam na história mundial, as quais continuam a nos inspirar
As comemorações do Dia Internacional da Mulher são importantes para que lembremos dos direitos que conquistamos e dos feitos pioneiros de mulheres que nos antecederam na história mundial, as quais continuam a nos inspirar. Mas, apesar dessas conquistas, ainda há muito o que lutar para que os direitos e respeito às mulheres sejam efetivamente implantados em nossa sociedade. Nesse contexto, acho importante conhecer o que pensam as jovens mulheres, pois são elas que irão direcionar as mudanças no futuro e, sem dúvida, é por elas que nos mantemos fortes.
Conversando com algumas jovens entre 16 e 21 anos, descobri um
pouco sobre o que elas pensam. Obviamente, elas concordam que houve ganhos nos
últimos anos pois, ainda que seja aos poucos, as mulheres têm conseguido
conquistar seus espaços em diferentes tipos de trabalho, esportes e cargos
políticos. Além disso, a maioria das mulheres das novas gerações não aceitam
mais o que era imposto em épocas passadas, desmistificando, por exemplo, alguns
estereótipos de mulheres submissas e aumentando o número de mulheres que
entendem que podem e devem procurar ajuda em situações de violência. Dessa
forma, percebemos um efeito positivo de campanhas nacionais e locais, além da
importância do fortalecimento de organizações específicas para atendimento e
defesa dos direitos da mulher.
O cenário atual, no entanto, ainda apresenta situações cotidianas
que incomodam muito as jovens mulheres. A que mais aborrece, e até gera
sentimentos de tristeza e ódio nas meninas, é a falta de liberdade para andar
sozinhas nas ruas pois, mesmo um grupo de mulheres, precisa se preocupar com
todo homem que passa. É um sentimento bem próximo de pavor que surge justamente
pelas situações de assédio já vividas por algumas delas e, também, dos olhares
constrangedores vindos de homens adultos de diversas idades. Isso faz com que
as meninas pensem muitas vezes antes de sair de casa sozinhas e se sintam
impotentes diante da liberdade tolhida.
Entre tantas mudanças
importantes, algumas das quais as meninas almejam para o futuro próximo incluem
ações mais eficazes para conscientizar os meninos sobre as situações de medo e
desrespeito que as mulheres vivenciam. Por exemplo, ações relacionadas à
educação, para debater desde cedo as consequências do machismo enraizado em
nossa sociedade. Ações para mudar o costume de objetificar e hiper sexualizar
corpos femininos, além de acabar com o hábito de subestimar o intelecto e a
força física das mulheres. Ações que permitam que a mulher tenha o poder de
decisão sobre seu corpo, eliminando repetidas humilhações mediante casos de
estupro. Essas jovens também querem mais
mulheres em cargos de máxima liderança de grandes empresas e defendem que a
participação de mais mulheres (em especial as feministas) na política é um
passo poderoso na caminhada por nossos direitos.
De maneira breve, percebemos que olhar para os anseios das jovens
mulheres é um caminho necessário para a implementação de políticas públicas que
garantam uma sociedade mais cooperativa e menos violenta. Lutemos juntas para
que todas as meninas do mundo vivam em uma sociedade mais justa, na qual nenhuma
mulher tenha que reivindicar direitos óbvios.
Agradeço Beatriz Freitas, Raquel Oliveira, Sarah Prado e Yasmin
Crespo pela colaboração.
Eliane Gonçalves de Freitas é bióloga e docente da UNESP de São
José do Rio Preto. Integrante do coletivo Mulheres na Política, do grupo Com
Ciência do IBILCE e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de São José do
Rio Preto.