O medo é algo fundamental na vida humana. Presente em todas as espécies que habitam este grandioso planeta desde o princípio. Ele pode ser algo real, irreal, concreto ou abstrato.
Um sentimento tão peculiar e temido, uma sensação única que provém
da angústia e pavor, e mesmo assim, um sentimento tão pouco compreendido e
valorizado, muitas vezes até difamado. Entretanto, o medo, tem uma função
extremamente importante na evolução das espécies, consequentemente, humanos.
Primordialmente, o medo foi essencial para a sobrevivência humana, pois ele é uma sensação e essa sensação está ligada a um estado em que o organismo se coloca em alerta, diante de algo que se acredita ser uma ameaça, extremamente importante para a sobrevivência humana.
O mecanismo mental em situações de pânico é relativamente simples. Assim,
quando o cérebro identifica um perigo ocorre uma reação e cria-se a emoção do
medo. Ou seja, o medo é um alerta para que o organismo fique atento a qualquer
tipo de perigo, fazendo com que as espécies prosperassem. Porém, ele
ultimamente vem sendo atrelado a certos receios da modernidade, como por
exemplo: solidão, tristeza, etc. Ele é tirado de sua função primária e
realocado a dilemas pouco debatidos e que causam espanto. O diminuindo a um
sentimento simplesmente negativo e sem importância nos tempos atuais.
Além disso, na sociedade
contemporânea muito se atrela ao medo a questões que são um mistério, como por
exemplo, a morte. É muito comum ver alguém que afirma ter medo da morte, mas
como se tem medo de algo que não se conhece?
"Não temo a morte. Já estive morto por bilhões e bilhões de anos, antes de nascer, e isso não me causou o menor incômodo.” Essa frase do escritor Mark Twain mostra que a morte já foi algo que "ocorreu” de uma certa maneira e que isso nunca causou incômodo. O fato é que a mente humana não suporta o mistério, por isso é tão fácil sentir receio pela morte. Muitas vezes o medo da morte está ligado ao ceticismo, entretanto é possível encarar o medo da morte com ceticismo. Tanto a ciência como a filosofia sugerem maneiras de aceitar a morte com serenidade. Existencialismo e niilismo, por exemplo, são filosofias que nos encorajam a aproveitar o máximo da vida, uma vez que, para os pensadores céticos, não existe nada depois do fim - e tudo bem. Temer o desconhecido é comum, entretanto meio irônico, não acha?
É preciso lidar com
certos mistérios de uma maneira menos pessimista, pois a morte independe de sua
vontade. Albert Camus, dizia que devemos abraçar nossos abismos, ou seja,
enfrentar nosso vazio e aprender a lidar com ele.
Portanto, o medo existe desde os princípios da vida, se estabeleceu como uma das emoções mais básicas e importantes para a sobrevivência de qualquer ser vivo, foi explorado diversas vezes pela arte, com o romantismo gótico, expressionismo alemão, etc sempre buscando as mais profundas sensações.
O medo é uma sensação e emoção como qualquer outra, é necessário e importante, mas claro, não se pode ser exagerado. Em uma atualidade onde momentos tensos e aterrorizantes são extremamente comuns, é compreensível sentir medo. Todavia, é necessário não só se entender a importância, mas também garantir um pensamento saudável.
As emoções, sensações muitas vezes acabam
se transformando em gatilhos, em algumas circunstâncias positivas ou negativas.
Basta, tentar ao máximo compreender os sentimentos e trabalhar em
conjunto para que não saiam do controle.
Gabriel Gomes - Estudante de Filosofia