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Uma das imagens de vídeo criado por voluntários
Foto por: Reprodução/vídeo
Uma das imagens de vídeo criado por voluntários

Grupo Justiça e Paz de Rio Preto, ligado à CNBB, aponta desinformação e cria vídeos sobre a Covid-19

Por: Maria Elena Covre e Milton Rodrigues
21/09/2021 às 15:48
Bastidores

Curtos, lúdicos e divertidos, mais em tom crítico, vídeos são divulgados nas redes sociais e grupos de WhasApp para orientar crianças e pré-adolescentes na volta às aulas presenciais


Divertido, mas crítico
Ainda que lúdicos, dinâmicos, engraçados e numa linguagem acessível a crianças e pré-adolescentes, pequenos vídeos que estão sendo produzidos em formato de série por voluntários em Rio Preto, com o objetivo de conscientizar alunos na volta às aulas presenciais, nem de longe douram a pílula quanto à devastação provocada pela pandemia do novo coronavírus na cidade. Além de imprimir tom crítico em relação ao que os idealizadores classificam como baixa eficiência da comunicação adotada pelo poder público no processo de conscientização da população. 

Iniciativa
A iniciativa é do Grupo Justiça e Paz de Rio Preto, vinculado à Comissão Justiça e Paz da Regional Sul 1 da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). A execução das peças envolve parcerias com professores e núcleos da Unesp, com o grupo musical Kombinados e com a direção da escola municipal Professora Olga Mallouk Lopes da Silva.

Papo reto 
"Todos nós moramos na mesma cidade, São José do Rio Preto. A cidade das capivaras, das represas,  do Parque Ecológico, do Bosque, da Cidade da Criança e de tantas outras atrações. Mas talvez você não saiba que quem mora em Rio Preto tem duas vezes mais chance de se infectar com Covid-19 do que um brasileiro em geral e três vezes mais do que quem mora na cidade de São Paulo. Além disso, o rio-pretense tem duas vezes mais risco de morrer por Covid-19 do que um brasileiro ou um paulistano. Triste estatística, não é mesmo? E isso não é fake news”, diz trecho do texto de apresentação do primeiro vídeo da série, disponibilizado em redes sociais e compartilhados em grupos de WhatsApp.  

Informar para mobilizar 
O objetivo, segundo a professora da Unesp Lília Santos Abreu Tardelli, que integra o Grupo Justiça e Paz,  é sanar a falta de informações sérias, embasadas em ciências, para conseguir de fato mobilizar a sociedade. E também, segundo ela, tentar combater os estragos promovidos pelas fakes news, que alimentam a pandemia. "Não queremos espalhar o terror, queremos espalhar a informação com base na ciência. A Pandemia da Covid-19 não acabou, as medidas de prevenção devem continuar e todos nós devemos ajudar a cidade a sair deste triste ranking nacional”, segue texto do primeiro vídeo, escrito por Lília. 

Vários temas 
A série de vídeos que compõe a campanha "Covid-19 Informar para Prevenir” pretende se concentrar em breves vídeos sobre vários temas, do tipo como ocorre a contaminação, uso de máscaras, a importâncias do distanciamento social, vacinação, terceira onda da pandemia e outros aspectos importantes no combate ao novo coronavírus. 

Direitos Humanos 
O "Grupo Justiça e Paz", ligado à CNBB, foi criado no município em maio deste ano e é composto por católicos da diocese de  Rio Preto. "A missão do grupo é debater temas de Direitos Humanos na cidade e a pandemia da Covid-19 foi um tema central desde o início das reuniões. Constatou-se uma enorme desinformação da população em geral sobre a real situação da pandemia na cidade, o que levou Rio Preto a atingir índices alarmantes de contaminações e óbitos pelo Sars-CoV-2”, conta Lília. 

Parcerias
A professora conta que, a partir da decisão de fazer uma campanha informativa, era necessário encontrar pessoas que pudesse trabalhar em parceria em relação a dois pontos principais: na questão da linguagem apropriada para fazer divulgação científica (ou seja, como divulgar informações advindas da ciência para leigos), assim como na participação de especialistas da área das Ciências Biológicas. "Nesse sentido, duas professoras da Unesp, ambas participantes do grupo Justiça e Paz, uma da área de linguagem, no caso, eu, e outra da área de Biológicas, no caso, a professora-doutora Maria Stela Noll, estamos desenvolvendo, junto com discentes estudiosos das duas áreas, o processo de pesquisa e divulgação que envolve a busca de artigos científicos, a criação dos scripts, a criação dos vídeos e a divulgação dos mesmos.”

Público alvo 
O público-alvo de início foram basicamente dois, pais e responsáveis da escola municipal Professora Olga Mallouk Lopes da Silva, cuja diretora também é integrante do grupo Justiça e Paz, e os alunos da escola. "A parceria com o grupo musical infantil Kombinados foi fundamental para a produção de vídeos informativos para as crianças menores da escola. Eles se pautam nos mesmos roteiros para criar o vídeo infantil.O intuito é um retorno às aulas mais consciente e cuidadoso, tendo em vista que a pandemia não acabou”, continua a professora. 

Insuficientes 
Para Lília, as campanhas oficiais feitas pelo poder público em todas esferas, inclusive a municipal, foram insuficientes. "Parece que não atingiram a população como um todo, segundo a avaliação do grupo. A pergunta que deve ser feita é se as campanhas conduzidas pela prefeitura, basicamente, em seus veículos de comunicação, foram e são suficientes para atingir a população da cidade. Se queremos atingir o maior número de pessoas, devemos pensar nos modos de dar informação e nos meios para divulgá-la”, afirma. Além do mais, segundo ela, a quantidade e a intensidade das notícias falsas são assustadoras.

Sucesso das fakes
"Isso pode ser percebido no comportamento das pessoas ao longo da pandemia. A recusa no recebimento da vacina, o uso inadequado de máscaras, o uso de remédios sem nenhuma comprovação científica etc. etc. São  evidências do sucesso das fake news. Fazendo essa campanha, fica evidente como é difícil o processo de divulgar ciência de maneira cuidadosa, precisa e compreensível.”
Mas, segundo ela, apesar do objetivo bem-intencionado da campanha, é preciso querer ouvir. "Nosso público não é aquele que não quer escutar o que a ciência tem a dizer. Nosso público é aquele que está aberto para se informar mais.” As discussões ocorridas entre os participantes do grupo Justiça e Paz foram fundamentais para esta campanha e também para outras ações do grupo, como a representação, que se baseou no relatório científico do professor  José Carlos Lopes, apresentada pela Associação Paulista de Saúde Pública perante o Ministério Público em junho deste ano.

Uma das imagens do vídeo
Foto por: Reprodução/vídeo
Uma das imagens do vídeo








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