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Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado
Foto por: Divulgação
Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado

Governo Bolsonaro é despreparado e com resultados sofríveis, diz Marco Vinholi

Por: Maria Elena Covre
22/06/2020 às 20:50
Bastidores

Fala do Secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo foi em entrevista exclusiva ao DLNews nesta segunda-feira (22)


Caçula entre os integrantes do primeiro escalão de João Doria (PSDB), o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, 35 anos, tinha mais visibilidade como presidente estadual do PSDB, onde foi colocado pelo governador para limpar o que havia restado do espólio de Geraldo Alckmin (PSDB) pelo Interior. Mas veio a pandemia do novo coronavírus, que "aposentou compulsoriamente” os veteranos, e o político de Catanduva ganhou protagonismo dentro do governo justamente por ser jovem e correr menos riscos. Fiel escudeiro do tucano-mor, Marco Vinholi, o ex-copo de leite, agora joga em várias posições, especialmente no ataque: critica Bolsonaro, fala dos prefeitos rebeldes, diz que é preciso ter fôlego para acompanhar o chefe e discursa que o momento não é para pensar em eleições. Confira...

As eleições municipais devem ser prorrogadas? 
Marco Vinholi - Sou a favor de adiar para novembro e dezembro, analisando durante esse tempo de que forma se dará a evolução da pandemia. Temos que ser equilibrados, colocando a necessidade de preservar a vida em primeiro lugar, organizando o processo democrático através desse parâmetro.

A crise sanitária coloca Doria como contraponto a o presidente Bolsonaro e antecipa 2022. Isso não pode atrapalhar candidatos tucanos no Interior, onde o bolsonarismo é forte?
Vinholi - O PSDB está  fazendo aquilo que é correto, seja na luta pela vida, tomando decisões baseadas na ciência e em evidências no combate ao coronavírus, mas também na defesa da democracia. Todas as medidas que entendemos que poderiam ser positivas para o Brasil foram apoiadas, assim como temos o dever de criticar os enormes erros que o governo tem cometido. Não estamos com a cabeça nas próximas eleições, mas nas próximas gerações. O governador Doria representa hoje muito mais do que o PSDB, protagoniza uma sociedade plural, livre, democrática, que amadureceu muito para chegar até aqui e não tem a mínima intenção de retroceder.

Renato Pupo, em Rio Preto, sempre dialogou com o bolsonarismo. Ele, em específico sofre com essa polarização... 
Vinholi - Entendo que a imensa maioria das pessoas tem acompanhado com preocupação as ações do Governo Federal. Pupo é um bom candidato, correto e que se propõe a ser uma alternativa para São José do Rio Preto. Iremos dialogar com a sociedade, com essa proposta de um novo caminho.

A quarentena provoca insatisfações entre empresários, mas também entre prefeitos, incluindo os tucanos, que temem o efeito nas urnas. Como reverter isso a curto prazo? 
Vinholi - O que causa impacto na economia é a pandemia e não as restrições. Existe uma falsa polarização entre economia e saúde no combate ao novo coronavírus aqui no Brasil. 76% das atividades empresariais não tiveram qualquer restrição e tiveram um alto impacto econômico. Estamos trabalhando na retomada das atividades de forma segura, faseada. As medidas que São Paulo adotou salvaram mais de 60 mil vidas e permitirão que o Estado lidere a retomada econômica no país. 

Como, enquanto secretário de Desenvolvimento Regional, ajudar a economia do Interior a sair da UTI?
Vinholi - Tivemos mais de 60 dias de um modelo de isolamento social homogêneo e partimos desde o dia 1º de Junho para o Plano São Paulo, que faz uma análise regional da evolução da pandemia e da capacidade hospitalar especifica de cada uma delas. Em um Estado com proporções territoriais como o nosso, a pandemia tem diferentes estágios e o numero de UTIs por região também é diverso. Com isso, é possível fazer essa retomada das atividades econômicas, flexibilizando quando possível. Nós criamos o Conselho Municipalista, que tem a participação dos prefeitos das cidades-sedes dessas 17 regiões, para discutir e avançar com essa retomada com um olhar apurado de cada uma dessas regiões. O Plano São Paulo permite que possamos cruzar esse momento em que a pandemia segue presente.  No paralelo, criamos um grupo que está trabalhando a proposta de retomada no pós-crise coordenado pelo doutor Henrique Meirelles, atraindo investimentos, reduzindo taxas e colocando crédito no mercado.

Existe alguma possibilidade de mudança no Plano SP, de forma que os municípios sejam avaliados independentemente e não pelos blocos de  DRSs?
Vinholi - A problemática consiste em uma pandemia que não encontra barreiras de um município para o outro. Temos 589 municípios já atingidos pelo novo coronavírus oficialmente, mas é possível que, devido aos casos assintomáticos, possamos ter atingido todos os 645 do Estado. A ação que um município toma impacta diretamente o vizinho. Imagine se por exemplo se São José do Rio Preto mantivesse os restaurantes fechados e Bady Bassit abrisse, o impacto que teriam nas duas cidades. Quando analisamos então a questão sobre o prisma hospitalar, a situação fica mais aguda ainda. Mais de 300 cidades do Estado não possuem leito de UTI e utilizam os hospitais de referência de outros municípios. A regulação da saúde é regional. O momento pede integração e ações conjuntas.

Rio Preto vem num crescente de casos e mortes por Covid-19, assim como os municípios vizinhos. Corre o risco de voltar à Fase 1 (vermelha)?
Vinholi - A região de São José do Rio Preto mantem uma taxa aceitável de ocupação de leitos de UTI, com um crescimento de 34% para 41% ao longo das duas ultimas semanas. Os casos, internações e óbitos têm crescido, mas não houve aceleração desse crescimento no período. Mas é importante alertar, cada dia é um dia no combate à pandemia, portanto, essas taxas podem disparar de uma hora para outra. E, com transparência, nós vamos a todo momento apresentar esses dados, endurecendo se necessário e flexibilizando se possível. A disponibilidade de medicamentos para entubação na região, assim como todo o Brasil, é um ponto de atenção também.

O prefeito de Olímpia ignorou o decreto que devolveu a cidade à faixa vermelha. Existe o risco de uma insubordinação coletiva de prefeitos assustados com o desgaste diante da eleição muito próxima?
Vinholi - O caso de Olímpia está superado pela intervenção do MP e do TJ, que determinou o cumprimento do plano. O Consórcio dos Municípios encaminhou uma carta de apoio ao plano e suas medidas. É importante registrar que a evolução da pandemia pelo interior do Estado e do País é algo que já era previsto, portanto não o que julgar a administração de um prefeito perante a incidência do vírus no município. O que se deve julgar é a atitude dele frente a isso. Quando temos um centro de contingência formado pelos principais cientistas e médicos especialistas em infectologia do país, profissionais do HC, Hospital Albert Einstein, Unesp, Unicamp, USP, analisando índices objetivos e apresentando o risco para a saúde pública da população, não me parece correto a negação sem apontamentos objetivos frente a esses dados. Estou acompanhando o dia a dia de todo o Estado, invariavelmente, a atitude do líder do município reflete diretamente nos resultados do enfrentamento da pandemia. Confio nos prefeitos do nosso Estado e esse é um dos fatores que estão fazendo a diferença  em São Paulo. A imensa maioria dos prefeitos faz um grande trabalho durante a pandemia.

A crise sanitária "aposentou" o pessoal mais velho e aumentou o protagonismo dos mais jovens, como o senhor. Por outro lado, essa demanda não o afasta da política de base, que dá voto? Quais os planos políticos pessoais do senhor?
Vinholi - O governador João Doria tem um ritmo de trabalho muito forte e é preciso acompanhá-lo, sobretudo no enfrentamento da crise que estamos tendo. De fato, a juventude ajuda nesse momento, e como o mais jovem da equipe de secretários tenho empurrado até o limite. Temos tido 14 horas, 15 horas de trabalho por dia. Sábados e domingos também. Além da pandemia, temos projetos importantíssimos para tornar realidade, como a criação da região metropolitana de São José do Rio Preto por exemplo. O foco total esta nesse trabalho institucional, na construção do mandato do governador João Doria.

Como o senhor avalia, hoje o governo Jair Bolsonaro? 
Vinholi -  Salta aos olhos o despreparo do governo para conduzir um País de tamanha complexidade, sobretudo em um período como o que passamos. São resultados sofríveis na economia, na indústria. A preocupação com o impacto de uma politica internacional ideológica que tem nos colocado em posição de descrédito, impactando nosso agronegócio. Ausência de política na área da educação, comprometendo as futuras gerações. Para ficar por aqui, a negação do combate ao coronavírus, contrário a toda comunidade científica e médica internacional. Vejo tudo isso com muita preocupação. 







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