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Cleonice Damasceno Silva - "Mestra Preguiça"
Foto por: Fernando Gomez
Cleonice Damasceno Silva - "Mestra Preguiça"

‘Mestre Preguiça’

Por: Cláudia Prestes
20/11/2023 às 09:25
Artigos

Vou falar de uma mulher Nascida lá na Bahia Cidade de Salvador Nordeste de Amaralina


Vou falar de uma mulher

Nascida lá na Bahia

Cidade de Salvador

Nordeste de Amaralina

E que desde muito cedo

Deu início à sua ginga


Quando ainda era menina

Cleonice Damasceno Silva

Mas poderia ser chamada

"Dona do próprio destino”

"Menina-determinada”

"Senhora da sua sorte”

"Educadora-guerreira”

Ou então "Predestinada”


Falo de Mestra Preguiça

Que é mestra de capoeira

Capoeira é resistência

Luta e dança mandingueira

De africanas raízes,

Que como essa mulher,

É negra e é brasileira


A mestra quando menina

Fora desestimulada

De praticar a capoeira 

Que era discriminada

Mas que na atualidade

Graças a muito trabalho 

Como patrimônio é tombada


Falar sobre a capoeira

É falar em tradição

Falar de filosofia

De cultura e educação

Como uma missionária

A Mestra de quem eu falo

Dá sua contribuição 


Com a sua atividade 

Oferece inspiração

Independente de idade, 

Gênero ou condição

Quem a observa aprende

Capoeira Regional,

Foco e dedicação


Forte e determinada

Constrói sua trajetória

E dentro da capoeira

Ela fez e faz história

Quem presenciou um dia

Sua presença numa roda

Não apaga da memória


Mãe de família, educadora,

Transformadora social

Preservadora do legado

Do Seu Bimba, imortal

Ela é mestra-charangueira

Primeira mulher lenço branco

Da Capoeira Regional


Essa Mestra tem escrito

Seu nome na capoeira

Essa arte genuína

Configurada em brincadeira 

Que constrói identidade

Com base na educação

À sua própria maneira


Nossa arte e cultura

Por ela é protegida

Viva a Mestra Preguiça

Que é focada e aguerrida

Ela não abraça o medo

Luta pela capoeira

Dedicando a sua vida.

-

 

Mestra Preguiça é uma mulher afetuosa, de força e determinação

incomuns e impressionantes. Quando criança se encantou à

primeira vista pela capoeira, mas não recebeu autorização da

família para praticá-la e passa a ficar com outras crianças

observando de longe a movimentação de praticantes para tentar

reproduzir enquanto brincava na rua. Com o passar do tempo,

percebendo a persistência e disposição da menina, a família

autoriza seu ingresso nas aulas aos 11 anos de idade. Aos 17 já

ensinava capoeira em um projeto social para crianças, o

CAPOERÊ; forma-se educadora em Capoeira Regional aos 19,

torna-se a primeira mulher especializada em Capoeira Regional aos

22, aos 29 faz a 2ª especialização e aos 34 anos torna-se a

primeira mulher, até o momento a única, a ser contemplada com o

Lenço Branco, honraria maior da Capoeira Regional. Há mais de

três décadas integra e conjuntamente constrói a Filhos de Bimba

Escola de Capoeira. Em consequência de seus estudos, trabalho e

dedicação desenvolvidos no Brasil e em outros países, como EUA e

diversos países europeus, é consagrada, especialmente por seus

discípulos e discípulas, como mestra de capoeira. No ano de 2022

realiza a formatura de sua 1ª turma de educadores(as) em Capoeira

Regional. Tenho a alegria de participar da construção de um

documentário que contará sua vida e trajetória de mulher negra,

periférica, mãe de família, educadora, transformadora social,

preservadora e grande referência do legado da Capoeira Regional.

"... viva minha Mestra! Iê, viva minha mestra, camará...!”

 

Cláudia Prestes

(A autora Cláudia Prestes, também conhecida como Tropicana, é

capoeira, artista visual e da dança, militante de movimentos sociais

com recortes de gênero e de raça.)







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