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Maria Remedios del Valle, nasceu em Buenos Aires, entre os anos 1766 e 1768, e foi listada pelo exército argentino como "parda”, termo usado para identificar os descendentes de escravizados africanos
Foto por: Divulgação
Maria Remedios del Valle, nasceu em Buenos Aires, entre os anos 1766 e 1768, e foi listada pelo exército argentino como "parda”, termo usado para identificar os descendentes de escravizados africanos

Maria Remedios Del Valle - Mâe da Pátria Argentina

Por: Maria Aparecida Cury
05/11/2023 às 20:49
Artigos

Maria Remedios del Valle, nasceu em Buenos Aires, entre os anos 1766 e 1768, e foi listada pelo exército argentino como "parda”, termo usado para identificar os descendentes de escravizados africanos.


Em 1810, acompanhou o marido e os dois filhos na primeira expedição militar ao

Alto Peru, e nos campos de batalha enfrentou a discriminação por ser mulher e

negra, mas destacou-se por sua força e coragem, cuidando dos feridos, cozinhando

e também pegando em armas.

Sua atuação foi decisiva na Revolução de Maio, participando de todas as batalhas

do exército de libertação, e a batalha de Salta lhe rendeu o nome de "Mãe da

Pátria", colocando-a na linha de frente do exército argentino.

Depois acompanhou como auxiliar e combatente no Exército do Norte todo o

período da guerra de independência, o que lhe rendeu o título de "Capitã”, pelo qual

gostava de ser chamada.

Sofreu diversos ferimentos pelo corpo e na face, e também a perda do marido e dos

filhos em combate, entrando para a história da Argentina como uma das Meninas

Ayohuma, mulheres que lutaram bravamente em diversos combates.

Após o término da guerra, Del Valle voltou para Buenos Aires, mas sem encontrar o

reconhecimento merecido, se viu na miséria, passando a mendigar pelas ruas e a

comer sobras que os conventos jogavam aos cães, enfrentando assim, uma nova

guerra, a do preconceito, da solidão, do abandono e do esquecimento.

Em 1826, não satisfeita com o seu destino, Del Valle iniciou um processo solicitando

receber o soldo de 6.000 pesos que lhe era devido por seus serviços ao país e pela

perda do marido e dos filhos, mas em março de 1827, o ministro da defesa negou

seu pedido.

Um ano depois, aos 60 anos e envelhecida, foi encontrada mendigando na praça

Recova pelo general Juan José Viamonte, que a reconheceu, pois haviam lutado

juntos no Alto Peru. O general então apresentou um processo para que ela

recebesse uma pensão do Estado, mas o pagamento só ocorreu no ano de 1828, e

era insuficiente para que ela tivesse uma vida digna.

Somente em 1830, Juan Manoel Rosas, eleito governador de Buenos Aires,

promoveu Maria Remedios a "Sargento Mor de Cavalaria”, e fez sua inclusão no

quadro do Corpo dos Inválidos, garantindo-lhe um salário integral que a possibilitou

deixar a pobreza extrema. Em sinal de gratidão, em 1836, ela passou a ser

registrada na lista de pensões como Maria Remedios Rosas.

Maria Remedios morreu no dia 8 de novembro de 1847, e durante um longo

período, a vida desta heroína foi apagada da história da Argentina. Atualmente

movimentos afro-argentinos lutam para que a sua história seja cada vez mais

reconhecida.

No ano de 2013, o dia 8 de novembro foi instituído como o Dia Nacional dos Afro-

Argentinos e da Cultura Africana, e em 06 de julho de 2021, ela foi a primeira mulher

homenageada na Câmara do país com um quadro instalado em um salão cujas

 

paredes são cobertas por quadros de homens, uma forma de homenagear toda a

luta da "Mãe da Pátria Argentina” em nome daquela nação.

 

 

MARIA APARECIDA CURY

Juíza de Direito Aposentada, Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e

Integrante do Grupo Mulheres na Política. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.


Juíza de Direito Aposentada, Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e  Integrante do Grupo Mulheres na Política. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.
Foto por: Maria Aparecida Cury
Juíza de Direito Aposentada, Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e Integrante do Grupo Mulheres na Política. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.






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