Este é o nome de uma educadora venezuelana que nasceu em 10 de julho de 1926 em Rio Chico, Venezuela. Argelia marcou a história da Venezuela como uma mulher preta, pobre e que lutou pelos direitos das mulheres durante quase toda sua vida
Era filha de pais que militavam
pelos direitos da população no final do século XIX e início do XX. Quando ainda
era criança (5 anos), seu pai foi preso e a família foi obrigada a se mudar do
campo para a cidade, vivenciando muitos sofrimentos com a pobreza.
Ainda muito jovem, Argelia já
manifestou suas habilidades de representação política, sendo porta-voz do
conselho de bairro de sua comunidade. Enquanto estudante, foi integrante do
grupo União de Mulheres Jovens e do Centro Estudantil do Magistério de Caracas
e do jornal estudantil.
Aos 19 anos, Argelia se formou
professora, mas logo após sua formatura foi estuprada e engravidou. A recusa em
se casar com seu estuprador a tornou uma mãe solteira, o que gerou muitas
críticas contra ela, recebendo a acusação de ser "imoral” e correndo o risco de
perder seu cargo. Argelia lutou muito
contra este preconceito e conseguiu, após expor a injustiça de sua demissão ao
Ministro da Educação da época, ser transferida para uma pequena escola, onde
ficou responsável pela alfabetização de adultos. Este fato fez com que Argelia
se tornasse uma defensora ferrenha dos direitos das mulheres no tocante à
maternidade.
Ainda na juventude, lutou pelo
direito das mulheres ao voto, conquistado parcialmente em 1945 e completamente
em 1947. Defendia que a formação política das mulheres seria um processo
indispensável para a libertação dos povos, lutando também pela paridade nas
eleições contemplando os direitos políticos das mulheres.
Em 1958, Argelia foi uma das
lideranças na Greve Geral e na derrubada do ditador venezuelano Marcos Pérez
Jiménez. Era muito ativa e militava visitando sindicatos e confecções em uma
moto. Neste período já atuava no Partido Comunista da Venezuela (PCV) e
organizou a Junta Patriótica Feminina.
Dentro do Partido Comunista da
Venezuela, ela e outras mulheres lutaram contra o sexismo e pelo direito de
participar em pé de igualdade com os homens. Destaca-se uma de suas frases "Uma
sociedade socialista é inconcebível sem a plena participação das mulheres em pé
de igualdade com os homens”.
Nos anos 60 e 70 ficou conhecida
como "Comandante Jacinta” ao participar da guerrilha venezuelana, mas rompeu
com os guerrilheiros e ajudou a fundar o Movimento pelo Socialismo (MAS). Este
se tornou um partido pelo qual Argelia se tornaria parlamentar pelo estado de
Miranda.
Teve uma longa e incansável vida
política tendo ocupado todos os espaços que conseguia para defender os direitos
das mulheres, deixando este legado para suas sucessoras mais novas. Morreu em
27 de novembro de 1997 quando estava muito debilitada fisicamente.
Nestes dias, quando se comemora o
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conhecer a
história de Argelia Laya nos inspira a olhar para a vida de tantas mulheres, em
sua maioria negras e pobres, e que têm representado um dos grupos que mais
sofre com o preconceito e com o machismo.
Maria Stela Maioli Castilho Noll –
Bióloga, Professora na Unesp e participante do coletivo Mulheres na Política.
Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de
São José do Rio Preto.