Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.



 Nascida na capital paulista, desde cedo Sueli se mostrava "desobediente”, o que nos alegra e nos ensina.
Foto por: Aparecida Sueli Carneiro
Nascida na capital paulista, desde cedo Sueli se mostrava "desobediente”, o que nos alegra e nos ensina.

Iluminada e combativa

Por: Juliana Mogrão Moreira
02/11/2023 às 15:17
Artigos

Aparecida Sueli Carneiro não poderia ter nome melhor e mais apropriado para uma mulher que vem construindo uma trajetória inigualável, inquestionável e inspiradora


 

Sueli, que significa luz, vem iluminando e nos presenteando com conteúdos, ensinamentos e acima de tudo uma postura ético política transformadora. É escritora, filósofa, ativista e fundadora do Instituto Geledés.

Sempre  combativa e imponente, não há como pensar a construção do feminismo negro no Brasil sem passar por Sueli. Nascida na capital paulista, desde cedo Sueli se mostrava "desobediente”, o que nos alegra e nos ensina.

Desobediente de um sistema que desde sempre tenta colocar as mulheres negras em local de subserviência, de "base da pirâmide’ social, de desumanização. A  princípio, como revela  em entrevistas e na sua autobiografia  continuo Preta, sua forma de resistência era o embate físico, não tinha nem medo e nem cerimônia ao bater naqueles que a hostilizavam, oprimiam ou que assim fizessem com seus irmãos ou pessoas queridas.

Com o amadurecimento e encontro com outras mulheres como Lelia Gonzales, direcionou sua força de combate para  a construção de narrativas que partissem de sua ótica e vem sendo assim desde então, vem deixando uma trilha para que possamos seguir.

No instituto Geledés que é a primeira formação negra feminista e independente de São Paulo transformou, transforma e constrói espaço de formação, cuidado e possibilidade para que não somente mulheres, mas pessoas pretas construam seu protagonismo de vida.

Seu ativismo nos norteia e nos convida a descolonizar nossos afetos, pensamentos e ações.   Ela os convida a parar  com  a cultura de obedecer, de legitimar e perpetuar  o pacto da branquitude.

Sua postura firme e sempre clara nos autoriza a dizer Não! Nossa estética não será mais embranquecida, pois enquanto povo preto e formador desse mundo, sempre tivemos os nossos paradigmas. Quando traz a cultura preta como centro de suas ideias e atitudes, Sueli nos diz que é preciso que nos olhemos com nossos olhos, que nos pactuemos pois somente no coletivo é que conseguiremos combater o racismo.

No combate ao racismo suas ações são contundentes e de diversas frentes e ordens: produziu conhecimento; instituiu o SOS Racismo; criou o programa de saúde física e mental para mulheres negras; criou o programa Rappers; atuou na política e  acima de  tudo, existe, resiste e impacta com sua existência. Essa, como dizia minha avó: Não veio ao mundo a passeio!!!

Com a ousadia de suas  palavras chama a atenção e no alto de sua grandeza, nos intimida a não pactuar com a criação do colorismo. Segundo Sueli, essa categorização entre  pessoas pretas é uma estratégia, desde o período colonizador, de causar separação e discórdia entre o povo preto. Para ela, a branquitude pode se dar o direito de questionar, mas como sabemos, no alvo da violência  não tem confusão: se é preto, claro ou escuro é chumbo.

Com isso, participou ativamente da construção de algo que usamos até hoje, categorizando negros como pretos e pardos

Sueli é a ancestral que nos presenteia coexistir no mesmo tempo e espaço, mesmo sem contato físico e intimidade, nos deixa um legado e nos convida a um compromisso e desafio, que é do auto amor, auto conhecimento , do auto orgulho, do  protagonismo!


Juliana Mogrão Moreira- Psicóloga, doula, ativista e mãe de duas meninas pretas. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.

Juliana Mogrão Moreira- Psicóloga, doula, ativista e mãe de duas meninas pretas. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.
Foto por: Arquivo Pessoal
Juliana Mogrão Moreira- Psicóloga, doula, ativista e mãe de duas meninas pretas. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra LatinoAmericana e Caribenha de São José do Rio Preto.






Anunciar no Portal DLNews

Seu contato é muito importante para nós! Assim que recebemos seus dados cadastrais entraremos em contato o mais rápido possível!