Garotinha, que mora em Fernandópolis, já confeccionou 80 máscaras de proteção para doar aos profissionais da saúde pública do município
Com apenas 10 anos de idade,
Stephany Oliveira Silva, tem vários talentos: canta, dança, pinta desenhos e,
o mais inusitado de todos, costura roupas de bonecas e peças simples do
vestuário infantil em sua própria máquina de costura.
Preocupada com a proteção dos
médicos e enfermeiros durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a garotinha,
moradora de Fernandópolis (a 116 quilômetros de Rio Preto), já produziu 80
unidades de máscaras caseiras para doar aos profissionais de saúde das Unidades
Básicas de Saúde (UBSs) da cidade.
"Tudo começou quando eu fui levar
ela para tomar vacina. Lá, ela reparou que as enfermeiras estavam com os rostos
machucados por causa dos elásticos das máscaras que elas usavam”, conta Cimara
Oliveira Silva, mãe de Stephany.
A garotinha havia começado a
fazer as máscaras caseiras para vender e juntar dinheiro para comprar um
notebook. A mãe comprava os tecidos e dava para a filha, que confeccionava as
unidades e vendia por R$ 3. Cimara conta que, ao verem a máscara no rosto da
criança, a médica e as enfermeiras do local fizeram encomendas, foi quando a
menina decidiu fazer a doação.
"Nós estávamos voltando para casa
naquele dia e ela perguntou se eu tinha reparado na qualidade das máscaras das
enfermeiras. E ela disse: ‘Mãe, eu não vou vender essas máscaras, eu vou doar
porque elas precisam de proteção bem mais do que a gente’”, relembra com
orgulho.
Desde então, Stephany vem
produzindo diversas unidades para doar a profissionais da saúde de outras
instituições e também para àqueles que não têm condições de pagar pelo
acessório.
"Essas pessoas precisam muito
mais do que a gente, porque elas estão trabalhando e precisam de proteção
contra o vírus. Nós estamos em casa, né. Eu também gosto de ver as pessoas
felizes, se as pessoas estão felizes eu estou feliz também”, disse a garotinha.
Stephany teve o dom de costurar
aflorado aos seis anos de idade, por influência da avó paterna, dona Rosângela.
Enquanto os pais dela trabalhavam, a menina ficava aos cuidados da costureira,
que tratou logo de ensinar a arte da costura para a neta.
"Ela era tão pequenininha e um
dia chegou em casa com uma caixinha, que a avó tinha dado a ela. Dentro da
caixa tinha agulhas, retalhos, linhas e uma tesoura pontuda. Liguei para minha
sogra e dei uma bronca porque aquela tesoura estava com a minha filha. Mas logo
ela disse que queria costurar e fomos dando retalhos a ela. Ela ia pra lá e pra
cá com aquela caixinha e costurava à mão”, relembra Cimara.
O sonho de ter uma máquina de
costura só dela veio aos sete anos, mas só depois de muita insistência que
Stephany ganhou o tão esperado presente. "No aniversário dela deste ano, em
março, eu e meu marido demos a máquina para ela. Quando a pandemia começou, ela
ficava quietinha no quarto dela estudando os tutoriais de como fazer a máscara
caseira no YouTube. Um dia ela saiu do quarto com uma máscara perfeita, nem
acreditamos”, conta.
Aos 29 anos, Cimara se sente
realizada com as atitudes da filha. "Eu me sinto muito feliz e realizada ao ver
que ela é uma criança amorosa, alegre, proativa, que guardou tudo o que eu e
meu marido sempre dissemos pra ela quando ela era pequenininha, que ela tinha
que sempre ajudar as pessoas que mais precisam. E ela é assim, ela se compadece
com todo mundo”, orgulha-se.
Decidida, Stephany já sabe o que
vai ser quando crescer e pretende conciliar a vontade de ajudar o próximo com a
profissão dos seus sonhos. "Eu quero ser estilista e quando ficar famosa quero
construir uma casa de abrigo para moradores de rua e idosos, quero ajudar todos eles. Eu
sinto muito amor e paixão quando eu costuro e desejo para o mundo muito amor,
quero que as pessoas sejam muito felizes”.
(Stephany confeccionando máscaras na máquina de costura que ganhou dos pais de aniversário)
(Sthepany com os pais Cimara e Diego)