Crimes de racismo, injúria racial, intolerância religiosa e semelhantes são registrados com maior frequência nas escolas e local de trabalho
Sete
pessoas que foram eleitas para compor o Conselho Municipal Afro de São José do
Rio Preto estão atuando na Comissão de Combate ao Racismo no município. Em dois
meses de biênio o conselho já atuou em seis denúncias de injúria racial. O
principal foco da comissão é acompanhar as denúncias, garantindo que a
Lei se faça valer para todas as pessoas envolvidas nos casos denunciados.
Racismo em fevereiro
Um
dos casos denunciados aconteceu na última sexta-feira, 23, no turno da tarde,
dentro de uma escola estadual localizada no bairro Jardim Vitória Régia. A
vítima foi uma adolescente de 14 anos que recebeu xingamentos com palavras de
baixo calão associadas à cor de sua pele. O suspeito é um, também adolescente,
que estuda na mesma sala da vítima. O caso está sendo investigado.
No
mesmo dia,no turno da noite, após se envolver em uma discussão iniciada
dentro de uma escola estadual que fica no Residencial Aroeira II, um
adolescente de 13 anos relatou ter sofrido agressão física. Consta no boletim
de ocorrência que o estudante discutiu com o namorado da filha da mulher
denunciada.
A
vítima relatou à polícia que a suspeita o teria chamado de traficante e
proferiu a injúria dizendo "seu preto, macaco, não quero você na porta da minha
casa”.
A
polícia se certificou de que o estudante não portava ilícito algum, ainda
assim, segundo o boletim de ocorrência, no dia seguinte a denunciada procurou
pelo jovem em sua residência, não o encontrando, foi até um campo de futebol
onde ele estava brincando e o enforcou e arranhou. A vítima ficou com
vermelhidão na região do pescoço e marcas de arranhões causadas pelas
agressões.
Antes
disso, no dia 16 de fevereiro, em Rio Preto, a mãe de uma adolescente de 12
anos registrou um boletim de ocorrência que denuncia a injúria racial que não
apenas sua filha sofreu na escola, como, segundo ocorrência policial, ela
própria. O caso aconteceu em uma escola estadual que fica no Solo Sagrado.
Neste
caso, a diretoria da escola informou à mãe da vítima sobre as agressões que a
filha vinha sofrendo. Ao tomar ciência da denúncia interna (dentro da escola),
o padrasto da aluna que cometeu a injúria não gostou e começou a agredir, com
palavras e ameaças, os responsáveis (pai e mãe) pela vítima. Segundo relatou a
mãe da vítima à polícia, o padrasto da outra criança a chamou de "preta com
cara de folgada e cabelo de bombril”. Um vídeo com imagens do crime está sendo
avaliado pela polícia.
No
início do mês, dia 12 de fevereiro, uma auxiliar financeira procurou a
delegacia (5 D.P) para denunciar duas mulheres por injúria. A jovem de 22 anos
alegou que trabalha há seis meses em uma metalúrgica que fica no Jardim
Maracanã e que nos últimos dois meses as duas denunciadas se uniram para
persegui-la no ambiente de trabalho.
A
vítima disse que ouviu por diversas vezes as denunciadas a chamarem de "preta,
burra e suja” e de "pobre e favelada” e que também sofreu intolerância
religiosa por parte de um funcionário da empresa, segundo ela, por causa da sua
fé, o homem a chamava de "macumbeira”, de forma pejorativa.
Como
atuam na mesma sala, a vítima disse que ouviu as duas suspeitas combinarem de
agredi-la por diversas vezes, dizendo "tem que ser na saída do trabalho para
não dá justa causa ou na casa dela”.
Um desafio para o Conselho
Sendo
a principal pauta do Conselho Municipal Afro construir políticas para a
inserção do letramento racial da população rio-pretense, a tendência é o
aumento de denúncias de casos de racismo, injúria racial e intolerância
religiosa.
A presidente do CMA, Claudionora Tobias,
falou sobre o balanço mensal de denúncias.
"Estudos têm demonstrado que o
Letramento Étnico-racial, oriundos, também, da Lei 10.639/03, que trata
desse assunto lá na base, tem feito com que a população Negra descubra a
verdadeira história e cultura Afro-brasileira e africana, e esse conhecimento
acende um alerta para as variações tipificadas no crime de racismo. O
racismo religioso, institucional e estrutural começam a ser percebidos, e isso
reflete diretamente nos aumentos das queixas.
O
conhecimento é chave da mudança e a fiscalização acompanhada de educação é o
grande desafio.
Para
esses tipos de condutas, como da reportagem já existem punição, as leis são
rigorosas contra esse tipo de prática. Denunciem. O Conselho Municipal
Afro-brasileiro está aqui para fiscalizar essas ações”.
Além de Claudionora Tobias fazem parte da Comissão de Combate ao Racismo do
Conselho Municipal Afro: Lucas Souza, Elis Bohrer, Ediana Soares, Altair
Pereira, Sebastião Veloso e Bianca Zaniratto.
Como denunciar crimes de racismo em Rio Preto
Para denunciar crimes de racismo em Rio Preto basta entrar em contato ou
se dirigir aos canais abaixo.
Online ou pelo telefone
SOS Racismo – (17) 32343283 (Telefone e Whatsapp)
Registrando um Boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica: Link
Através do site Safernet : Link
Disque Direitos Humanos: disque
100
Emergência Policial (PM): disque
190
Presencialmente
Procurando uma delegacia de polícia civil mais próxima.