Coronel Fábio Rogério Cândido assumirá o Comando de Policiamento do Interior (CPI-5) no dia 28, em Rio Preto.
Oficial formado na Academia de Polícia de Barro Branco, com doutorado em Ciências Policiais e Segurança e Ordem Pública, o coronel Fábio Rogério Cândido, de 47 anos (sendo 32 de carreira), falou à reportagem do DLNews nesta quarta-feira (19) sobre gestão, reforço e projetos para o policiamento em Rio Preto, desafios no combate à criminalidade e o fácil acesso ao presidente da República Jair Bolsonaro. Veja os principais trechos da entrevista:
Uma das grandes qualidades do senhor é a diplomacia e
facilidade de transitar e dialogar com policiais de diversas patentes. Isso
ajuda na hora de comandar uma tropa tão grande?
Coronel Fábio Rogério Cândido: Sim. Trabalhei por bastante tempo na
Força Tática e conheço a realidade do dia-a-dia dos policiais que atuam nas
ruas. Acredito que essa experiência contribui para dialogar, ouvir e entender
as necessidades dos policiais. Embora seja uma carreira formada pelo Estado,
também acredito que essa proximidade promove um clima mais humano e próximo,
saindo um pouco do padrão institucional.
O senhor está disposto a aumentar a tropa da Polícia
Militar em Rio Preto?
Cândido: Nós gostaríamos, sim, de ter um
efetivo maior, mas não adianta ter muitos policiais sem treinamento e
utilidade. Hoje a tônica é trazer mais recursos humanos para os nossos
policiais. Por exemplo, usar os recursos tecnológicos a favor do policiamento é
uma medida que gera economia e auxilia muito os policiais na prisão de
criminosos e esclarecimentos de crimes. A ideia é maximizar o policial, com
planejamento operacional melhor utilizado, investimento em treinamentos como
defesa pessoal, equipamentos e oferecer recursos para que o cidadão também seja
os nossos olhos. Um exemplo disso é fomentar a parceria da PM com os
comerciantes, fazendo com que as imagens captadas pelo circuito de segurança
dos comércios sejam compartilhadas on-line, diretamente com a Polícia Militar.
Isso dá uma sensação de segurança maior ao cidadão e inibe a ação dos criminosos.
São conhecimentos que absorvi participando de cursos em diversos países, que
busco compartilhar aqui. São medidas que não custam muito ao poder público.
Qual é o maior desafio no combate à criminalidade em Rio
Preto?
Cândido: Depois que o crime aconteceu, mesmo
que a polícia prenda o criminoso, você não devolve o sentimento de segurança
para a vítima. A Polícia Militar é a que mais aparece, ela é fardada, representa
o Estado e é a mais cobrada pela sociedade. Por isso precisamos da colaboração
de outros órgãos da segurança pública também, como a Polícia Civil e Federal.
Realmente a parte opressiva não
pode deixar de existir, mas também sou a favor da prevenção primária, que é a
realização de trabalhos de programas para impedir que pessoas entrem no mundo
do crime.
Aqui (em Rio Preto) implantamos a mediação de
conflitos, que promove um diálogo, evitando crimes futuros, até mesmo homicídios.
Temos o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência),
que aproxima o policial dos estudantes e adolescentes. Outra coisa que queremos
desenvolver a partir de agora na cidade é o projeto "Segunda Força”, onde a
Polícia Militar leva conhecimentos de defesa pessoal para mulheres, com o
objetivo de evitar violência doméstica e familiar, além de base psicológica e
garantir a esta mulher que ela tenha conhecimento sobre todas as medidas que
devem ser tomadas em caso de violência.
Também acreditamos que os
projetos esportivos e musicais, por meio da banda da PM, levam mais cidadania
para a periferia. Aproximar a polícia da comunidade é o futuro, eu vi isso
sendo realizado em outros países.
Por falar em sentimento de segurança e aproximação da PM
com a comunidade, recentemente tivemos um episódio em Rio Preto no qual um
policial militar foi filmado agredindo uma grávida durante uma abordagem. Como
o senhor avalia esta conduta?
Cândido: É um caso que está sendo apurado com
olhos muito clínicos e sou muito rígido com comportamentos não aceitáveis na
corporação. Ressaltamos que este foi um problema pontual e que não pode ser
usado para generalizar o comportamento de toda a Polícia Militar.
É importante entendermos que o
vídeo compartilhado nas redes sociais mostra apenas uma parte da ação e não o
seu início. A região onde o fato aconteceu é considerada de alto índice de
tráfico de drogas e a grávida tem passagem pelo crime. No momento em que ela
decidiu interferir na abordagem do policial, ela se colocou em situação de
risco.
Se a investigação chegar à
conclusão de que o policial extrapolou, ele será severamente punido
criminalmente e profissionalmente.
O Relatório Anual de Prestação de Contas da Polícia do
Estado de São Paulo 2020 mostra que o 9º Baep de Rio Preto está em 8º lugar no
ranking de mortes por intervenção policial. No ano passado tivemos 14 mortes
suspeitas de execução, que estão sendo investigadas. A que o senhor atribui
esta letalidade?
Cândido: No contexto completo ainda não temos
todas as respostas técnicas porque os casos estão sendo investigados. Em apenas
uma ação foram registradas seis mortes - a estatística é ruim, sim, e temos
casos onde policiais militares que extrapolaram em suas ações foram punidos e
condenados.
A ação de confronto parte do delinquente.
O policial militar tem o dever de defender a sociedade e ele mesmo, então, se
ele é solicitado em uma ocorrência e é recebido a tiros por delinquentes, ele
vai usar de recursos para se defender. É importante lembrar que o Baep é
solicitado em ocorrências de gravidade alta, usar de forças letais é o último
recurso do policial, em uma dessas ocorrências os criminosos estavam armados
com fuzil. Então podemos ter uma base, os policiais agiram em legítima
defesa.
O senhor tem relação de amizade com o presidente Jair
Bolsonaro? Qual é a sua relação de proximidade com ele?
Cândido: Não vou te dizer que somos amigos,
mas tenho sim acesso a ele. Lógico que temos pessoas que nos auxiliam nessa
comunicação, mas posso te afirmar que, se eu precisar que ele me ouça, ele vai
me escutar.
Acredito que, quando assumimos um
posto como este e buscamos melhorias na segurança pública da região, temos que
transitar na área política, isso é importante.
Como o senhor avalia o governo Bolsonaro?
Cândido: Na questão da segurança pública, que é o que me interessa, acredito que ele está no caminho certo. O presidente Bolsonaro trouxe a moralidade, a legalidade, a honestidade e a ética policial para a sua gestão, por isso acho que ele está no caminho certo.