(In)tolerância
Por: Amalia Tieco
22/11/2019 às 15:34
Amalia Tieco
"O imbecil tirou de lá, para variar, de novo."
A frase acima partiu da boca de um dos mais famosos apresentadores da TV, no último final de semana, surpreendeu e chocou muitas pessoas e ganhou repercussão na mídia. Ao ver que as notas de participantes de um jogo sumiram do telão, o apresentador não se conteve e xingou o funcionário responsável ao vivo.
A tentação é grande, mas não estou aqui para julgar o apresentador. Mesmo porque eu e, acredito, milhares, milhões de brasileiros tivemos e temos estes arroubos de intolerância.
É da intolerância que quero falar. O infeliz episódio serve sim para chamar nossa atenção para o quanto ela se dissemina em nossa sociedade. Como consequência, não existe mais o cinza, apenas o preto e o branco. Os extremos. Não por acaso, a capa da revista de maior circulação do país destaca vivermos "A Era dos Extremos”, potencializada pela velocidade das redes sociais.
Não pode haver espaço para a pluralidade de ideias, de credos, de gostos e aí vamos matando aos poucos nossa democracia. Esta realidade é ainda mais dolorosa porque vivemos num país intrinsecamente plural, multifacetado, resultado de várias raças, religiões, culturas e povos.
Acredito que a riqueza do Brasil deve-se justamente, em grade parte, à sua diversidade, em que a confluência de ideias e pensamentos diferentes proporciona terreno mais fértil para encontrarmos soluções para vencermos os enormes desafios do nosso país.
E a diversidade de ideias e pensamentos pressupõe tolerância. Onde reside a beleza de nossa Mata Atlântica? Justamente na sua biodiversidade, onde animais e plantas de todas as espécies convivem e resolvem suas diferenças em harmonia. Precisamos aprender mais com os seres chamados por nós de "irracionais”.