Amalia Tieco

A telemedicina só nos faz bem

Nos últimos tempos, o advento da telemedicina tem dominado as discussões envolvendo médicos, demais profissionais da Saúde e pacientes. Paira, sobretudo, o temor de que, a utilização cada vez maior de dispositivos móveis, aplicativos, robôs e inteligência artificial afastem médicos e pacientes e comprometam a qualidade dos atendimentos e serviços.

A meu ver, acontecerá justamente o contrário. Aliás, acontecerá não. Já acontece, pois a telemedicina é realidade há algum tempo. Queiramos ou não, ela é inexorável e traz enormes benefícios para profissionais de Saúde e a população.
As novas tecnologias permitirão, por exemplo, levar atendimento às áreas mais remotas e carentes do Brasil. Imagine a situação. No meio da floresta amazônica, paciente agoniza. O médico, dotado de um aparelho de ultrassom portátil, faz o exame e compartilha por whatsapp ou um aplicativo a imagem para colegas em São Paulo e Londres. para chegarem a um diagnóstico que, por envolver mais opiniões, tende a ser mais exato.
Outra situação. Uma criança precisa ter o intestino operado, pois corre risco de vida. O cirurgião especialista não se encontra no hospital, estando em outro. Ele, no entanto, de onde está, comanda um robô que realiza a cirurgia. Criança salva.
Em pesquisa realizada pela consultoria britânica Cello Health Insight com 1.040 médicos de oito países (Alemanha, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido), 87% dos brasileiros afirmaram que se comunicam com seus pacientes via whatsapp. Nos Estados Unidos, apenas 4% dos médicos aderiram às mensagens de texto e no Reino Unido, 2%.
Significa que estamos errados, e americanos e britânicos, certos. Não. Significa que, neste caso, aderimos mais rápido à nova forma de se comunicar com nossos pacientes.
Os dois exemplos citados acima e esta pesquisa demonstram o quanto a telemedicina e as novas tecnologias que a cercam vão beneficiar, encurtando distâncias entre profissionais e instituições de saúde com a população, enfim, facilitando-lhes o acesso a mais e melhores serviços.
Não haverá fronteiras para pacientes terem acesso ao atendimento médico ou tratamento que precisam nem a médicos para compartilharem e adquirem conhecimento. Já há bom tempo, posso aprender e dividir meu conhecimento com um colega anestesista de qualquer parte do mundo. Torno-me uma médica melhor, para o bem de meus pacientes.
Os malefícios da telemedicina advêm não dela, mas do ser humano por trás dela. Todos nós sabemos. O mal está no ser humano, não na máquina.
É claro que, como toda novidade, inovação, a telemedicina traz consigo a necessidade de legislação e regulamentação, o que cabe aos nossos legisladores e ao Conselho Federal de Medicina. O CFM, inclusive, está elaborando uma resolução que define os critérios para a prática de telemedicina no país.
Novas tecnologias, aliás, já são utilizadas em larga escala no nosso complexo hospitalar Funfarme. Em 2010, realizamos o maior processo de informatização pelo qual uma instituição de saúde do seu porte já realizou no Brasil de uma só vez.
Entre os benefícios da implantação do sistema para os pacientes, estão a informatização das receitas, prontuários, resultados de análises e agendamento por e-mail de exames e consultas pelas Unidades Básicas de Saúde. A informatização permitiu aos gestores terem acesso aos indicadores com mais rapidez e precisão, otimizando o tempo das atividades de assistência médica, ensino e pesquisa.
É evidente para todos nós o quanto o atendimento e serviços dos nossos hospitais melhorou com a informatização.
E assim será com a telemedicina em todo o mundo. Conduzida com ética, responsabilidade e respeito ao paciente, ela só irá contribuir para proporcionar saúde e bem estar a todos nós.