O excesso de chuvas no verão prejudica o amadurecimento das uvas, afetando negativamente a qualidade dos vinhos, notadamente a dos tintos.
Nestas condições,
torna-se interessante alterar a época de
colheita, buscando executá-la quando as condições climáticas são mais favoráveis à maturação.
A
região que vai do centro ao sudeste do Brasil está sujeita à altas precipitações
no verão, que é a época normal de colheita da uva.
A
partir de 2001, buscando-se as regiões com características climáticas mais
adequadas ao desenvolvimento da espécie Vitis
vinifera, o Núcleo Tecnológico EPAMIG Uva e Vinho, coordenou ações
de pesquisa e desenvolvimento, implantando algumas cultivares européias no município de Três Corações, na
região cafeeira do Sul de Minas Gerais.
Em
função das características climáticas desta região, foi testada a produção
extemporânea das videiras, através da técnica da dupla poda, objetivando-se
alterar o período de colheita, para época em que
as condições de colheita fossem mais favoráveis à maturação das uvas.
Dentre
as cultivares implantadas, destacou-se a cultivar Syrah e a Sauvignon Blanc,
que apresentaram boa adaptação à alteração do ciclo da planta. Outras espécies
também estão sendo testadas.
Esta
técnica é chamada Poda Invertida ou Dupla Poda. É ela que permite a produção de
vinhos de qualidade. Porém resulta em custos mais altos de produção, devido ao
intenso manuseio da vinha. Em lugares mais altos, como a serra da Mantiqueira,
muitas vezes ocorrem geadas, sendo necessário fazer fumaça para proteger o
vinhedo. Consequentemente os vinhos acabam ficando com preços mais altos do que
o processo convencional.
Com o objetivo de esclarecer esta técnica e seus resultados, fiz uma entrevista com a enóloga Isabela Peregrino, que participou da pesquisa da Dupla poda na EPAMIG.