A árvore da vida trata-se de um símbolo sagrado que tem como significado a criação, fecundidade e imortalidade, ou seja, remete muito com a figura das árvores, que espalham suas sementes para gerar novas vidas
Queria falar tanta coisa nesta oportunidade de 24 horas, 24 mulheres,
tantos assuntos relacionados, mas o foco somos nós mulheres, nossa vida, nossas
histórias, nossas opiniões, nossas lutas, mulheres que espalham suas sementes para gerar novas vidas, então resolvi escrever sobre mulheres
maravilhosas que conheço profundamente e admiro e em algumas linhas homenagea-las,
sabendo que são únicas, mas sua luta e vida é bem comum a milhares de outras tantas mulheres.
Minha avó morou quase a vida toda no sítio, analfabeta, preta, neta de
escravos, quando mudou para a cidade, por ignorância e desespero pela falta do
básico, caiu na bebida e na vida, deixou seus filhos num orfanato.
Minha mãe se virou sozinha a vida toda, mas criou à unha, 02 filhos,
doméstica, cozinheira, confeiteira, cabeleireira, manicure, costureira, babá,
enfermeira, artesã, aos 80 anos, mora sozinha e pega o ônibus e uber para ir
onde quiser, sem dar satisfação para ninguém.
Eu trabalho há 37 anos, comecei aos 14, estudei direito, nunca
exerci, passei 22 anos em uma empresa – não fui para lugar nenhum, porque
será? – virei jornalista, sim virei, porque é permitido, tirar o MTB sem cursar
faculdade, apenas demonstrando experiência em veículos de comunicação, ahh
então serviu os 22 anos, fui à algum lugar. A vida nos exige
resiliência e assim é a vida principalmente da mulher, provar, provar, se
virar, se adaptar e seguir.
Minhas filhas, tenho duas, elas são a versão melhorada da árvore de
mulheres de fibra que compõe minha existência. Uma formada, outra quase,
enxergam animadas o mundo, apesar da ciência do que enfrentarão na vida como
mulheres, sabem que tem força nos braços para lutar e voz para gritar bem
alto contra a violência que está aí, em cada esquina em cada olhar machista e
de reprovação, sabem que às vezes não é só de homens que vem o preconceito,
desrespeito e atitudes impróprias, tem mulheres que também precisam
entender de empatia e sororidade.
O assunto mulher é muito complexo, tem muitas vertentes e o que é pior,
são tantos que não dá para falar todos aqui, a criação do dia internacional da
mulher celebra
as conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, mas também é um dia
de alerta para lembrar dos graves problemas de gênero que persistem pelo
mundo e no nosso quintal.
Do tempo da minha avó para cá, parece que se
passaram séculos, mas foram poucos anos, apesar de termos muito a conquistar,
por conta desta diferença abissal que existe entre homens e mulheres, na
carreira, no trabalho de casa, no que "pode e o que não pode”, temos muito que
comemorar.
Em minha humilde opinião, a principal conquista é a
nossa voz. Voz de mulher firme, forte, às vezes embargada, mas carregada de
força que até faz tremer e assustar aqueles que querem que tudo fique como
sempre foi, não, hoje nunca será igual ontem, nunca mais será como antes.
Cristina Barufi - bacharel em direito, jornalista e mulher com muito orgulho.