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Professora da UNESP em São José do Rio Preto, membra do Coletivo Mulheres na Politica, Conselheira do Conselho Afro e coordenadora do NUPE - Nucleo Negro de Pesquisa e Extensão da UNESP e do Projeto Mulheres no Plural.
Foto por: Arquivo Pessoal
Professora da UNESP em São José do Rio Preto, membra do Coletivo Mulheres na Politica, Conselheira do Conselho Afro e coordenadora do NUPE - Nucleo Negro de Pesquisa e Extensão da UNESP e do Projeto Mulheres no Plural.

A hora e as mulheres

Por: Monica Abranches Galindo
07/03/2022 às 21:30
Artigos

Esse é nosso jeito de comemorar e simultaneamente lutar no dia 08 de março.


Um texto por hora durante todo o Dia Internacional da Mulher - 24 horas – 24 mulheres. Em uma parceria com o DLNews, junto com os coletivos femininos e feministas da cidade, organizado pelo coletivo Mulheres na Política e com o apoio do projeto Mulheres no Plural da UNESP, estaremos aqui ampliando vozes femininas diversas, através de textos diversos, escrito por mulheres diversas. Esse é nosso jeito de comemorar e simultaneamente lutar no dia 08 de março.  Seria um bom título para este texto inaugural "Mulheres da hora” ou seria melhor "Hora das Mulheres”? Não sei.  Ter durante todo o nosso dia, textos escritos por mulheres representa em alguma medida tanto a presença de mulheres da hora como a possibilidade de estarmos vivendo sob alguns aspectos uma hora das mulheres.

Na gíria dizer que algo é "da hora” significa que é atual, é moderno, contemporâneo, está alinhado com seu tempo. E sim, a lista que se apresenta durante todo esse dia é uma lista que representa mulheres da hora.  Não entenda essa afirmação como arrogante. Somos da hora porque somos mulheres do nosso tempo, todas nós em nossas melhores versões possíveis. Mulheres jovens da hora, mulheres maduras da hora, mulheres negras da hora, mulheres brancas da hora, artistas, estudantes, professoras, empresárias, funcionárias do serviço público e da iniciativa privada, mães, não mães, solteiras, casadas, profissionais liberais, donas de casa, ativistas, voluntárias. E sexualmente falando – não que isso interesse ao grande público, mas entendendo que queremos marcar espaço também nessas questões – há aqui mulheres trans e cis, heterossexuais e homossexuais e certamente aquelas que não querem se enquadrar em nenhuma dessas categorias e não o fazem. Ser da hora é poder ser no ou do seu tempo. Ser uma mulher do nosso tempo não é uma tarefa fácil, mas nós temos lutado para isso e contamos com uma legião de outras que vieram antes de nós, não só construindo nossa identidade, mas principalmente construindo essa hora que vivemos hoje. Jurema Werneck já disse que nossos passos vêm de longe e nesse conjunto de textos vocês lerão vários que fazem referência àquelas que nos antecederam. Se hoje temos podido caminhar um pouco mais, estamos caminhando por estradas que foram pavimentadas com suor, lágrimas e sangue de mulheres que o fizeram antes de nós, para que esta hora pudesse acontecer. Dentre nossos textos falamos também sobre as mulheres jovens que já estão aqui e as que virão. Nesse sentido, nossos passos hoje, de maneiras diversas, também têm colaborado para a construção da hora de amanhã. E que hora é essa? Podemos falar de hora das mulheres?

Falar de hora das mulheres pode dar uma impressão falsa de que já chegamos no lugar que queremos, e isso não é verdade. Nem chegamos ao lugar que queremos e nem chegamos todas ao mesmo lugar hoje. Nos textos seguintes, falamos sobre violência, sobre dor, sobre educação e cada um desses aspectos da vida das mulheres não se manifesta de forma igual para todas nós. Mulheres negras, mulheres trabalhadoras, mulheres desempregadas, mulheres que moram na periferia das cidades, tem vivido suas condições femininas de maneiras muito diversas a depender de suas condições sociais. Dentre outras diferenças, nossos salários ainda não são em média equivalentes para as mesmas funções exercidas por homens, nossa representação em diversos espaços ainda não é equânime, ainda morremos por sermos mulheres.  Falar de hora das mulheres, talvez não seja adequado porque essa hora talvez não exista, ela vai existindo, vai se fazendo, como dizia o poeta, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.  Talvez estejamos fazendo nossas horas através de um processo de apropriação, luta e reorganização constantes da nossa sociedade na busca de condições mais igualitárias para todos, todas e todes.

Diversos como nós, são também nossos textos. E podemos sim, falar de veganismo, família, matemática, artes, política, educação porque também já sabemos que podemos falar de mulheres,  mas podemos e temos condições de falarmos do assunto que desejarmos também.

Agradecemos ao DLNews  a parceria nessa empreitada de  24 horas – 24 mulheres e esperamos que gostem dos textos, escritos por mãos amadoras, mas  corações e mentes envolvidos com a luta por um mundo melhor não somente para as mulheres. 

Monica Abrantes Galindo. Professora da UNESP em São José do Rio Preto, membra do Coletivo Mulheres na Politica, Conselheira do Conselho Afro e coordenadora do NUPE - Nucleo Negro de Pesquisa e Extensão da UNESP e do Projeto Mulheres no Plural.







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