Em Cochabamba, também na quarta, um estudante de 20 anos morreu devido aos protestos, que deixaram ao menos 50 feridos.
A vítima foi Limbert Guzmán, que deu entrada em um hospital com traumatismo craniano grave e morte cerebral, apresentando em seguida parada respiratória.
"Expresso meu profundo pesar pelo falecimento do jovem Limbert Guzmán, vítima inocente da violência promovida por grupos políticos que estimulam o ódio racial entre irmãos bolivianos", tuitou o presidente.
Grupos se enfrentaram na cidade com paus, pedras e rojões, e alguns estudantes utilizaram escudos artesanais para se protegerem.
Sindicatos de camponeses realizaram uma marcha para restabelecer o tráfego em estradas bloqueadas há dias em Cochabamba, e houve confronto com universitários opositores na praça Bush e em outras zonas da cidade.
Desde que os protestos começaram, após a contestada eleição do final de outubro que deu a quarta vitória consecutiva a Evo, mais de 170 pessoas já foram feridas.
Também ocorreram protestos na quarta-feira nas cidades de Santa Cruz (leste), Sucre (sudeste), Tarija (sul) e Potosí (oeste).
Em quase todas esses locais os opositores fecharam repartições públicas e escritórios de empresas estatais, como a Entel (telecomunicações), a YPFB (petroleira) e a BOA (aérea).
Concomitantemente aos protestos, o líder opositor Luis Fernando Camacho voltou a La Paz para desafiar novamente o presidente com a entrega de uma carta de renúncia. Ele já havia tentado, sem sucesso, entregar o documento na segunda (4).
"Tenho a esperança de que vamos conseguir nosso objetivo", declarou Camacho em um vídeo publicado no Facebook duas horas após pousar no aeroporto de El Alto, vizinho a La Paz, procedente de Santa Cruz.
O ministro da Defesa, Javier Zavaleta, disse que Camacho "pode entregar as cartas que quiser" na Casa de Governo, mas não será recebido por Evo.
Camacho, um advogado de 40 anos que tem se destacado como líder opositor e ofuscado o ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), perdedor das eleições, saiu do aeroporto em um veículo protegido pela polícia, mas não seguiu para a Casa de Governo, onde era esperado por dezenas de jornalistas. Ele acabou indo a um local não revelado.
O opositor defende que haja um bloqueio às instituições de governo e nas fronteiras, para paralisar o governo e, assim, forçar a renúncia do mandatário. A oposição diz que a eleição de 20 de outubro teve fraudes.
No pleito realizado em 20 de outubro, Evo foi apontado como vencedor. No entanto, durante a apuração, o sistema de contagem ficou paralisado por 20 horas e, quando foi retomado, trouxe uma mudança de tendência, segundo observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos), responsáveis por uma auditoria dos votos.
O governo diz que a oposição tenta dar um golpe de Estado no país e que não aceita perder no voto popular.
Também chegaram de Santa Cruz para acompanhar Camacho o ex-presidente boliviano Jorge Quiroga (2001-2002) e Gustavo Pedraza, candidato à vice-presidência nas eleições na chapa de Mesa.
Diante do cenário, Evo insinuou que os militares poderiam intervir. "As Forças Armadas sempre têm que garantir a soberania do povo boliviano, à margem do papel constitucional de garantir o território nacional", disse, em uma aparente resposta a Camacho, que pediu ao Exército que fique do lado da oposição nessa crise política.
Os militares se mantém à margem da controvérsia eleitoral.