Pesquisadores informam que situação pode ser ainda mais alarmante. Hoje é impossível aos especialistas dimensionar o quadro com exatidão e a própria extensão da variante Ômicron, pois falta uma base precisa para análise e decisões em saúde devido ao apagão de dados do Ministério da Saúde
O Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19, OOBr COVID-19,
faz alerta sobre a importância da vacinação contra o SARS-CoV-2 entre as
grávidas e aquelas que foram mães recentemente. Pesquisa baseada em
estatísticas oficiais evidencia a relevância da imunização, ao concluir que
gestantes e puérperas hospitalizadas sem qualquer vacinação têm 5,26 vezes mais
chances de ir a óbito do que aquelas que receberam duas doses.
A
situação entre esse grupo específico de mulheres pode ser ainda mais alarmante.
Hoje é impossível aos especialistas dimensionar o quadro com exatidão e a
própria extensão da variante Ômicron, pois faltam dados atualizados para
análise e decisões em saúde em razão do apagão de dados do Ministério da Saúde.
Letalidade
Entre
as gestantes e puérperas sem qualquer imunização contra a Covid-19, a
letalidade, considerando-se exclusivamente os casos graves, é de 14,6%. Por
outro lado, no grupo com pelo menos uma dose, a porcentagem cai para 9,3%.
Em
suma, a possibilidade de óbito de uma gestante ou puérpera com Síndrome
Respiratória Grave (SRAG) por Covid-19 que não recebeu nenhuma dose da vacina é
66% (Odds Ratio = 1,66 com IC95% 1,19 – 2,38) maior do que a daquelas que
receberam pelo menos uma dose.
A
relação muda quando se compara os universos sem nenhuma dose contra Covid-19 e
as gestantes/puérperas com esquema vacinal completo. A letalidade 14,6%, no
grupo zero-imunização cai para 3,2%, nas com suas doses.
Reafirmando,
portanto, a chance de óbito de uma gestante ou puérpera com SRAG por Covid-19
que não recebeu nenhuma dose da vacina é 5,26 vezes maior do que daquelas de
ciclo completo (Odds Ratio = 5,26 com IC 95% 1,63 -16,66).
Dados
Consideramos
os dados de gestantes e puérperas de 10 a 55 anos, internadas com Síndrome
Respiratória Grave (SRAG) por Covid-19 com diagnóstico por teste PCR ou
antígeno, a partir de maio de 2021 (quando iniciada a campanha de vacinação
contra COVID-19 para gestantes e puérperas). São números do SIVEP-Gripe
(https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/bd-srag-2021), atualizados em 13 de
outubro de 2021 - antes do apagao geral.
Dos
casos de gestantes e puérperas internadas com SRAG por COVID-19 (casos graves)
e que têm informação sobre vacinação contra Covid-19, 80,4% não tomaram nenhuma
dose da vacina.
Se ponderamos apenas os episódios do grupo com informação da
data da segunda dose, temos que apenas 4,3% das gestantes e puérperas
internadas com SRAG tomaram as duas doses.