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 Karina Bruna Caldo Rossetti, Psicóloga, mãe, líder do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo SJRP
Foto por: Arquivo pessoal
Karina Bruna Caldo Rossetti, Psicóloga, mãe, líder do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo SJRP

A violência de quem menos se espera

Por: Karina Bruna Caldo Rossetti
08/12/2021 às 18:11
Artigos

Sai ano entra ano e as estatísticas sobre a violência contra a mulher se mantêm e por vezes piora. Os padrões de violência se repetem: maridos, companheiros, namorados figuram como os principais agressores dentro desse cenário.


Pouco se fala da maternidade nessa configuração, das ocorrências de violências acometidas contra as mulheres-mães pelos próprios filhos.

Esse fenômeno mesmo não sendo o de maior destaque em mídias e nem o foco de discussões mais aprofundadas pela literatura e instâncias assistenciais públicas tem ganhado destaque no âmbito jurídico, no qual tem sido concedido com frequência medidas protetivas e a aplicação da Lei Maria da Penha. Magistrados têm entendido que mesmo não sendo uma violência cometida pelo parceiro afetivo, caracteriza-se como violência doméstica, e por isso a Lei tem tido aplicabilidade.

Estão imputadas nessa condição todas as formas de violência descritas na Lei, a violência física, psicológica, sexual, patrimonial, moral.

Numa pesquisa realizada pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAM), do Ministério da Saúde, foi constatado que os números da violência de filhos contra mães é relevante e crescente.             Nesse levantamento entre 2012 a 2014, cerca de 70% das vítimas de violência dos filhos foram direcionadas às mães. A violência que mais incide é a física, mas também está presente a violência moral, psicológica, a negligencia e o abandono. 

Nesses casos as agressões contra as mulheres vêm de onde menos se espera dentro do contexto doméstico familiar, pelo próprio filho. Na maioria das vezes a vítima sofre em silêncio por medo de denunciar o agressor e sofre ainda mais após a denúncia, duplicando a tão famosa e companheira culpa materna. O sofrimento se intensifica pela vergonha em pedir ajuda e pela exposição da situação à família, aos amigos, à comunidade e à polícia, tornando crônica a situação e perpetuando o ciclo de violência, podendo levar ao adoecimento e até mesmo a morte dessa mulher-mãe.

Essa conjuntura contribui para o reforço de um estigma de fracasso na maternidade, principalmente quando essa situação acontece em lares onde a mulher se separou e criou esse filho sozinho, como mãe-solo, muitas vezes para se distanciar de uma relação abusiva e violenta do parceiro. Acontecendo o que essa mulher-mãe mais temia, ser vítima de violência mesmo assim.

Um dos motivos mais frequentes das mulheres-mães serem alvos de agressões tanto físicas, morais e psicológicas é o envolvimento do filho com o mundo das drogas, tanto para o uso como para o tráfico. Uma situação dessa natureza, desestabiliza as relações de afeto, confiança e senso de pertencimento e cuidado, comuns às organizações familiares

Destaco a importância do acesso às informações sobre a Lei Maria da Penha e aos serviços de denúncia e acolhimentos, para a comunidade como um todo.

A agressão contra a mulher, seja quem for essa mulher e pelo motivo que for, é crime e precisa ser  denunciado sempre.



Karina Bruna Caldo Rossetti, Psicóloga, mãe, líder do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo SJRP

21 dias, 21 vozes femininas pelo fim da violência contra a mulher. 







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