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 Juliana Mogrão Moreira, psicóloga, doula, mãe da Luísa e da Maya
Foto por: Arquivo pessoal
Juliana Mogrão Moreira, psicóloga, doula, mãe da Luísa e da Maya

Do patri para o matri.

Por: Juliana Mogrão Moreira
01/12/2021 às 09:36
Artigos

Mais um ano se passa e nos encontramos novamente em um grande movimento de combate a violência contra a mulher.


Vivendo em um contexto no qual as origens são calcadas em violência, invasão e destruição temos como herança valores que reverberam na nossa sociedade, nesse sentido não nos espanta mais que a cada minuto uma mulher sofra violência nas suas diversas formas no Brasil. Esse sentimento de naturalização da violência precisa ser combatido para não nos acostumarmos com esse estado de coisas.

E o que fazer com esse contexto e essa informação? Como mudar esse paradigma de normatização da objetificação, desumanização do corpo, da alma, do desejo feminino?

E quando esse corpo feminino é negro?  Sendo esse corpo negro, ele enfrenta e é transpassado por outro diversos recortes violentos, pois  nas diversas reflexões e  medidas de combate, o recorte racial muitas vezes é negligenciado ou nem sequer é considerado. Em um vídeo, uma palestrante convida a todos os sujeitos não negros a se levantarem, caso queiram ser tratados da mesma forma que um negro é em nossa sociedade. Nenhum se levantou e com isso o silêncio reinou. A conclusão que temos é que ninguém quer ser tratado como um negro, muito menos como uma mulher negra. Se ninguém quer ser tratado assim, por que permitimos que isso ainda aconteça?

E se a gestão, organização e formas de relação fossem matricarcais e matrigestoras? Não me refiro ao matriarcal construído dentro da ótica ocidental, que se limita apenas ao gerar fisiológico. Refiro-me ao matrigestar focado na gestão coletiva, que interage com a natureza, que  legitima as diferenças . Uma gestão que não foca no destruir, dividir, mas sim no somar, no construir, no gerar novas potências de vida. Esse olhar teorizado por Cleonora Hudson tem o nome de mulherismo africano.

Apresento, de forma humilde um convite para que repensemos nosso modo de existência e consequentemente uma revisão dos paradigmas que permeiam nosso social. Precisamos nos libertar desse vício de destruir. Convido cada mulher, em especial cada irmã preta a ser matrigestora de suas vidas, corpos, desejos e alma, pois somos a continuidade dos sonhos daqueles que construíram cada pedaço de chão que pisamos.

Podemos honrar o sonho dos nossos ancestrais através do amor, nos libertemos de honrá-los somente através da dor. 


Juliana Mogrão Moreira, psicóloga, doula, mãe da Luísa e da Maya. Rodeada por mulheres que herdarão o convite a viver bem e melhor, sem violência aliadas as potências da vida.








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