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Engenheiro de Produção - MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV
Foto por: Pablo Dávalos
Engenheiro de Produção - MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV

Doenças Digitalmente Transmissíveis

Por: Pablo Dávalos
13/11/2021 às 16:19
Artigos

Suponhamos que você acorda como faz todas as manhãs, e a primeira tarefa é esticar o braço para pegar seu celular.


Logo depois já está mergulhado em redes sociais, Instagram, Facebook, stories, assistindo, bisbilhotando e cobiçando a vida alheia, maquiada por diversos artifícios de ostentação falsa, sorrisos e instantes de lazer fingidos para tirar a foto perfeita, uma verdadeira cortina de fumaça que esconde principalmente os problemas que todo adulto normal enfrenta. se você se identificou com tudo o descrito até o momento, é bem provável que você esteja contaminado com as doenças digitalmente transmissíveis.

O uso de redes sociais é cada vez mais frequente e ao mesmo tempo fatal para a saúde mental, física e espiritual. É comum bebês se familiarizarem logo em seus primeiros meses de vida com um artefato eletrônico prejudicial chamado celular ou tablet dotado de internet em banda larga, bebês altamente conectados e desligados emocionalmente de suas famílias, pois suas mães preferem entregar logo o celular a verem os seus filhos berrando, fazendo escândalos para acalmar suas euforias com Youtube e vídeos que propagam o lado comercial da coisa, influenciando os pais a comprarem e adquirirem brinquedos, marcas e produtos caros e de pouco aprendizado didático. 

Como isso poderia dar certo? É claro que as mudanças tem acontecido, há 20 anos não era possível fazer um pedido de qualquer tipo de comida pelo Ifood ou solicitar um motorista pelo Uber, admito que a tecnologia oferece toda a praticidade em dias como os de hoje, nos quais tempo é ouro.

Contudo, o uso abusivo de tecnologia tende a robotizar a humanização e leva a depravação de sentimentos e respeito humano, elevando a frieza e a indecência. Vou dar um exemplo: todos concordam que a nova ferramenta de transferência instantânea de dinheiro criada pelo Banco Central, o "Pix” escancarou a luxuria e elevou a prostituição digital a patamares mais altos, os famosos "packs de nudes” são oferecidos no Instagram por "digital influencers” a preços que variam de R$ 100 a R$ 1000. É possível até comprar ou assinar a participação em grupos fechados que são alimentados diariamente por fotos, vídeos e mídias digitais que transgridem os limites de moralidade social e cívica. Enquanto tudo é possível na era digital, seres humanos sofrem com ansiedade, pânico e não conseguem mais desenvolver habilidades características da interação, como por exemplo o bom convívio social.

Como é possível sonhar e exigir felicidade se somos cada vez mais comprometidos com os males causados por doenças digitalmente transmissíveis? É fácil ter a autoconsciência daquilo que nos causa danos: se estamos em um emprego ruim nos demitimos, se estamos em um péssimo casamento nos divorciamos, e quando estamos infelizes com um relacionamento, terminamos. Mas com as redes sociais, embora estejamos cientes que comprometem a nossa privacidade sendo monitorados o tempo inteiro, fazemos a opção de usar e usar e ignoramos a consequência desse uso exagerado em nossas vidas pessoais. Se inveja existe, e eu acredito que sim, imaginem as consequências as quais as pessoas estão sujeitas simplesmente com o fato de expor suas vidas 24 horas por dia na busca incessante por mostrar que estão bem, e são influenciadoras devido a números de "seguidores” fantasmas que possuem, se expõem em uma vitrine armada onde o principal palhaço é o seguidor de pura fantasia.

Quando você opta por usar redes sociais desde o começo do seu dia, ou seja, assim que você acorda, está automaticamente optando pelo fracasso de seus planos e submetendo sua saúde ao vício digital da qual a sociedade atual padece, sendo vítima de doenças digitalmente transmissíveis e deixando de viver. Você deixa de ter tempo para a pratica de exercícios e quando os faz, fica mais preocupado com postar uma foto do que com a execução do exercício.  Você deixa de ter foco e alivia seu stress dando aquela olhadinha no Instagram, ao invés de ganhar tempo você perde e vira um adepto do habito da procrastinação, sua criatividade deixa de existir pois seu cérebro passa mais tempo processando a vida dos outros do que a própria, sua qualidade de sono piora e seu rendimento no seu trabalho é afetado, logo você nunca será promovido para aquela vaga desejada. A pior causa do seu fracasso é você mesmo e o mais fatal: você deixa de aproveitar a vida ao seu redor, deixa que momentos de felicidade plena escapem de suas mãos.

Nem tudo é possível na vida como as redes sociais mostram, a vida em sua verdadeira essência é sofrimento e nosso dever é transformar a dor causada com a dureza da vida, em arte. Não se pode lutar contra o vento, não conseguimos esmagar as montanhas, jamais vamos conseguir ver o homem enterrar o oceano, somos limitados, mas podemos fazer escolhas, e deixar de nos aborrecer com doenças digitalmente transmissíveis. Faça um teste de alguns dias, experimenta. É um bom começo para a busca da felicidade.

 

Pablo Dávalos

Engenheiro de Produção

MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV

Green Belt e Black Belt na metodologia Six Sigma

Gerente Administrativo e Consultor em PCP Planejamento e Controle de Produção







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