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Viaturas saem da delegacia para cumprimento de mandados de busca
Foto por: Polícia Federal
Viaturas saem da delegacia para cumprimento de mandados de busca

PF faz buscas no Quinta do Golfe em operação que investiga hospitais de campanha

Por: Maria Elena Covre, Milton Rodrigues e Joseane Teixeira
21/09/2021 às 08:23
Cidades

Buscas envolvem empresa de Rio Preto que comercializava estrutura de hospitais de campanha. A PF esteve numa casa no condomínio Quinta do Golfe e na empresa de rio-pretense


Operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta terça-feira, 21, envolve empresa de Rio Preto que comercializava estrutura de hospitais de campanha. A PF esteve numa casa no condomínio Quinta do Golfe e na empresa de Marcos Zanovelo. São dois mandados de busca e apreensão. Ele dirige a Zanovelo Eventos e Estruturas.

A Operação Carga Implosiva apura fraude em licitação relacionada à contratação de empresa para montagem de dois hospitais de campanha na cidade de Paulínia durante a pandemia da Covid-19, entre abril e maio de 2020, no valor de R$ 4 milhões.

A investigação, que ocorre em outras regiões do Estado, foi iniciada a partir da abordagem de um caminhão suspeito de conter carga roubada, em 6 de abril de 2020, e revelou uma série de indícios de irregularidades em processo licitatório aberto para selecionar e contratar empresa especializada em montagem de hospitais de campanha.

Apesar da contratação não ter sido finalizada, a investigação demonstrou que isso se deu por circunstâncias alheias à vontade dos envolvidos, resultando configurado o crime de fraude à licitação, previsto no art. 90, da Lei  8.666/93, cuja pena é de 4 anos de prisão.

Nesta terça, 60 policiais federais dão cumprimento a 14 mandados de busca e apreensão – expedidos pela Nona Vara Federal de Campinas – nos estados de São Paulo (cidades de Campinas, Paulínia, Sumaré, Rio Preto e São Paulo) e Santa Catarina (cidades de Florianópolis e Biguaçu), em endereços ligados às pessoas físicas e jurídicas relacionadas à licitação fraudada, com o objetivo de colher provas e identificar todos os envolvidos.

O nome da operação é uma referência à carga encontrada dentro do caminhão – estruturas metálicas para eventos – abordado pela Polícia Civil e Guarda Municipal de Paulínia que revelou os indícios da trama delitiva e a impediu.

O advogado Carlos Marquesi, que representa uma construtora que cedeu espaço para empresa do Zanovelo, na rua Fritz Jacobs, acompanhou o cumprimento do mandado no endereço. Mas afirmou que Zanovelo não tem mais nada lá há anos. "Abrimos as portas para a Polícia Federal, olharam, não há nada dele lá. Nem um móvel, nenhuma mesa, nada”.

Em nota, a empresa Zanovelo Eventos e Estruturas informou que  "não participou da licitação e que não possui vínculo com a prefeitura de Paulínia e se colocou à disposição das autoridades para contribuir com as investigações".

(com assessoria de imprensa da PF)


O que diz a Polícia Federal

Em entrevista coletiva na sede da Delegacia da Polícia Federal de Campinas, o delegado Edson Geraldo de Souza afirmou que duas empresas de Rio Preto supervisionaram e assinaram laudos técnicos para a construção de dois hospitais de campanha na cidade de Paulínia.

As investigações apontam que o então secretário de Obras da cidade abriu processo licitatório em tempo recorde. No dia 2 de abril de 2020 foi realizado contato via e-mail com quatro empresas candidatas, sem nenhum termo de referência ou estudo técnico acerca da estrutura desejada pela prefeitura. No dia seguinte as empresas já responderam com os valores e, no dia 6, a Secretaria de Obras contratou uma delas pelo valor de R$ 4 milhões.

De acordo com Souza, a empresa de Rio Preto tem ligação com servidores de Paulínia e prestava serviços para a empresa que venceu a licitação.

Dois indícios apontam para a possibilidade de licitação de fachada. Um é que no mesmo dia em que foi informada sobre a escolha, o caminhão da empresa vencedora chegou à Paulínia com a estrutura a ser montada. A sede dela fica a 800 km da cidade. O outro é que a empresa reservou estadia para seus funcionários em um hotel de Paulínia do dia 3, ou seja, antes de ser informada sobre o resultado da concorrência.

A Polícia Federal já sabe que entre as quatro candidatas, três têm relações entre si.

"Os mandados cumpridos nesta terça-feira têm como objetivo identificar quem são as pessoas físicas e jurídicas, privadas e públicas, que participaram dessa fraude”, disse o delegado.

Os agentes apreenderam documentos e dispositivos eletrônicos que serão periciados.

Outro escândalo revelado pela investigação é que, na ocasião da negociação, Paulínia registrava apenas 30 casos de pacientes com Covid-19, sendo os leitos disponíveis suficientes para atender a demanda.

"O secretário de Saúde se manifestou contra a construção. Mas houve um esforço enorme do secretário de Obras para que empresas ligadas a ele fossem contratadas. São empresas especializadas em eventos, sem conhecimento nenhum na área da saúde”, explicou.

O prefeito e o secretário de Saúde não são investigados porque não foram identificados indícios de participação deles no esquema.

O valor da licitação já estava empenhado, mas foi bloqueado após os indícios de irregularidades.

"Embora não tenha havido prejuízo aos cofres públicos, está caracterizado o crime de fraude à licitação”, explicou o delegado.

O então secretário de obras foi exonerado em novembro do ano passado, após ser abordado com R$ 51 mil no carro.

Ele e os alvos dos mandados poderão ser enquadrados ainda por corrupção passiva, ativa e falsidade ideológica. 







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