Com exceção de dois pequenos chuvisqueiros verificados na zona leste, há cerca de dez dias, Rio Preto está completando 90 dias sem chuvas. A última precipitação ocorreu no dia 10 de junho, com apenas 8,0 mm, ou seja, 8 litros de água por metro quadrado. De janeiro a junho de 2021, o volume acumulado de chuvas foi de apenas 442 mm, de acordo com levantamento do engenheiro José Mário Ferreira de Andrade.
Em meio a esse tempo seco e falta de chuvas, a quarta-feira foi de incêndios em Rio Preto e em várias cidades da região. A área do antigo IPA voltou a pegar fogo, dando muito trabalho ao Corpo de Bombeiros durante toda a tarde e início da noite. (Veja vídeo abaixo).
Segundo José Mário Andrade, comparativamente ao mesmo período de 2020 (747 mm), houve uma redução de 41% nas chuvas. "De uma forma geral nos últimos três anos as chuvas têm se mantido, em média, 51% abaixo da média histórica dos últimos 11 anos (1.200 mm)." Andrade afirma que "há 50% de chance de que ocorram chuvas nesta quinta e na sexta, com até 0,5 mm e 1,3 mm, respectivamente."
Nesta quarta, no bairro Eldorado, as temperaturas variaram entre a mínima de 22,2ºC e a máxima foi de 38,7ºC. No 7 de Setembro, a temperatura máxima atingiu 39,6°C, a mais elevada do ano. No aeroporto Eribelto Manoel Reino a umidade relativa do ar mínima chegou a 11%, bem abaixo dos 60% considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde.
Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, detectaram ao longo do dia 19 focos de incêndios na região. Mas Andrade ressalta que "esses focos são apenas aqueles com uma linha de fogo de no mínimo 30,0 m. Assim podem ter ocorrido muitos mais incêndios no dia".
Esses focos de incêndios ocorrem nos canaviais, palhadas da cana após a colheita, pastagens e áreas de preservação permanente (vegetação nativa). A queima desses resíduos secos provoca intensas emissões de material particulado, cinzas e fuligens que deterioram a qualidade do ar que respiramos.
Além da poluição do ar por material particulado, as temperaturas elevadas e a intensa luminosidade favorecem o aumento das concentrações de ozônio no ar. "O Ozônio é um poluente secundário, é formado na atmosfera a partir de reações químicas complexas entre os óxidos de nitrogênio das queimadas e os Compostos Orgânicos Voláteis – COV(s) que são vapores de gasolina, diesel, etanol, querosene e outros combustíveis", diz o especialista. O ozônio é um gás azulado, um forte oxidante, extremamente irritante do sistema respiratório.
Conforme os dados disponíveis nas estações de monitoramento do ar, a partir das 15 horas desta quarta as concentrações de ozônio permaneceram no limiar do Valor Guia recomendado pela Organização Mundial da Saúde de 100 microgramas de Ozônio/m³ de ar (média de oito horas).
Nesse quando de severidade meteorológica, falta generalizada de chuvas, baixos níveis dos reservatórios, córregos e nascentes, as autoridades recomendam à população - diz o especialista - usar responsavelmente a água, fazer uma reidratação intensiva tomando muita água, umedecendo os cílios nasais e oculares, evitar a realização de esforços físicos pesados ao ar livre, não praticar queimadas em hipótese nenhuma e usar máscaras.
Andrade finaliza lembrando que "estamos na pandemia da Covid-19, doença de natureza respiratória, e a poluição do ar é um fator que agrava, exacerba os problemas respiratórios de 2 milhões de pessoas que residem no Noroeste Paulista."