Vereadores aliados do governo dominaram a composição das comissões parlamentares de inquérito que vão apurar supostas irregularidades em setores da Prefeitura de Rio Preto. São duas as CPIs instaladas no Legislativo para investigar o governo do prefeito Edinho Araújo: uma para apurar a prestação de serviço de transporte coletivo e outra para investigar empresas terceirizadas contratadas pelo município.
Apesar de ambas as comissões terem partido de vereadores da oposição, os governistas vão dominar e conduzir as investigações, após sorteio realizado na tarde desta quinta-feira no plenário da Câmara, conforme prevê o regimento interno. Apenas os vereadores autores dos requerimentos têm participação garantida nas investigações, como presidentes.
No caso da CPI do Transporte, proposta por Robson Ricci (Republicanos), vão integrar o grupo Francisco Júnior (DEM), que será relator, e Júlio Donizete (PSD) como membro, além de Cláudia De Giuli (MDB) como suplente. Essa comissão pretende apurar irregularidades na prestação de serviço de transporte, como superlotação em tempos de Covid-19, além de acompanhar o processo de renovação do contrato para prestação do serviço, que vence em novembro. A Prefeitura admite que, em vez de abrir nova licitação, pode renovar o atual contrato por até 10 anos, o que já foi alvo de crítica dos parlamentares.
A outra CPI instalada vai apurar contratos de empresas terceirizadas contratadas pelo município, inclusive denúncias de inadimplência no pagamento de direitos trabalhistas. O autor, João Paulo Rillo (Psol), será o presidente, e terá Rossini Diniz (PL) como relator e Anderson Branco (PL) como membro. Nesta CPI, como Rillo está licenciado, quem vai iniciar os trabalhos como presidente é o suplente Elso Drigo (Psol).
A manobra dos governistas de participar das CPIs foi alvo de crítica dos opositores, que inicialmente se recusavam a assinar os requerimentos de instalação das comissões. Após conquistarem as assinaturas necessárias, os governistas também assinaram os requerimentos, para poderem participar da composição dos colegiados, que tem 90 dias para concluir os trabalhos. Para instalação de CPIs na Câmara de Rio Preto são necessárias assinaturas de seis vereadores.
"Independentemente de quem compõe a CPI, não haverá espaço para posturas vacilantes em relação a crimes cometidos por empresas terceirizadas contra trabalhadores. A CPI foi criada para investigar e não para esconder a sujeira sob o tapete", disse Rillo, que antes do sorteio criticou a adesão de governistas após a criação das CPIs.