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CRÍTICA: ‘Cidade Invisível’ retrata folclore brasileiro de forma única

Por: Miguel Flauzino
12/02/2021 às 10:22
Cultura e Diversão

Seriado da Netflix traz clássicas lendas brasileiras de um modo diferente e interessante


Lembro-me de, quando criança, ter escutado inúmeras histórias do folclore brasileiro. Adorava desenhar e mergulhar nas narrativas do Saci Pererê, Curupira, Cuca, entre outros. ‘Cidade Invisível’ reforça a importância da sétima arte para a sociedade, já que, através deste trabalho bem executado, inúmeras pessoas estarão relendo e relembrando questões sobre o nosso folclore. E que notícia boa.

De certo modo, o brasileiro possui uma barreira psicológica já pré-definida quando indicamos ou falamos de uma produção nossa. Pelo fato de sermos bombardeados diariamente pela cultura americana, criamos em nossas mentes um padrão narrativo e cinematográfico que está longe da nossa realidade. Por este motivo, acho a proposta de ‘Cidade Invisível’ algo brilhante, já que é, de fato, algo inteiramente nosso; e isto enriquece nossa cultura.

Não digo apenas que a ideia de trazer nossas clássicas lendas foi boa, como a execução entregou algo extremamente competente e intrigante. Dentre os sete episódios, o ritmo guia bem o espectador, evitando o cansaço temporário. O roteiro entrega uma história coerente em seus motivos, apesar de possuir inúmeros – e inúmeros mesmo – escapes sem razão alguma. Todavia, estes escapes são escolhas simples, que de fato não comprometem o resultado final, mas que indicam certa preguiça.

Algo absolutamente brilhante são as trilhas sonoras. Confesso que não pulei nenhuma abertura para poder escutar novamente a música tema. O elogio não cai apenas no apoio que ela oferece para o contexto em cena, mas para a ideia sensacional implantada. É uma construção feita a partir de instrumentos que remetem cada elemento do seriado. Um toque brasileiro, com uma pitada de estranheza, mais um tiquinho de espiritualidade que, em seu resultado final, me fez procurar loucamente cada música no YouTube.

Do mesmo modo, existem momentos em que a direção de fotografia nos entrega quadros belíssimos. Como o vermelho dominante no bar da Inês ou até mesmo os enquadramentos "tortos” que aumentam a sensação de estranheza no espectador. E só uma observação que chega a ser quase cômica que é: é fascinante como brasileiro gosta de colocar câmera subjetiva em momentos de tensão. Por mais que esta sirva como objeto linguístico, vezes soa como falta de repertório – câmera subjetiva é aquela câmera "tremida”.

O design de produção também deve ser elogiado e lembrado, já que fez um trabalho incrível. Os figurinos conseguem deixar sucintas mensagens sobre a verdadeira natureza dos personagens. Como por exemplo o capuz do Saci, as roupas de Camila, Tutu e Inês, o disfarce do Curupira, o chapéu do Manaus, entre outros. Além disso, há algumas cenografias que se encaixaram perfeitamente - refiro-me ao bar da Inês, a pequena Vila Toró e até mesmo a casa simples com direito a bebedouro de barro do Eric.

De fato, ‘Cidade Invisível’ não se torna uma produção gigantesca na qual podemos chamar de nosso blockbuster, mas digo com toda certeza que se torna um produto no qual podemos nos orgulhar.

Ah, se alguém achar as trilhas sonoras, me mande urgentemente. Já disse são brilhantes, né?

Nota: 4/5 (Ótimo) 



Miguel Flauzino é estudante de jornalismo, criador e diretor do estúdio Verona e apaixonado pela Sétima Arte
Foto por: Reprodução
Miguel Flauzino é estudante de jornalismo, criador e diretor do estúdio Verona e apaixonado pela Sétima Arte








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