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Edinho Araújo durante entrevista ao DLNews
Foto por: Reprodução
Edinho Araújo durante entrevista ao DLNews

Para Edinho, falta de coordenação de Bolsonaro na pandemia prejudicou o país

Por: Fabrício Carareto, Heitor Mazzoco, Maria Elena Covre e Bruna Yamasaki
31/12/2020 às 08:31
Política

Prefeito reeleito de Rio Preto afirma que outros chefes de estado "tiveram um comando mais efetivo” no combate à Covid


O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), criticou a maneira como o presidente Jair Bolsonaro conduziu a pandemia no país.

Em entrevista exclusiva ao DLNews, o prefeito reeleito que toma posse novamente no dia 1º de janeiro afirmou que outros países tiveram "um comando muito mais efetivo” no combate ao coronavírus. "Não houve essa unidade de comando, de coordenação. Se tivéssemos tido uma coordenação mais uniforme, acho que poderíamos ter um resultado diferente”, disse Edinho.

Ele concedeu entrevista à equipe do portal no último dia 29 e falou ainda sobre a eleição da presidência da Câmara, que ocorrerá no dia 1º de janeiro, e sobre o fato de Rio Preto aparecer como a terceira cidade com mais casos de Covid no Estado de São Paulo.

Pela quarta vez no cargo de prefeito de Rio Preto, Edinho disse que está entusiasmado para "fazer o melhor governo da minha vida”. Também disse não ver responsabilidade do município na morte da dona Madalena Aparecida Paniça Lauretto, de 83 anos, que morreu após ficar sem receber medicamento contra o câncer, apesar de decisão da Justiça obrigar a Prefeitura a dar o medicamento.

Edinho afirmou que vai tomar a vacina contra a Covid, "mas sem sensacionalismo", e classificou os protestos ocorridos no gabinete por conta da pandemia como um dos momentos mais difíceis da vida pública.

O prefeito definiu ainda, em uma palavra, o que ele acha de Bolsonaro, do governador João Doria (PSDB) e de si mesmo. Confira em seguida os melhores trechos da entrevista abaixo e também no vídeo abaixo:

DLNews: O que o senhor não conseguiu fazer neste ano por conta da Covid?
Edinho Araújo: Implantar, instalar, botar para funcionar o Instituo Federal. Tendo em vista a pandemia, prédio pronto, a Prefeitura fez a sua parte, o Ministério da Educação e a própria reitoria do Instituto Federal de São Paulo também fizeram. No entanto, com a proibição e a impossibilidade de contratar RH, professores e demais técnicos, não conseguimos viabilizar um prédio que está pronto, reformado, adequado, com todo o equipamento que foi comprado, com computadores, mesas, arquivos e tudo mais. Com recursos de uma emenda parlamentar que nós colocamos para o orçamento de 2017 e, no entanto, a pandemia impediu que isso pudesse ocorrer e eu lamento profundamente.

DLNews: Muito se falou em enxugamento da máquina pública em ano com sinais de crise. O senhor vai ocupar os mais de 200 cargos de livre nomeação que tem à disposição?
Edinho: A Prefeitura de Rio Preto é uma das prefeituras que talvez tenha um dos menores números de comissionados. Ela é obrigada, a prefeitura, a colocar 8% de comissionados que já sejam efetivos. No entanto nós já temos mais de 30% de comissionados que são funcionários públicos concursados. A economia vai se dar como sempre eu exigi: fazer mais com menos para que nós possamos equilibrar as contas como eu faço há 17 anos. Todas as vezes que ocupei cargos executivos, com mandato de prefeito, eu sempre fechei o ano no azul e não será diferente agora. Mas quero reconhecer que 2021 é um ano atípico, onde não teremos o auxílio emergencial, o desemprego de 14 milhões de brasileiros. Rio Preto tem uma economia diversificada e para tanto nós estamos já com o comitê de combate ao desemprego em atividade, tendo o professor Orlando Bolçone à frente, envolvendo toda a comunidade para que a gente possa ter criatividade necessária e integrada com o governo estadual e federal, e todas as outras instituições, para que nós possamos sair dessa crise epidemiológica e financeira.

DLNews: O comitê, inclusive, sugeriu a redução de impostos. O senhor vai fazer isso?
Edinho:
Eu vou analisar com profundidade e com toda tranquilidade. Neste mandato que se encerra nós tivemos a diminuição de diversos impostos, ISS de algumas áreas. Isso nós temos procurado fazer, evitando essa guerra fiscal que existe para que Rio Preto não sofra as consequências. Então eu vou analisar com muito cuidado.

DLNews: O senhor deu uma secretaria esvaziada para o vice Orlando Bolçone ao tirar o Desenvolvimento Urbano do Planejamento e passar para Obras. Isso provocou algum estresse com o vice do senhor?
Edinho:
Houve um entendimento, um diálogo de alto nível. O professor Bolçone está muito focado na questão do Parque Tecnológico, na sua implantação que está avançando muito. O Bolçone é um dos idealizadores do Parque Tecnológico desde os meus primeiros mandatos e, num entendimento com o secretário Israel (Cestari, secretário de Obras), houve esse desdobramento. Mas o governo vai estar mais integrado do que nunca, essa é uma prioridade. As secretarias sociais, de cultura, esporte, educação, assistência social, saúde, trabalho, quero todas elas muito integradas com a secretaria de infraestrutura. Nós vamos sempre trabalhar muito a integração de todas as secretarias porque agora, como não sou candidato à reeleição, toda proposta é proposta de governo para 10 anos ou mais. É para nós fixarmos políticas públicas que perpassem governos, que não tenham vínculos com A ou com B. Eu quero é que nós tenhamos políticas públicas que sejam aceitas, incorporadas e assumidas pela sociedade.

DLNews: Sua candidatura neste ano teve apoio dos deputados estaduais e federais da região. O senhor já tem algum compromisso firmado para 2022?
Edinho:
Não, isso não está colocado na mesa. Eu estou muito focado na composição do novo governo e em estabelecer essas prioridades. Eu compreendo a preocupação dos políticos em terem outras eleições à frente, mas eu particularmente não tenho compromisso, ouvirei quem quiser falar comigo, mas meu compromisso é fazer o maior governo que eu já fiz e fazer ainda melhor do que foi esse governo que se encerra. Não passa pela minha cabeça eleições futuras, agora é organizar, enfrentar a pandemia com um governo unido, sem prefeiturinha, governo transparente, ético, falando com a sociedade e eu estou mais entusiasmado do que nunca para fazer o melhor governo da minha vida.

DLNews: Edinho Filho será candidato a deputado em 2022?
Edinho:
Eu não estou pensando em eleição, mas não posso impedir que os agentes políticos pensem. Da minha parte não terá minha preocupação, isso significa dizer que não vou dedicar meu tempo a isso, a minha prioridade é governar porque eu sei quantos problemas surgem por dia e como eu tenho que trazer esse time sintonizado, harmônico e com muita economia.

DLNews: Sobre a Câmara, como será sua relação com o Republicanos? Vai conversar com o partido para trazê-lo para a base do governo?
Edinho:
Eu tenho uma ótima relação com o deputado e presidente do Republicanos, Marcos Pereira. É claro que acompanho, o pessoal me traz informações, mas esse assunto é do poder legislativo. Eu aproveito para agradecer o quanto o deputado Marcos Pereira tem ajudado São José do Rio Preto e ele vai continuar ajudando porque ele tem responsabilidade aqui, foi um dos deputados mais votados. Eu tenho comigo que política é diálogo, campanha e palanque desmontados no dia 15 de novembro. Tudo o que for para debater a cidade, ideias e propostas, eu estou disposto a sentar com qualquer agente político e creditar a todos os parlamentares, que são muitos, Geninho (Zuliani), (Luiz Carlos) Motta, Carlão (Pigantari), Itamar (Borges), Fausto Pinato, Sinval Malheiros, Baleia Rossi... nós temos muitos e temos o privilégio de ter o vice-governador (Rodrigo Garcia), que é de são José do Rio Preto, que tudo indica que assumirá o governo em 2022.

DLNews: Paulo Pauléra, Pedro Roberto ou Jean Charles na Presidência da Câmara? Qual nome o deixaria mais confortável?
Edinho:
São três nomes respeitáveis, dois deles com experiência já à frente do Legislativo e com quem eu convivi. O Pedro Roberto também pega a base que nos deu a reeleição no primeiro turno. Então eu acompanho... acredito que, dos três, nós teremos uma convergência. Se houver convergência tanto melhor. Senão não há o que o voto não decida.

DLNews: Rio Preto é a terceira cidade do Estado com mais casos de Covid, perdendo apenas de metrópoles como São Paulo e Campinas. A justificativa é que aqui se testa mais. Por outro lado, é a segunda de 645 municípios paulistas com maior índice de mortes por 100 mil habitantes, apenas atrás de Santos. E aí não é só questão de testagem. O senhor não considera que há algo errado no município?
Edinho:
Eu acho que o secretário (de Saúde, Aldenis Borim) respondeu. É a resposta que ele me dá. A testagem, a transparência nos números, tudo sendo colocado à disposição da imprensa, à disposição de vocês, esse é um dado que tem que ser levado em conta. Ele diz que, na medida que você testa na proporção que nós testamos, você fica sabendo que não há nenhuma morte que sendo Covid não seja catalogada, o que não ocorre em outros lugares. Então eu me louvo de uma equipe técnica de altíssimo nível e que tem conduzido esse trabalho. Muitas vezes outros municípios vêm buscar aqui uma orientação, um aconselhamento.
Eu quero dizer que Rio Preto segue à risca o protocolo e testa como poucos municípios e temos a questão de ser uma cidade com alta expectativa de vida também. Então são respostas que eu tenho do comitê e eu me louvo, porque nenhum paciente deixou de ser assistido tendo sido vítima da Covid.

DLNews: Ainda sobre mortes pela covid, no início de dezembro nós fizemos um levantamento e Rio Preto já tinha registrado 805 mortes, mais que metrópoles mundiais como Berlim e Tóquio - 618 e 477. Será que não há algo que poderia ser feito no município? A política de saúde está correta?
Edinho:
Cada país tem a sua característica. Rio Preto é uma cidade polo, uma cidade que recebe visitação. Como que se pega Covid? Através do contágio. Contágio é aglomeração, aglomeração é de pessoas diferentes que se veem. Rio Preto é referência na saúde, no comércio, na educação, então é uma cidade que tem características muito próprias, portanto é difícil fazer esse tipo de comparação. O que nós temos? Um grande centro médico, tanto no privado quanto no público, não faltou leito de Covid, de enfermaria, e ninguém foi desassistido, esse é um dado.

DLNews: Como o senhor classifica o trabalho do governo Jair Bolsonaro na pandemia?
Edinho:
Eu acho que os chefes de estado de outros países tiveram um comando muito mais efetivo. Eu acho que se tivesse havido uma linhagem, uma determinação coesa do presidente, governadores e prefeitos, isso diminuiria na base. Por que onde estão as pessoas? Nos municípios. É claro que muita gente já tende a ter uma discordância, discordância contra a vacina, discordância quanto a gravidade do vírus, então isso realmente ocorreu, não houve essa unidade de comando, de coordenação. Se tivéssemos tido uma coordenação mais uniforme, acho que poderíamos ter um resultado diferente. Agora, também quero dizer que muitas vezes o presidente falou uma coisa, mas o Ministério da Educação e a Anvisa agiram de forma diferente, em sintonia com as secretarias de saúde dos estados e municípios. Então houve muito mais uma discussão política, mas muito mais ainda uma sintonia das equipes técnicas do ministério e das secretarias estaduais.

DLNews: E como o senhor classifica, neste aspecto, o governo João Doria?
Edinho:
O governador João Doria tomou medidas com base no comitê gestor de combate à Covid, um comitê de altíssimo nível. O que ele teve foi uma exposição muito grande dessas decisões, mas as decisões não foram dele, foram decisões técnicas.

DLNews: Já foi definido como será a logística da vacinação contra a Covid em Rio Preto?
Edinho:
Nós estamos na expectativa de que essa vacina seja feita dentro de uma logística que tenha sustentação, priorizando aqueles segmentos que já estão pré-estabelecidos. Estou posicionando Rio Preto e espero que estejamos na primeira hora que essa vacina for distribuída. Questão de um dia, dois dias, mas o importante é que Rio Preto, tenho falado com o secretário, e estamos posicionados e prontos para receber a vacina e aplicá-las imediatamente.
Vocês se recordam quando fizemos a vacinação do H1N1, utilizamos um esquema espetacular que depois toda a região até seguiu a nossa forma, nossa logística. A Secretaria de Saúde, o comitê, vigilância sanitária, nós estamos preparados para tão logo que se dê essa largada, Rio Preto vai se conduzir de forma tranquila e vamos atingir o mais rapidamente possível as pessoas que são prioridades na vacinação.

DLNews: O senhor vai tomar a vacina contra a Covid?
Edinho:
Eu tomaria a vacina sem nenhum sensacionalismo, eu tomaria a vacina tão logo o meu grupo seja escalado para tomar. Quero obedecer rigorosamente ao critério, sem sensacionalismo.

DLNews: Prefeito, em março deste ano a dona Madalena Aparecida Paniça Lauretto, de 83 anos, morreu de câncer após ficar 4 meses aguardando medicamento do município, sendo que já havia decisão da Justiça neste sentido. Não houve negligência por parte do município?
Edinho:
Primeiramente eu lamento o falecimento da dona Madalena. Em segundo, a orientação do meu governo é que a decisão judicial se cumpra. Agora temos as formalidades que foram observadas. O secretário e toda a minha equipe da saúde têm a responsabilidade de atender e priorizar essas questões. Portanto esse é um assunto que vai ser devidamente esclarecido e não houve nenhuma responsabilidade.

Eu, tão logo tomei conhecimento através do seu jornal, acionei o secretário (de Saúde, Aldenis Borim) e ele acionou, depois o procurador (Adilson Vedroni). Todos eles me informaram naquela noite justificando o ato, e que não havia nenhum dolo, nenhuma culpa por parte da Prefeitura. Eu me preocupo muito, para mim a vida humana é prioridade.

DLNews: Em algum momento dos seus mais de 40 anos de vida pública o senhor foi tão criticado como neste ano de pandemia? Com protestos na porta da Prefeitura, no gabinete e buzinaços criticando suas medidas?
Edinho:
Eu me recordo, nos anos 80, enquanto deputado estadual, você tinha as greves dos professores. No governo (Franco) Montoro, depois no (Orestes) Quércia. Então você tinha os sindicatos, eram muito ativos. Aquele era um momento de conflagração. Agora nós tivemos os segmentos que se sentiram prejudicados pela pandemia. Então você teve, de um lado, aqueles que achavam que você tinha que ser mais severo, mais rigoroso que o plano estabelecido pelo Estado. E aqueles que entendiam que você tinha que flexibilizar.

Na minha vida pública sempre o emprego, o trabalho foi uma questão recorrente. Aí recepcionando alguns segmentos, alguém chega, diante do microfone, na sua frente, ajoelha e fala: "Prefeito, pelo amor de Deus, me deixa trabalhar”. Isso foi uma coisa que me marcou muito, me tocou profundamente, as pessoas querendo trabalhar. Ali eu vi o ponto de total conflito entre a vida e o trabalho, a vida e a economia. Para as duas coisas nós temos que buscar soluções para que elas possam caminhar. Mas há o momento que as medidas restritivas impedem o trabalho e as pessoas que vivem precisam do emprego, precisam botar comida na mesa. Então não é fácil você decidir numa situação dessa. Eu considerei aquele momento um dos momentos mais difíceis da minha vida.

DLNews: Sempre que questionado sobre o retorno às aulas, o senhor fala que vai ouvir pais, que são, em sua grande maioria, leigos. O momento não exige uma decisão técnica que seja levada a cabo pelo líder eleito, no caso o senhor?
Edinho:
Nós estamos montando um novo gabinete na Educação, a partir da secretária (Fabiana Zanquetta) e das pessoas que estão diretamente ligadas, como setor pedagógico, merenda, transporte, direção. Então nós vamos mudar essa gestão, no sentido de, em sintonia com esse comitê que estamos formando, procurar ter a visão mais ampla e procurar acertar na decisão, tendo em vista no que estamos vendo na Europa, nos EUA e aqui em São Paulo. Então essa discussão vai se travar. A pesquisa eu considero importante, mas não é o único elemento que você deve levar em conta, mas sim o conjunto, especialmente a capacidade, a condição social, se tem tablet, se tem os meios para uma educação à distância... então tudo isso vai ser observado por esse comitê e essa nova gestão da Secretaria da Educação.

DLNews: Defina em uma palavra Jair Bolsonaro.
Edinho:
Jair Bolsonaro? Líder.

DLNews: João Doria.
Edinho:
Gestor.

DLNews: E Edinho Araújo?
Edinho:
Democrata.









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