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Desempenho de Boulos faz PSDB acender alerta sobre abstenção e o vice

Por: FOLHAPRESS - IGOR GIELOW
25/11/2020 às 13:30
Brasil e Mundo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O desempenho do candidato Guilherme Boulos (PSOL) na reta final da campanha paulistana gerou preocupação no PSDB do prefeito Bruno Co...


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O desempenho do candidato Guilherme Boulos (PSOL) na reta final da campanha paulistana gerou preocupação no PSDB do prefeito Bruno Covas em duas frentes.
Primeiro, a abstenção, que afetou mais o tucano no primeiro turno. Segundo, o crescente foco na situação de seu vice, Ricardo Nunes (MDB).
Como mostrou o Datafolha, Boulos passou de 35% para 40% quando o critério é o de votos totais, o que permite ver de onde eles vieram: de quem ia votar em branco, nulo ou estava indeciso.
No critério que vale no dia da eleição e dá a medida da distância entre os candidatos, o de votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, o psolista oscilou positivamente para 45%, reduzindo a distância a dez pontos a menos do que Covas.
Apesar de ter oscilado negativamente nos válidos (de 58% para 55% em relação à semana passada), o tucano permaneceu estável com 48% totais.
Segundo a reportagem ouviu de estrategistas da campanha, lideranças tucanas e analistas eleitorais, a situação é de alerta, mas não de pânico, já que Boulos não roubou votos que já eram de Covas.
Ainda há um cesto de 9 pontos de branco/nulo e 3 pontos de indecisos, na contagem total. É improvável que o psolista pegue todos para si.
Aí surgem os complicadores. No primeiro turno, a abstenção foi alta, 29,3%, por fatores que vão do desinteresse à pandemia, passando pela facilidade de justificar ausência na urna via aplicativo.
Covas viu os distritos em que tinha melhor intenção de voto (com moradores mais pobres e menos escolarizados) registrar abstenções na casa dos 40%. Além disso, o grupo em que tem melhor desempenho é o dos maiores de 60 anos (73% ante 27% dos válidos).
O segmento soma 22% da amostra do Datafolha. E são essas pessoas que podem decidir não ir votar temendo a Covid-19, dado que integram uma das populações sob maior risco de complicações.
O prefeito está fazendo, em suas caminhadas de campanha, apelos a líderes comunitários e religiosos para que conclamem o eleitorado no domingo (29).
Nesta terça (24), o outro problema que preocupa os tucanos se colocou: o vice.
Em pesquisas qualitativas do PSDB e do PSOL, o envolvimento de Nunes com a chamada máfia das creches, conjunto de empresas fornecedoras de conveniadas da prefeitura, é pouco citado.
Nesses grupos, um antigo boletim de ocorrência de violência doméstica envolvendo a mulher de Nunes, assunto que os dois dão como superado, surge mais vezes.
Covas reagiu com contrariedade nesta terça, quando foi perguntado durante uma sabatina na rádio CBN acerca da questão.
"É impressionante como vocês são pautados pela propaganda do PSOL. Fico horrorizado com isso, como gostam de acabar com a vida do meu vice sem denúncia", disse.
Um trecho do boletim de ocorrência que tratou do caso foi então lido no ar: "Inconformado com a separação, Nunes não lhe [à esposa] dá paz, vem efetuando ligações proferindo ameaças, envia mensagens ameaçadoras e invade a sua casa, onde faz escândalos e a ofende com palavrões".
Covas havia feito a mesma acusação a jornalistas na noite anterior, durante entrevista com Boulos ao programa Roda Viva, na TV Cultura.
Apesar dessas preocupações, por ora o PSDB não pretende alterar a formatação da campanha de Covas.
Um estrategista afirma que 2020 provou-se um ano de menos estridência entre candidatos, e as sugestões que chegaram para que Covas fosse mais aguerrido foram rechaçadas sob o argumento de que quem gritou, perdeu.
Mais inflamável por DNA político, Boulos seria um candidato ao qual a pecha de radicalismo cairia melhor. O Datafolha identificou que 54% acham que o prefeito é mais moderado, ante 33% que veem tal qualidade no psolista.
O teste virá com as novas pesquisas e com o debate na TV Globo, na sexta (27). Mas nada indica que Covas mudará seu tom, ao menos na avaliação desta terça.
Um de seus aliados mais próximos alega que a postura mais fria do que a de Boulos é autêntica, e que geraria empatia justamente com os estratos em que ele tem mais vantagem sobre o nome do PSOL.
O que preocupa dois aliados mais distantes do edifício Matarazzo e mais próximos do Palácio dos Bandeirantes é o impacto da mobilização dos eleitores mais jovens.
O grupo dá mais apoio a Boulos (ele faz 65% a 35% entre os que têm de 16 a 24 anos, que são 12% da amostra, e 56% a 44% nos que têm de 25 a 34 anos, que são 20%).
Eles afirmam que a posição de Covas é sólida, mas identificam que a frustração com o bolsonarismo expressa na maior parte do país poderia tender a seguir o padrão paulistano de rejeição ao poder federal e encarnar na esquerda mais jovem.
Foi o que aconteceu com Luiza Erundina (PSOL), a vice de Boulos, na vitória surpreendente sobre Paulo Maluf em 1988, quando era do PT.
Ali, ela e outros candidatos de esquerda surfaram na indignação com a repressão do Exército à greve na siderúrgica CSN, que matou três.
Não há fatores exógenos desse porte agora, já que a brutal morte de um negro por seguranças do Carrefour em Porto Alegre não teve impacto análogo em São Paulo.
Assim, trata-se mais de um mal-estar difuso, tanto que não há um representante de Bolsonaro no segundo turno paulistano --Celso Russomanno (Republicanos) morreu na praia novamente.
Se isso poderia alimentar uma onda além da conquista de votos avulsos, é uma dúvida, mas por ora os tucanos estão mais preocupados com as outras fragilidades que rondam sua campanha.

Publicado em Wed, 25 Nov 2020 13:05:00 -0300







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