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Para Mario Gobbi, Corinthians vive situação financeira perigosa

Por: FOLHAPRESS - ALEX SABINO E LUCIANO TRINDADE
25/11/2020 às 13:00
Esportes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nos três anos em que foi presidente do Corinthians, de 2012 a 2015, Mario Gobbi Filho tinha um quadro em sua sala, no Parque São Jorg...


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nos três anos em que foi presidente do Corinthians, de 2012 a 2015, Mario Gobbi Filho tinha um quadro em sua sala, no Parque São Jorge. No fundo branco, estava frase do escritor português José Saramago: "Estou convencido de que há de se seguir dizendo não, ainda que se trate de uma voz predicando no deserto".
Nas gestões que o sucederam, de Roberto de Andrade e Andrés Sanchez, a peça foi retirada. Se vencer o pleito no próximo sábado (28) e voltar ao cargo, Gobbi pensa em renovar a mensagem.
"Acho que vai ser outra frase: dizem que sou louco por pensar assim...", afirma ele, citando a música "A Balada do Louco", de autoria de Arnaldo Baptista e Rita Lee.
O delegado de polícia quer ser novamente presidente para ter o poder de dizer não. Tarefa difícil num clube em que conselheiros e associados fazem fila em frente ao gabinete do mandatário para reclamar ou pedir algo.
Gobbi aponta esse como um dos grandes pecados de Andrés Sanchez, que deixa o cargo. "Ele não quer magoar os amigos dele. Vai governar sempre no modelo que está hoje. É uma gestão política, que não atende a princípios profissionais. São apadrinhamentos de cargos para contentar os companheiros. Usa-se o Corinthians para satisfação de terceiros sem pensar no clube", afirma.
Sanchez e Gobbi são fundadores do movimento Renovação e Transparência, no poder desde 2007. O candidato da situação é Duílio Monteiro Alves, um dos diretores de futebol quando Gobbi, agora aliado a oposicionistas, foi presidente.
Em novembro de 2014, Gobbi dizia estar ansioso para deixar o clube e que vivia com problemas de saúde. Se comandar o Corinthians era uma das grandes honras de sua vida, também se tratava de algo "muito pesado".
"Eu fiquei muito mal, mas hoje estou muito bem. Não passava pela minha cabeça voltar. Ocorre que o Corinthians entrou numa situação perigosa, está administrativamente passando por uma crise sem precedentes", argumenta atualmente.
Seu plano de governo é usar profissionais de mercado em postos chave na administração: finanças, marketing, gestão, jurídico, recursos humanos, compliance, comunicação, inovação e tecnologia, estádio e futebol. Ele afirma que esses possíveis contratados já estão trabalhando em conjunto há oito meses.
Gobbi diz que o desgaste do mandato não teve como principal causa as críticas de seus adversários ou das torcidas organizadas. O estresse vinha de ter, na sua visão, a administração minada por aqueles que o haviam ajudado a chegar à presidência.
"O maior responsável pelo desgaste que eu tive na gestão foi o fogo amigo do Andrés contra mim, as ingerências dele. O Andrés nunca deixou de querer ser o presidente. O problema é que ele não para. Não é um ex-presidente que sai do cargo e vai embora. É um ex-presidente que não sai lá de dentro", diz.
Ele quer repetir o processo iniciado em 2008, quando os dois eram aliados, e Andrés Sanchez, o presidente.
Na época foi montada uma equipe sem grandes astros, mas identificada com o clube, para, aos poucos, ser adicionada qualidade ao elenco. Naquele ano, o time disputou a Série B do Brasileiro e iniciou um processo que culminaria nos títulos da Libertadores e do Mundial em 2012, com Gobbi presidente.
"Se você quiser que eu entre e contrate 11 craques, eu faço. Aí arrebento de vez com as finanças do clube. Eu quero deixar um clube saneado para fazê-lo ser um protagonista permanente do futebol mundial", defende.
Uma das maiores cobranças sofridas por Gobbi se deve justamente ao departamento de futebol. Em um vídeo, gravado no mês passado, o candidato discute com sócios no Parque São Jorge por causa da contratação de Alexandre Pato, em 2013.
Nas imagens, ele rebate dizendo que atletas adquiridos por ele renderam ao clube cerca de R$ 140 milhões. Mas à reportagem reconhece que pagar R$ 45 milhões por Pato foi seu maior erro.
"A comissão técnica e o Tite, principalmente, queriam ele. O marketing queria. Os cardeais do clube queriam. Mas o erro foi meu, porque eu assinei o cheque", diz hoje. "É um absurdo gastar 45 milhões num jogador. O que eu fiz foi um acinte."
Gobbi continua sem paciência para determinados assuntos. Um deles é ter de escolher entre sanear as contas ou ser campeão. Para ele, o único caminho é o de Athletico e Flamengo, com responsabilidade financeira para colher frutos no futuro dentro das quatro linhas.
"Senão vamos depender de o governo assinar uma lei para perdoar dívida dos clubes. O problema é a gestão. O efeito é o que acontece em campo. Você precisa resolver o problema, não o efeito. O Corinthians vai sempre brigar [por títulos]."

Publicado em Wed, 25 Nov 2020 12:35:00 -0300







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