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Desemprego de trabalhador formal preocupa economistas

Por: FOLHAPRESS - DIEGO GARCIA
31/10/2020 às 10:30
Brasil e Mundo

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Depois de atingir principalmente trabalhadores informais nos primeiros meses da pandemia, a desocupação vem crescendo agora princ...


RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Depois de atingir principalmente trabalhadores informais nos primeiros meses da pandemia, a desocupação vem crescendo agora principalmente entre trabalhadores com carteira assinada, segundo dados do IBGE.
O resultado divulgado nesta sexta-feira (29) se contrapõe ao balanço apresentado no dia anterior pelo governo a partir do Caged, que aponta aumento de contrações e crescentes saldos positivos em julho, agosto e setembro.
De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, o número de empregados com carteira de trabalho chegou ao menor patamar desde o início da série, em 2012. De junho a agosto, ficou em 29,1 milhões.
Em comparação com o trimestre encerrado em maio, houve retração de 2 milhões de vagas. Na comparação com igual período do ano passado, a queda é o dobro: 4 milhões.
Segundo a analista do IBGE Adriana Beringuy, no trimestre encerrado em agosto a parcela informal do mercado de trabalho respondeu por 29% do total de vagas fechadas no país. No trimestre móvel anterior, terminado em maio, esse número correspondia a 74%.
"No auge da pandemia, pelo isolamento social, a população informal foi a mais afetada."
Agora os dados mostram que a perda de ocupação entre informais perdeu força. Já entre trabalhadores com carteira assinada, o fechamento de vagas mantém o ritmo.
"O informal foi o primeiro a ser impactado e é o primeiro a retomar", diz Beringuy.
Para Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, o baque da pandemia na economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho vêm em fases.
Para especialistas ouvidos pela Folha, a discrepância entre Pnad e Caged se deve às diferenças na metodologia de cada pesquisa. A Pnad, do IBGE, tem caráter amostral, enquanto o Caged é construído a partir de informações enviadas pelas empresas ao Ministério da Economia.
A pandemia também pesa, criando distorções que podem comprometer os levantamentos de maneiras diferentes.
"A Pnad agora é feita por telefone, quando pessoalmente é melhor", diz Tobler. "No caso do Caged existe uma preocupação em relação à quantidade de empresas que podem não estar atualizando suas informações, por subnotificarem o desligamento ou mesmo por terem fechado."
Bruno Ottoni, da consultoria IDados, diz que a falta de sintonia entre formais da Pnad e e do Caged chama a atenção.
"A perda no emprego formal está num ritmo estranho quando comparada com os dados do Caged, que mostram crescimento na ponta", diz. "Os informais não, já perderam muito; chega uma hora que se perde o que tinha para perder."
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos a desocupação vai continuar avançando.
"Você teve um crescimento orgânico e disseminado entre setores e regiões, isso dá um tom positivo para estatística", afirma. "Mas, com o arrefecimento da pandemia e uma eventual vacina, vamos ver as pessoas buscarem trabalho, informal ou formal."
Daniel Duque, do FGV Ibre, ressalta que a Pnad Contínua é uma pesquisa de trimestres móveis, então carrega um pouco do passado. "Quando a gente olha os dados mensalizados, a Pnad Covid mostrou geração de vagas com carteira em agosto, assim como o Caged", diz, citando pesquisa do IBGE criada para mensurar efeitos da pandemia no mercado de trabalho.
Na Pnad Covid de setembro, o IBGE já mostrou um aumento na população ocupada com carteira, indo de 31 milhões em junho para 31,4 milhões. Porém, os dados não são considerados oficiais e não podem ser comparados com os da Pnad Contínua.
Na Pnad Contínua de agosto, a divulgação desta sexta apontou que os empregados sem carteira assinada no setor privado somam 8,8 milhões, redução de 5% (463 mil pessoas) no trimestre e de 25,8% (3 milhões) no ano. Os trabalhadores por conta própria alcançaram 21,5 milhões, queda de 4% (894 mil pessoas) desde maio e 11,4% (2,8 milhões de pessoas) frente a agosto de 2019.
Já os trabalhadores domésticos atingiram o menor número da série histórica, com 4,6 milhões de pessoas, retração de 9,4% (473 mil pessoas) no trimestre e de 27,5% (1,7 milhão de pessoas) no ano.

Publicado em Sat, 31 Oct 2020 10:10:00 -0300







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