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A brasileira Simone Barreto, uma das vítimas do atentado terrorista na França
Foto por: Divulgação/Lavage de la Madeleine
A brasileira Simone Barreto, uma das vítimas do atentado terrorista na França

Quem era a brasileira que morreu em atentado terrorista na França

Por: Folhapress - Daniel Carvalho e Ana Estela de Sousa Pinto
30/10/2020 às 10:04
Brasil e Mundo

Mulher de 44 anos e mãe de três filhos morava no país europeu e foi atacada na basílica de Notre-Dame


Mãe de três filhos —uma adolescente, um menino e uma menina—, Simone Barreto Silva, 44, estava havia cerca de 30 anos na França, onde também vivem suas três irmãs mais velhas, Solange, Bárbara e Conceição.

A família Barreto era conhecida no sul da França por organizar eventos de música e cultura brasileira. As irmãs também fizeram carreira como bailarinas de samba, conta o músico brasileiro Jorge Bezerra Filho, 42. Ele e Simone eram amigos havia 20 anos. Conheceram-se quando ela morou e trabalhou em Paris, há cerca de dez anos.

"Era uma mulher expansiva, adorável, admirada por toda a comunidade brasileira do sul da França, e uma excelente profissional”, diz o percussionista. Ele conta que Simone era uma das melhores artistas do Brasil Tropical, casa de shows da capital francesa.

Eles se encontravam quase todos os anos em julho, quando as irmãs organizavam uma festa para Iemanjá, orixá do Candomblé que também é o centro de festividades em 2 de fevereiro na Bahia, onde nasceu a família de Simone.

"A família Barreto respeitava as religiões de matriz afrodescendente, assim como o catolicismo", afirmou o babalorixá Anderson Argolo, que realizou cerimônias em um dos eventos organizados pela Brasuca Show, das irmãs de Simone.

"Sempre foi uma batalhadora, e morreu como uma guerreira. Apesar de ferida, correu e foi capaz de dar o alarme, evitando uma tragédia maior", afirmou Argolo.

Na manhã desta sexta (30), familiares de Simone preferiram não dar entrevistas, para preservar as crianças. A filha mais nova da brasileira tem cerca de 6 anos, um dos meninos tem cerca de 9 anos e o mais velho, em torno de 15.

Simone e suas irmãs também organizavam apresentações de capoeira na França. "A Simone era uma mulher muito feliz, acabara de se formar como chef de cozinha e tinha muito orgulho disso", contou a francesa Hélène Chaudonneret, casada com um brasileiro, também capoeirista.

"Ela tem muitos amigos em Nice, onde toda a comunidade brasileira e a comunidade da capoeira a lamentam", disse.

Nos últimos anos, Simone vinha trabalhando como cuidadora de idosos. "É um recurso dos bailarinos, quando a idade vai passando”, diz Bezerra.

​A informação de que uma brasileira estava entre as três vítimas do atentado a faca ocorrido nesta quinta-feira (29) havia sido confirmada pelo Itamaraty, que não divulgou seu nome.​

Um agressor com uma faca matou três pessoas —duas mulheres e um homem— na igreja por volta das 9h (horário local, 5h no Brasil) desta quinta.

Segundo a polícia, uma mulher de cerca de 70 anos foi degolada, e o sacristão da igreja também foi morto a facadas dentro do edifício —ambos tinham cortes na garganta. Identificado como Vicente, ele tinha cerca de 55 anos, dois filhos e abria a igreja às 8h30 todas as manhãs.

Em nota, o governo brasileiro disse que "deplora e condena veementemente o atroz atentado".

"O presidente Jair Bolsonaro, em nome de toda a nação brasileira, apresenta suas profundas condolências aos familiares e amigos da cidadã assassinada em Nice, bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e governo franceses", diz a nota.

O comunicado segue dizendo que "o Brasil expressa seu firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo, independentemente de sua motivação, e reafirma seu compromisso de trabalhar no combate e erradicação desse flagelo, assim como em favor da liberdade de expressão e da liberdade religiosa em todo o mundo".

A nota diz ainda que o governo manifesta em especial "sua solidariedade aos cristãos e pessoas de outras confissões que sofrem perseguição e violência em razão de sua crença".

O Itamaraty disse que, por meio do Consulado-Geral em Paris, presta assistência consular à família da brasileira morta.

Ao comentar o ataque com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro lembrou ter denunciado o que chama de "cristofobia" em seu discurso na ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro.

"Ficamos sabendo de notícias tristes mundo afora, de decapitação de pessoas... De pessoas não, de cristãos na França", disse o presidente em declaração transmitida por apoiadores. "O mundo tem que se preocupar com isso. Falei na ONU agora sobre a tal da cristofobia."

Bolsonaro afirmou ainda que "admitimos qualquer religião, mas não podemos admitir a intolerância, ainda mais desta forma". O presidente também fez insinuações sobre o islamismo. "Tem bairros na França que parece que tem uma religião dominando lá, e alguns países também."

Mais tarde, em sua live semanal, Bolsonaro voltou a lamentar as mortes ocorridas na França e a mencionar a cristofobia.

"Agora, isso aqui tem que ser combatido. Não tem que ser com florzinha, não. Isso aqui tem que ser combatido, quem não suporta outra pessoa acreditar em Deus... Pode até não acreditar, ninguém vai brigar contra quem é ateu. Agora chegar ao ponto de cometer essas atrocidades...", disse o presidente.

O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) foi às redes sociais lamentar a morte.

"Profundo pesar pela morte de uma brasileira de 44 anos, mãe de três filhos, ocorrida hoje em Nice, na França, uma das três vítimas fatais do brutal atentado cometido por um terrorista na Basílica de Nossa Senhora", escreveu o chanceler.







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