Das 28 vítimas de assassinatos ocorridos de janeiro e 12 de outubro deste ano no município, 17 tinham entre 18 e 30 anos de idade
A Polícia Civil de Rio Preto
registrou, de janeiro até o dia 12 de outubro deste ano, 28 homicídio. O número
é 40% superior às ocorrências deste tipo de crime no mesmo período do ano
passado no município, com 30 vítimas, segundo dados da Secretaria de Segurança
Pública do Estado.
Destes 28 homicídios registrados
em Rio Preto, 17 são de jovens do sexo masculino, da faixa etária dos 18 aos 30
anos. Apesar do grande número de jovens mortos de forma violenta, especialmente
em regiões periféricas de Rio Preto, o delegado seccional Silas José dos Santos
descarta teses de uma suposta "guerra de gangues ou facções
criminosas" dominantes.
Mas o delegado acredita, sim, num
processo de revide que tenha desencadeado uma série de casos, inflando assim o
volume de assassinatos na cidade.
"Não há uma facção criminosa
que domina a cidade, não temos gangues identificadas. O policiamento tem sido
bem feito e o trabalho da Polícia Civil nas investigações, apreensões e
resoluções de crimes é muito efetivo. O que acontece é um revide. O jovem tem
um amigo assassinado, ele vai lá e revida, comete outro homicídio em forma de
retaliação", diz ele.
Esse problema, segundo o
delegado, era característico, no passado, na região onde ficam os bairros Solo
Sagrado e Cidadania. "Solo e Cidadania eram considerados regiões
periféricas da cidade, oque não é mais. Agora esses homicídios estão
acontecendo nos bairros Solidariedade, Amizade e Lealdade e outros mais
afastados”, diz ele.
E a solução?
"Em minha opinião, o Estado
deveria investir mais em educação e saúde para essas famílias e crianças. As
crianças em vulnerabilidade social ficam desde os 5 anos sem uma estrutura
familiar adequada e ela se espelha no traficante que a ‘abraça’ e vira uma bola
de neve. Nossa legislação processual também é muito fraca. A polícia prende, a
Justiça solta. Veja só o caso do André do Rap, é inaceitável, a sociedade fica
com a sensação de impunidade”, ressalta.
Pandemia
Em contraponto, ainda segundo o
delegado, também há um número significante de pessoas acima dos 40 anos
assassinadas.
"Nos últimos dias nós
tivemos registros de homicídios com vítimas mais velhas, por motivos fúteis.
Outro ponto relevante são as mortes e tentativas de homicídios com o uso de
arma branca, principalmente a faca. As pessoas estão descontroladas,
estressadas nesse momento de pandemia. Elas têm que entender que tudo isso vai
passar, mas não estão raciocinando direito”, analisa.
O delegado explica ainda que a
sociedade passa pela banalização da violência e critica a forma como os casos
de homicídios são vistos em geral. "Houve uma banalização da
violência e ninguém fica mais inconformado. As pessoas falam apenas em números
– mais um ou menos um (assassinado). Mas estamos falando de vidas, de
pessoas”.