Nessa semana ouvi de um empresário, com formação em exatas, uma aposta: a abstenção nessas eleições será de 35% do eleitorado.
Acostumado a lidar com cálculos e fórmulas, ele sustentou que além da baixa participação de idosos e adultos com comorbidades, um outro fator deve estimular a ausência nessa eleição: a falta, pelos candidatos, de discursos que realmente interessam ao eleitorado.
O fato é que a campanha, até o momento, tem se mostrado xoxa. E o que não faltam são propostas genéricas e novas roupagens de marketing para o de sempre: promessas grandiosas e perspectivas de futuro muito distante.
Digo isso pois, em algumas exceções, não encontrei nos Planos de Governo apresentados à Justiça Eleitoral, propostas concretas para o que eu insisto que será o maior desafio: emprego e renda.
Pelo menos quatro candidatos defendem a criação de uma nova ou uma super secretária de Economia, Trabalho e Emprego na tentativa de mostrar ao eleitor - principalmente ao mais crítico - o seu pensamento liberal. Mas não arriscam dizer quais os ganhos para o município e a população dessa super secretaria.
Ao defenderem propostas genéricas, os candidatos não têm demostrando empatia ao que motiva o eleitor de hoje: liberdade para trabalhar, empreender e gerar empregos. O que foi exposto até o momento sobre o tema não é capaz de tocar o coração.
Como exemplo, cito a populosa região Norte, muito explorada no período eleitoral, mas que nessa eleição perdeu o status de "queridinha" nos discursos dos candidatos.
Importante pólo econômico da cidade, essa região ostenta em suas grandes avenidas um comércio forte e pujante, que gera milhares de empregos. E que vem recebendo investimentos de grandes marcas de alimentação e varejo.
Mas até agora, ninguém deixou explícito como pretende qualificar, incentivar e organizar esse comércio. Falo de propostas factíveis, como a revisão do plano diretor para a expansão de mais ruas e avenidas para empreendimentos; a regulamentação e o incentivo para a criação de pólos de gastronomia; ou a organização do sistema trânsito com a deificação de áreas de estacionamento.
Não faço referência apenas à famosa Avenida Mirassolândia ou aos arredores do shopping que carrega em seu nome a vocação dessa parte de Rio Preto. Refiro-me a dezenas de ruas e avenidas de ligação por onde transitam diariamente milhares de pessoas.
Estariam nossos candidatos dispostos a proporcionar condições legais para tornar os empresários dessa região mais competitivos? Sentimos uma ausência de propostas de qualificação e de liberdade para um setor e uma região com grande potencial econômico.
O mercado imobiliário - que em raras exceções erra suas escolhas - já descobriu há tempos o potencial da região Norte. Não faltam empreendimentos em construção ou em fase de lançamento.
Coincidência, o empresário que faço referência no início desse texto é do setor da construção civil. Ao enfrentarmos a pandemia provocada pela Covid-19, nossas candidatos também precisam estar preparados para lidar com os efeitos negativos geradas na economia e com o novo comportamento formado pela consumidor durante o isolamento. Vamos mudar o discurso candidatos?