Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em conjunto com a ONG Contas Abertas, mostra que 39,5% dos municípios do país (2,2 mil prefeituras) gastaram menos de R$ 1 com saúde para cada habitante por dia. Em Rio Preto, o gastou foi de R$ 3,50
Rio Preto gastou em saúde pública,
por dia, cerca de R$ 3,50 com cada habitante em 2019. Os dados fazem parte de
um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em conjunto com a
ONG Contas Abertas, que calculou os gastos em serviços e saúde nos municípios
brasileiros em esferas federal, estadual e municipal. No ano passado o valor
total das despesas líquidas com saúde no orçamento de Rio Preto foi R$
418.485.367,96, segundo a Prefeitura.
No país, o gasto per capita que o
governo utilizou foi de R$ 3,83 nos três níveis de gestão para cobrir as
despesas com saúde dos mais de 210 milhões de brasileiros. Para o CFM os números são abaixo do ideal.
Despesas
As informações levantadas pelo
CFM, com a consultoria da ONG, consideraram as despesas em Ações e Serviços
Públicos de Saúde (ASPS) declaradas no Sistema de Informações sobre os
Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), do Ministério da Saúde. Pela lei, cada
ente federativo deve investir percentuais mínimos dos recursos arrecadados com
impostos e transferências constitucionais e legais. No caso dos Estados e do
Distrito Federal, este índice deve ser de pelo menos 12% do total de seus
orçamentos. No caso dos municípios, o valor de base corresponde a 15%. Para a
União, a regra prevê aplicação mínima de 15% da receita corrente líquida, mais a
correção da inflação.
Segundo o apurado, em 2019, as
despesas nos três níveis de gestão atingiram a cifra de R$ 292,5 bilhões. O
montante agrega a cobertura das ações e serviços de aperfeiçoamento do Sistema
Único de Saúde (SUS), como o custeio da rede de atendimento e pagamento de
funcionários, dentre outras.
Abaixo do ideal
Na avaliação do presidente da
autarquia, Mauro Ribeiro, os indicadores de saúde e as más condições de
trabalho no setor revelam que os valores gastos ainda estão abaixo do ideal.
Na avaliação dele, embora o
número absoluto tenha aumentado ao longo dos 12 anos avaliados pela autarquia –
algo em torno de R$ 85,8 bilhões –, o valor continua abaixo de parâmetros
internacionais e tem sido insuficiente para responder às demandas crescentes da
população, impulsionadas por mudanças nos perfis socioeconômico e
epidemiológico.
"É preciso lembrar que o Brasil e
o mundo enfrentam hoje maior incidência de doenças crônicas, o envelhecimento
da população e o impacto crescente das causas externas (acidentes, violência,
etc.), o que têm gerado maior procura por produtos e serviços de média e alta
complexidade. Além disso, o aumento da população de desempregados, que fez com
que 3,5 milhões de brasileiros abandonassem os planos de saúde, especialmente a
partir de 2014, repercute na procura por atendimento em cuidados básicos e
ambulatoriais na rede pública”, afirmou o presidente do CFM.
Ribeiro acredita que, seja qual
for a perspectiva, é nítido o subfinanciamento do gasto público em saúde no
Brasil. "A gestão financeira do setor é um desafio crônico para os governos
federal e estaduais e será também significativo aos próximos prefeitos do País”
avalia. Segundo ele, sem recursos os gestores terão dificuldades para comprar
equipamentos, realizar obras e reformas, fazer a manutenção adequada dos
estoques de medicamentos e outros insumos.
"O prejuízo atinge ainda a
atualização da Tabela SUS, que há duas décadas não passa por uma revisão ampla,
fazendo com prestadores de serviço à rede pública percam o interesse de manter
seus contratos. Na prática, são menos leitos, menos UTIs, menos médicos e mais
tempo de espera por cirurgias eletivas, consultas e exames. Ou seja, a
população arca diretamente com as medidas adotadas na esfera governamental”,
acrescentou.