Anualmente, à exceção deste mirabolante 2020, Rio Preto recebe uma série de eventos culturais, científicos e de negócios de repercussão nacional e internacional. São festivais, festividades, congressos e feiras que atraem dezenas de milhares de pessoas. Além de criar oportunidades de lazer, cultura e capacitação à população do município, esta agenda de acontecimentos tem a virtude de fomentar a economia, com geração de negócios, emprego e renda.
São vários e variados os eventos sediados em Rio Preto, interrompidos neste ano pela pandemia do novo coronavírus, e os números atestam a grandeza e importância deles. Por exemplo, a Expo Rio Preto recebeu 56 mil pessoas e movimentou R$ 7,6 milhões em negócios na sua 57ª edição, em 2019. Já o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) atraiu mais de 45 mil pessoas na última edição em 2019, quando completou 50 anos.
O Rio Preto Rodeo Country Bulls completou 23 anos em 2019, lotando durante cinco dias a estrutura com capacidade para abrigar 30 mil pessoas. Destaque também para eventos científicos, principalmente na área da Saúde, como os Congressos da Sociedade Brasileira de Hipertensão, de Oftalmologia e de Dermatologia, que em 2018 trouxeram para a cidade cerca de 4 mil médicos de várias partes do País e do exterior.
Além de projetar positivamente a cidade nos cenários do Brasil e do mundo, esses e outros eventos têm a virtude de trazer para Rio Preto oportunidades de negócios, ocupação da rede hoteleira local, movimentação no comércio de bens e serviços, fomento à economia criativa e outros reflexos lucrativos.
Infelizmente, no entanto, a indústria de eventos costuma ser esquecida quando são elaborados os planos de governo e raramente é citada pelos candidatos quando discutem o desenvolvimento econômico da cidade. É um erro que se reflete nos governos que se seguem, recebendo tradicionalmente um tratamento de segundo ou até terceiro plano.
Chega a ser surpreendente que, apesar da forte demanda deste segmento da economia, o município não disponha de um local com instalações adequadas para realização de feiras, exposições, congressos e outros. Talvez a única exceção seja em relação à Expo, realizada no Recinto de Exposições "Alberto Bertelli Lucatto”. O tema, aliás, é uma antiga reivindicação da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp) junto ao governo municipal, até aqui sem sucesso.
A construção de instalações que atendam à realização de eventos variados no município está prevista na Lei Complementar 548 de 11/10/2017, que em seu artigo 5º cita o Centro de Eventos, Negócios e Exposição (Cenex) como parte integrante do Parque Tecnológico de São José do Rio Preto. A prefeitura chegou a abrir licitação em 2009 para as obras de terraplenagem do local onde deveria ser construído o Cenex, mas o projeto nunca saiu do papel.
Rio Preto pode se beneficiar muito com os eventos, inclusive coordenando a agenda local com as atrações que acontecem na região e até mesmo com as estruturas turísticas no Noroeste paulista. O emprego de inteligência e planejamento na elaboração de um calendário de eventos local, coordenação com promotores e outras prefeituras da região e a definição de investimentos estratégicos são instrumentos para o desenvolvimento de políticas positivas neste setor.
Quem sabe nesta edição eleitoral o assunto ganhe o status que merece, recebendo atenção dos candidatos com propostas para o desenvolvimento da indústria de eventos no município?
Greison de Melo é jornalista especializado em noticiário econômico. É autor do livro São José do Rio Preto – Desenvolvimento & Negócios (Acirp, já na 3ª edição). Também atua como consultor de empresas em assuntos regulatórios nas áreas da Anvisa e do Mapa.