OPINIÃO: Pelos caminhos de uma campanha

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Ana Rogéria é jornalista

OPINIÃO: Pelos caminhos de uma campanha

Por: Ana Rogéria Ribeiro

13/10/2020 às 18:18

Opinião

Não gosto muito de narrar histórias em primeira pessoa, mas, pensando no tema da coluna de hoje, me lembrei de uma passagem que não saberia contar diferente.

O ano era 2002 e trabalhava numa afiliada da Globo em Paranavaí – PR. No auge dos meus 20 e poucos anos, num ímpeto mandei minha chefe cuidar da vida dela. E ela, uns 2 anos mais velha e tão experiente quanto, me mandou cuidar da minha...

Resultado: me vi sem emprego e o jeito foi correr atrás do prejuízo. Consegui um trabalho numa produtora para fazer os vídeos de campanha de um deputado federal, em Maringá.

Naquele tempo os comícios eram uma arma poderosa de campanha, e nas pequenas cidades se tornavam verdadeiros eventos. Minha missão era percorrer essas pequenas cidades e mostrar os principais pontos da cidade, como igreja matriz, praça central, hospital, conjunto esportivo, etc., conversar com personalidades locais e, principalmente, as conquistas do município através de recursos liberados pelo tal deputado.

Éramos três pessoas na equipe, o motorista, o cinegrafista e a repórter (eu, no caso). Embarcamos na Kombi e partimos para o interiorzão do Paraná. A primeira coisa que chamou a minha atenção no roteiro foi o nome das cidades. Sabáudia, Astorga, Floresta, Uniflor... mas a minha preferida era Pitanga.

Que coisa mais bucólica uma cidade chamada Pitanga. Surpresa mesmo foi ver a quantidade de fuscas circulando pelas ruas estreitas e íngremes da cidade. Cercada de morros e vales, apenas estradas de cascalhos ligavam a cidade às inúmeras propriedades rurais do município. Era um sobe e desce cheio de curvas que exigia habilidade do motorista pra não derrapar na pista.

Em visita a uma dessas propriedades, para gravar a entrevista com um produtor rural, ficou bem claro o porquê de tantos fuscas. Eles eram a melhor opção de transporte para a geografia da região: ágil, alto e de fácil manutenção.

A beleza de Pitanga encanta os visitantes, mas seus habitantes se orgulham mesmo da cidade ser o centro geográfico do Estado do Paraná. A ponto de, naquela época, os políticos locais "lutarem” para transferir a capital do Estado de Curitiba para Pitanga (ouvi isso da boca dos defensores da causa), e essa era uma das bandeiras da campanha do deputado por lá.

Não chegou a tanto, mas, 10 anos mais tarde, o então governador Beto Richa reconheceu Pitanga como Marco Geodésico Histórico do Paraná. Um ano depois foi inaugurado um imponente monumento no local e, hoje, o município ostenta o título de Capital Central do Estado do Paraná.

Ana Rogéria Ribeiro, 44 anos, é jornalista formada na turma de 1997 da Unimar, em Marília. Atualmente é chefe de jornalismo na Record TV Rio Preto