OPINIÃO: Decifra-me ou te devoro

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Ester Mendonça: "A gente sabe que entre o legítimo direito de candidatar-se e o sincero desejo de servir ao povo depois de eleito, há uma enorme avenida de obstáculos e tentações."

OPINIÃO: Decifra-me ou te devoro

Por: Ester Mendonça

01/10/2020 às 18:00

Opinião

O mandato que lhe é dado será devorado e eliminado daqui a quatro anos se não decifrarem e atenderem os desejos de seus eleitores.

A frase que dá título ao artigo vem da mitologia grega sobre a Esfinge de Tebas. É daquelas histórias deliciosas, que se aprende debruçando-se sobre livros, lendas e muita literatura. Um conhecimento que se leva para a vida. Um tantinho distante da superficialidade das frases feitas e fakes news das redes sociais, esquecidas na mesma velocidade com que se dá um like em um post qualquer.

Decifra-me ou te devoro era o enigma da criatura que desafiava a cada viajante que por ela passava. Quem não adivinhava era eliminado, até que Édipo resolveu o enigma. Mas isso é outra história.

A amiga ou amigo internauta pode estar se perguntando. Afinal, o que tem a ver o enigma milenar da literatura grega com as eleições municipais?
Tem a ver com o meu, o seu, o nosso voto. A força do voto é a beleza da democracia, o pior de todos os regimes, com exceção de todos os outros, parafraseando Churchill.

Decifra-me senhor e senhora candidato, ou te devoro. E antes que me condenem os incautos lacradores de plantão, algozes dos cancelamentos e do politicamente correto, eu peço calma. Não pretendo devorar nenhum político, não no sentido literal. O mandato que lhe é dado porém, será devorado e eliminado daqui a quatro anos se não decifrarem e atenderem os desejos de seus eleitores.

E, vamos combinar, não há segredo nenhum entre nós eleitores. Precisa muito não para entender o que queremos. Algumas dicas:
1 - Se prometer, cumpra.
2 - Sem obras superfaturadas, sem corrupção, sem interesses pessoais em detrimento dos interesses da cidade.
3 - Trabalhe pelo município porque nós munícipes trabalhamos, pagamos impostos e merecemos bons serviços em saúde, segurança, educação e preocupação com o meio ambiente.

A gente sabe que entre o legítimo direito de candidatar-se e o sincero desejo de servir ao povo depois de eleito, há uma enorme avenida de obstáculos e tentações, capazes de fazer derrapar o mais puro dos corações. É aí que desnudam-se os Bolsonaros, caem os Moros e transmutam-se os Guedes.

Nós, eleitores, estaremos sempre por aqui, para reeleger ou eliminar mandatos de governantes. Esperançosos que somos de que o representante que escolhemos será o melhor político já eleito.

Ester Mendonça é jornalista e empreendedora em comunicação corporativa.