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Celi Regina da Cruz, candidata a prefeita de Rio Preto pelo PT
Foto por: Divulgação
Celi Regina da Cruz, candidata a prefeita de Rio Preto pelo PT

PERFIL: Forjada no sindicalismo, Celi Regina tem como missão manter o PT vivo em Rio Preto

Por: Da Redação
28/09/2020 às 18:36
Perfil dos candidatos

Ex-vereadora, a agora candidata a prefeita terá como adversários ex-companheiros históricos de militância petista


A trajetória política de Celi Regina se confunde com as histórias do PT e do Sindicato dos Servidores Municipais de Rio Preto nos últimos 20 anos. Ela e o marido, Carlos Henrique, participaram diretamente das principais decisões que moldaram estes dois importantes protagonistas do poder local neste período.

Foi, aliás, a intensa militância sindical e partidária, de posição ideológica de esquerda bem demarcada, que levou Celi à Câmara Municipal nas eleições de 2012, quando o Legislativo local bateu recorde de presença feminina. Além dela, foram eleitas vereadoras naquele ano Karina Carolina (hoje Republicanos) e Alessandra Trigo (hoje DEM). O número de mulheres na Casa se repetiu em 2016, mas Celi e Alessandra não conseguiram a reeleição. 

Desde então, o projeto de Celi foi desenhado para a tentativa de voltar à vereança nas disputas deste ano. No entanto, quando a executiva estadual do PT exigiu candidatura própria ao Executivo em Rio Preto, impedindo uma aliança com o PSOL de João Paulo Rillo, ela foi para o "sacrifício”. Mesmo tendo uma ligação histórica dentro da legenda com a família Rillo. Marco Rillo (hoje PSOL), com quem ela vai rivalizar neste ano, por exemplo, foi um dos "companheiros” de anos de Celi. 

O palanque petista que Celi ocupa nestas eleições nem de longe lembra o poderio de quando a legenda tinha a maior bancada na Câmara (com 5 vereadores ao mesmo tempo) ou quando João Paulo chegou ao segundo turno contra Valdomiro Lopes (PSB) em 2008, perdendo por muito pouco o embate. Vive também o ocaso de Lula pós-Lava Jato. Sem alianças, com 13 nomes na chapa de vereadores, ela sai com João Alfredo - escritor, ativista do movimento antirracista e ex-agente penitenciário, como vice.  

Aos 54 anos, casada, uma filha, formada em letras e pedagogia e servidora municipal recém-aposentada, Celi diz que, fora da política e do trabalha, gosta de estar perto da família e dos amigos. "Em geral tenho gostos comuns. Mas, gosto particularmente de cuidar das plantas e assistir filmes na TV”, diz ela. Para conhecer mais os valores e posicionamentos do candidato,  o DLNews convidou a psicóloga Mara Madureira (especialista em psicoterapia clínica cognitivo-comportamental pela Famerp e com MBA) em gestão estratégica de pessoas pela FGV) a formular a entrevista que você vai conferir em seguida... 

Mara Madureira - Em termos objetivos, como a senhora define o poder? 
Celi Regina - É o instrumento formulador de políticas públicas de atenção e amparo à população de nossa cidade e, em particular, da população mais carente.

Mara Madureira - Quais as evidências de que está apta para atender aos interesses públicos e bem representar seus eleitores?
Celi - Fui criada em uma família humilde e trabalhadora em Rio Preto, sei bem os dilemas que nosso povo vive e os impactos que o desemprego, a falta de direitos, pode ter para as famílias.  Meu pai é daqui do interior e minha mãe é do interior de Minas Gerais, e vieram para cá em busca de uma vida melhor, enfrentaram muitas lutas para que eu pudesse me tornar professora, assim como tantos pais rio-pretenses que compartilham esta mesma história de luta. Esta vivência me fez ter a garra e sensibilidade para entender a necessidade de políticas públicas populares.  Tenho uma trajetória atuante nos movimentos sociais da cidade, pelos direitos dos trabalhadores, na militância em diversos Conselhos Municipais de debate e deliberação das políticas públicas de educação, saúde, mulheres, saneamento. E, por dirigir o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais em dado momento. Durante meu mandato de vereadora, entre 2013 e 2016, me orgulho de ter participado da criação da Escola do Legislativo e a Procuradoria Especial da Mulher no Legislativo, e ter realizado projetos de lei de fomento à leitura, entre outras envolvendo o direito á educação.

Mara Madureira - Quais meios, a senhora pretende adotar para converter suas ações em benefícios econômicos e sociais? 
Celi - Com criação e articulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico e social para gerar renda e empregos. É preciso investir em nossa cidade, neste sentido, por exemplo, lançamos uma Carta Compromisso com o Turismo local, pois entendemos que o setor econômico que mais cresce no mundo não pode ser negligenciado como vem acontecendo em sucessivas gestões. 

Mara Madureira - Como a senhora percebe essa onda de religiões ampliando seu domínio e defendendo ideias e interesses próprios de grupos específicos?
Celi - Defendo o estado laico que trabalhe a inclusão social combatendo a discriminação religiosa, o racismo e a violência contra a mulher. Não podemos permitir que haja intolerância e exclusão em nome de interesses de determinados grupos, pois o Brasil é um país diverso, e todas as expressões de fé devem ser respeitadas igualmente, assim como o direito individual de cada um em relação sua sexualidade ou gênero. 

Mara Madureira - O que a senhora pensa sobre a diversidade social? 
Celi - Não apenas penso. Luto cotidianamente por uma sociedade plural onde o preconceito não tenha voz. É preciso ser agente de mudança e lutar para que sejamos, de fato, uma sociedade que ultrapasse o machismo, que respeite as pessoas LGBTQIA+, e antirracista. Por isso o conjunto dos nossos candidatos a vereadores está firmado na diversidade, pois entendemos que é preciso haver representatividade feminina, negra, da juventude, de operários, trabalhadores das periferias em nossa Câmara. É preciso começar quebrar estes paradigmas do preconceito e garantir que todos sejam incluídos, valorizados, respeitados, independente de sua raça, gênero, sexualidade ou classe social. 

Mara Madureira - Quais medidas objetivas empreenderia para superar os problemas da desigualdade social, da irresponsabilidade ambiental, das diversas violências e preconceitos? 
Celi - Em primeiro lugar, investindo em educação com a valorização dos seus trabalhadores e transformação da Escola em um espaço acolhedor de respeito à pluralidade. Eu acredito no poder de uma educação emancipadora, que forme cidadãos responsáveis e críticos. O fomento á educação pública e de qualidade, bem como o acesso a cultura, é o primeiro passo para construir um futuro melhor. Fui professora durante anos, e sei do poder transformador que tem a educação na vida de cada um e de nossa comunidade. A escola é o ponto central de transformação social, é ali que uma criança é atendida e, consequentemente, sua família tem amparo. Agora é preciso uma rede de profissionais, como psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, atuando nas instituições educacionais para garantir que haja acompanhamento amplo. Então é preciso pensar uma educação humanizada, assim como no fortalecimento da assistência social, na valorização da saúde pública, em uma segurança estratégica, para superar os dilemas das desigualdades e preconceitos.

Mara Madureira - Quais as principais linhas programáticas de seu partido?
Celi - O Partido dos Trabalhadores define-se, pragmaticamente, como um partido que reivindica equidade social e redistribuição de renda de forma mais justa. Nosso objetivo é acabar com a relação de exploração, que consideramos a principal da razão da fome, da miséria e desemprego. O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pela população, e a defesa intransigente do Estado Democrático de Direito e das instituições da República diante da ameaça fascista. Também se compromete no combate à corrupção e a perseguição ideológica contra partidos da esquerda, pois há uma atuação política de uma parcela da justiça brasileira que condena sem provas. Neste sentido é preciso declarar nosso compromisso com a verdade e transparência, pois existe uma máquina de Fake News e uma rede de ódio sendo usada para manipular a população enquanto retiram direitos do trabalhador, acabam com nossos ecossistemas e destroem políticas públicas importantes. 

Mara Madureira - Quais valores éticos e políticos a senhora defende?
Celi - Aprendi, desde muito cedo, com o meu pai Benedito, pedreiro, e com minha mãe Zenilde, costureira, a tratar a pessoas com respeito e ter na honestidade a principal referência de vida. Com os colegas de magistério e as crianças que me foram confiadas para cuidar e educar aprendi a defender a sinceridade e a prática da fraternidade. E, com meus companheiros de vida política, entendi o valor da lealdade para não lutar sozinha contra os desmandos e injustiças.

Mara Madureira - Como se posiciona em relação aos escândalos de corrupção e quais são seus planos de combate a esses crimes e aos seus autores políticos?
Celi - Estou em acordo com a condenação aos agentes públicos cuja ação governamental comprovadamente lesou os recursos públicos ou criou vantagens pessoais indevidas. Para combater a corrupção no serviço público municipal, além de fortalecer os instrumentos legais já existentes, vou criar a Controladoria Municipal e estimular a participação social em um Conselho da Transparência. Porém, ao tocar neste assunto é preciso registrar meu repúdio a instrumentalização político-partidária das fábricas de denúncias e Fake News que visam macular a imagem de cidadãos honestos por serem adversários ideológicos da extrema-direita e vertente econômica ultraliberal. A justiça não deve ser parcial e favorecer alguns por interesses privados. Em 2016, por exemplo, houve um golpe a democracia, com calúnias a Dilma, presidente democraticamente eleita, que foi tirada do cargo em uma manobra fajuta e machista, sem que houvesse crime de responsabilidade. Enquanto isso, Bolsonaro segue hoje na presidência, interferindo em investigações que envolvem sua família, mesmo com quase 50 pedidos de impeachment. Defendo o combate à corrupção, investigações isentas e julgamentos imparciais, com penalidades quando houver provas de crime. 

Mara Madureira - Como a senhora define sua ideologia política e quais as vantagens desse modelo para beneficiar a sociedade?
Celi - Acredito firmemente na construção de uma sociedade fraterna, plural e justa cujo maior benefício será a preservação da vida e paz. Sou voltada a ideologias que pregam a equidade social, a justiça, respeito às diversidades e que ninguém passe fome e necessidades enquanto é explorado. 

Mara Madureira - Como a senhora vê os líderes políticos de esquerda e de direita e como lida com eles?
Celi - Tenho total identidade com os partidos políticos e lideranças que lutam incansavelmente pela educação pública de qualidade, a universalização da saúde pública e todas as políticas públicas que emancipem o ser humano permitindo o acesso à renda e a emprego digno. Ou seja, dialogo com princípios éticos e filosóficos da "esquerda”. 

Mara Madureira - É possível governar de modo neutro, sem confundir interesses pessoais com interesses políticos? Como?
Celi - É possível resistir à ganância e a corrupção com o dinheiro público em todas as etapas da nossa vida social. Ao escolher ser uma professora abri mão de buscar a riqueza material, busquei o amor ao ensino e o sonho de transformar vidas pela educação. Fui vereadora e durante meu mandato não indiquei ocupantes de cargos comissionados, não pratiquei a "rachadinha” no meu gabinete nem propus Leis para favorecer grupos econômicos, sou vacinada contra a corrupção. Sou, e sempre serei, uma professora com militância nos movimentos sociais. 







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