A defesa de Doria cita também que, após saber que a mulher não havia praticado tráfico de drogas, o governador voltou ao Twitter para corrigir a informação
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apresentou contestação nesta terça-feira (28) em ação movida por uma mulher agredida por policial militar em Rio Preto em fevereiro deste ano.
Ela pede R$ 522, 5 mil por dano moral, após o caso ganhar
repercussão nacional e o governador publicar no Twitter que ela resistiu à
prisão por tráfico de drogas.
Segundo a defesa do tucano, ele se baseou em um boletim de ocorrência
do dia 4 de fevereiro. No documento, aparece o nome da jovem de 23 anos e os
supostos delitos cometidos: tráfico e resistência.
"O histórico descrito no aludido registro dá conta de que a abordagem se deu em
face da constatação da prática de mercancia de entorpecentes. A autora, que se
encontrava no local e teria presenciado o ocorrido, teria proferido xingamentos
aos milicianos e os agredidos, tendo resistido à prisão”, diz trecho da defesa
do governador.
Naquele dia, Doria publicou na rede social às 19h50: "Recomendei o imediato afastamento do policial
militar flagrado durante abordagem a uma mulher grávida em São José do Rio
Preto. Apesar dela ter resistido a prisão por tráfico de drogas, existe
protocolo a ser cumprido e as imagens indicam conduta totalmente inadequada do
policial”.
A defesa de Doria cita também que, após saber que a mulher
não havia praticado tráfico de drogas, o governador voltou ao Twitter para
corrigir a informação.
"Faço uma correção aqui: a mulher que aparece em vídeo hoje
não é acusada de tráfico de drogas; ela estava envolvida em uma ocorrência de
tráfico de drogas e resistiu à prisão. O inquérito policial segue”, disse Doria
em uma postagem às 22h46 do dia 4 de fevereiro.
Na defesa do tucano há também citação de que Doria não citou
o nome da vítima nas postagens.
"Ambas as postagens realizadas pelo réu (aquela mencionada
pela autora que embasou sua petição inicial e a outra publicada posteriormente
e colacionada no início deste tópico) em momento algum expuseram a senhora
Isabela Sabina de Souza como a pessoa abordada pelos agentes estatais. Veja-se
que o nome da autora sequer foi mencionado nas publicações, o que evidencia que
nunca houve o intento de ofendê-la ou mesmo a denegrir sua imagem perante
terceiros”, afirmam os advogados de Doria.
Acusação
No dia 2 de julho último, o DLNews revelou que a mulher agredida por PM
entrou com ação contra Doria.
Na inicial, o advogado sustenta
que a jovem começou a filmar uma abordagem de dois policiais que tentavam fazer
um garoto de 15 anos engolir maconha no bairro Santo Antônio. O adolescente era
suspeito de tráfico de drogas.
Um dos policiais percebeu que ela filmava a ação, quando a agressão
ocorreu. Um segundo vídeo que circulou em todo Brasil mostra a jovem deitada e
um policial com o joelho acima da barriga dela, enquanto os moradores pedem
para o PM parar com a agressão porque a jovem estava grávida.
"Embora a requerente tenha advertido o policial sobre sua condição de gestante, inclusive sem apresentar qualquer resistência ou reação violenta à conduta policial, o referido militar arremessou a autora violentamente contra o chão e, enquanto pressionava sua barriga com o joelho, desferia-lhe tapas e socos na face, causando-lhe lesões corporais de natureza leve”, diz trecho da inicial.