Ao menos 50 aeronaves no Aeroclube de Rio Preto não podem decolar por suspeita de adulteração no combustível fornecido pela Petrobras. Em um dos hangares, por exemplo, três aeronaves apresentaram problemas.
De acordo com informações obtidas pelo DLNews, a Petrobras determinou interrupção no fornecimento de combustível para que uma análise seja feita nos próximos dias. Há suspeita, inclusive, de que uma queda no Campo de Marte, na Capital Paulista, na última semana, tenha relação com adulteração no combustível.
Essa interrupção não prejudica voos de companhias aéreas, porque elas utilizam querosene. "Eles não utilizam água e gás, portanto, continuam operações. Agora, toda malha executiva na região para", disse uma fonte do DLNews.
Há pelo menos duas semanas, proprietários de aeronaves de pequeno porte estão retirando combustível dos aviões para não corroer tanques e mangueiras.
Moacir Costa, diretor de Aeroclube, disse que o problema foi identificado em um voo entre Goiânia e a região Norte do País. "Todo avião que usa gasolina, está aparado. Ninguém tem coragem de decolar. O primeiro (piloto) que descobriu foi em Goiânia. Foi para o Norte e no primeiro que ele foi abastecer, já estava contaminado", disse.
Há suspeita de que combustível adulterado esteja em ao menos dois aeroclubes do Estado de São Paulo. Além de Rio Preto, há investigação em Rio Claro. Em todo Brasil, ao menos 44 aeroclubes estão com atividades suspensas.
"Petrobras interditou. Agora vai ter de tirar todo combustível, descontaminar e depois a gasolina boa chegando troca", afirmou Costa, que cobrou a Petrobras para saber de qual lugar a estatal adquiriu o combustível contaminado.
Segundo Costa, ao menos 90% da frota aérea brasileira é executiva. "Conseguimos vender mais aeronaves até por conta do Coronavírus, mas agora parou tudo. Ninguém tem coragem de abastecer e decolar, a não ser que tenha gasolina antiga", afirmou.
Posicionamento da Petrobras:
A Petrobras reforça que está ciente do problema técnico identificado pelo segmento de aeronaves de pequeno porte em relação à composição da gasolina de aviação (GAV). Ainda não há análises comprobatórias de contaminação do produto. A companhia se prontifica em colaborar e contribuir, em conjunto com a Anac, Cenipa, ANP e distribuidoras de combustível, na investigação das causas dos problemas relatados.
A companhia não é a única importadora de GAV no país. Existem outros importadores que abastecem o mercado brasileiro. Todas as cargas importadas pela Petrobras são provenientes de empresas norte-americanas, a partir do Golfo do México.
Todos os produtos comercializados pela companhia atendem plenamente aos requisitos de qualidade exigidos pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que seguem padrões internacionais. A gasolina vendida é previamente testada para garantir o atendimento às especificações do órgão regulador.
A Petrobras importa gasolina de aviação desde 2018, quando a unidade que produzia o combustível, na Refinaria Presidente Bernardes – Cubatão (RPBC), foi paralisada. A reforma da planta produtora sofreu atraso devido à interrupção das obras causada pela pandemia de Covid-19, mas a previsão é que a produção seja reiniciada em outubro de 2020.