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Decisão sobre estudantes estrangeiros mostra Trump sob pressão eleitoral

Por: FOLHAPRESS - IGOR GIELOW
07/07/2020 às 14:30
Brasil e Mundo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O veto à presença de estudantes estrangeiros sem acesso a aulas presenciais nos Estados Unidos mostra o tamanho da apreensão do pres...


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O veto à presença de estudantes estrangeiros sem acesso a aulas presenciais nos Estados Unidos mostra o tamanho da apreensão do presidente Donald Trump ante sua situação eleitoral.
O objetivo do americano é duplo. Por um lado, busca agradar seu eleitorado mais fiel, sempre atento a promessas não cumpridas de retirar elementos estrangeiros do país, além de cutucar a rival China. Por outro, pressionar universidades do país a reabrirem seus campi.
Uma parcela expressiva da receita das faculdades do país vem de alunos do exterior, que geralmente não têm bolsas de estudo e pagam integralmente suas mensalidades. Os estudantes estrangeiros movimentam estimados US$ 45 bilhões (R$ 240 bilhões nesta terça, 7) anuais na economia americana.
Mas o que interessa a Trump é ver o máximo de reabertura da economia e da vida civil no país mais atingido pelo novo coronavírus no mundo. O motivo é a dura eleição que ele enfrenta contra o democrata Joe Biden em novembro.
Segundo as pesquisas disponíveis, o presidente está atrás na corrida, tanto no voto popular quanto na contagem de colégios eleitorais -o que, ao fim, é o que define quem será o novo presidente.
Não é um resultado definitivo, mas a ação de Trump demonstra o tamanho da preocupação.
Desde o começo da pandemia, assim como outros líderes com traços autoritários como Jair Bolsonaro no Brasil, Trump minimiza a seriedade do problema. Comprou, assim como o brasileiro, briga política com governadores de estado mais preocupados com medidas sanitárias na ponta.
Com efeito, estados governados por aliados de Trump relaxaram mais as medidas de distanciamento social e controle da circulação do vírus, com o consequente aumento no número de casos e mortes.
Por isso, o presidente tem se alinhado com manifestantes que pedem a reabertura do comércio, a despeito do impacto do patógeno.
Já mirar estudantes estrangeiros, além de coadunar com o discurso anti-imigração que marca Trump desde sua campanha de 2016, também visa atingir a rival China.
A maioria esmagadora dos cerca de 400 mil estudantes que recebem visto todos os anos para o país vem da ditadura comunista asiática. Como vive uma disputa particular com Pequim, apelidada de Guerra Fria 2.0, Trump saca mais um instrumento para pressionar o governo de Xi Jinping.
Todos esses movimentos, claro, terão um preço. O congelamento da imigração ocorreu num momento de maior apoio à entrada de estrangeiros para dinamizar a economia americana, em especial no setor de alta tecnologia que deverá ser central no mundo mais digital pós-pandemia.
O novo coronavírus abriu oportunidades para o discurso de Trump, dado que é uma constante histórica a culpa do "outro" estrangeiro em épocas de epidemias. Daí aliados como Bolsonaro terem sido esnobados por sua má condução da crise, com os brasileiros colocados numa lista de cidadãos vetados nos EUA por ora.
Mas o problema para Trump é o paradoxo de sua tática: ela ao fim aumenta a transmissibilidade do Sars-CoV-2 e piora ainda mais a dureza da pandemia, que atingiu e matou um quarto de todas as vítimas no mundo em solo norte-americano.

Publicado em Tue, 07 Jul 2020 14:00:00 -0300







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