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Polarizada entre norte e sul, Europa adia plano de socorro para crise do coronavírus

Por: FOLHAPRESS - ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
26/03/2020 às 20:30
Brasil e Mundo

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Depois de quase seis horas em videoconferência, os líderes dos 27 membros da União Europeia passaram para seus ministros das Fin...


BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Depois de quase seis horas em videoconferência, os líderes dos 27 membros da União Europeia passaram para seus ministros das Finanças a responsabilidade de elaborar um plano de alívio para a crise provocada pelo coronavírus. O prazo para isso é de 14 dias.
Depois das primeiras quatro horas de debate, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, avisou que não assinaria o documento prévio, por considerar que ele é pouco ambicioso. A Itália é o país europeu mais afetado pela pandemia, e um dos que já enfrentava uma situação econômica e fiscal difícil antes do coronavírus se espalhar pelo continente.
O presidente do conselho, o belga Charles Michel, ainda tentou durante quase duas horas chegar a um consenso, sem sucesso. Assim como na primeira tentativa de estabelecer um orçamento dos próximos sete anos -também encerrada em impasse, o Conselho Europeu desta quinta (26) ficou polarizado entre dois grupos: Frugais e Grupo dos 9.
Os Nove (Bélgica, França, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Portugal, Eslovênia, Espanha e Itália, que lidera o grupo) defendem a emissão conjunta de dívida -títulos já batizados de "coronabonds"- para que os países membros possam financiar seus programas de socorro. Argumentam que nenhum país tem responsabilidade pela crise pela qual estão passando, por isso não deveriam ser punidos por fatores alheios à pandemia, como déficits nas contas públicas. Uma emissão conjunta de dívida, portanto, daria a todos as mesmas condições de acesso ao mercado.
Mas a ideia de subscrever empréstimos para bancar gastos públicos de outros países é rejeitada pelos Frugais (Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia, com apoio da Alemanha e da Finlândia). Para o grupo, a pandemia ainda está em evolução e é cedo para dar um passo tão grande quanto uma emissão comum de dívida.
O grupo é formado por países "doadores", cuja participação nas receitas da União Europeia é maior que os recursos que recebem do Orçamento, mecanismo que está na base do funcionamento do bloco europeu: os membros mais ricos contribuem para financiar o desenvolvimento dos mais pobres.
Na discussão sobre o orçamento dos próximos sete anos, em fevereiro, os Frugais defendiam uma redução da porcentagem do PIB que cada país dá ao cofre comum da UE, e um corte nos programas de subsídios aos membros menos desenvolvidos. Agora, a temperatura subiu.
Em reunião de ministros das Finanças nesta terça (24), a Holanda chegou a sugerir que a UE investigasse por que os países do sul não têm recursos para combater suas próprias crises, azedando a conversa. O encontro do eurogrupo também já havia acabou sem proposta comum de socorro, a não ser a de permitir que países mais afetados recebam empréstimos do fundo chamado Mecanismo de Estabilização Europeu.
Essa é também a solução sugerida pelos Frugais, já que o fundo está formado, tem regras definidas e recursos que podem ser liberados imediatamente -mais de 400 bilhões de euros, cerca de R$ 2,3 trilhões. Para os Nove, porém, usar o MEE significa aumentar sua dívida, e muitos deles têm nível alto de endividamento em relação ao PIB.
Desde o primeiro caso registrado no continente, em janeiro, já foram confirmadas 284.161 pessoas doentes na Europa, até as 18h desta quinta (horário do Brasil). O número correspondia a 55% dos casos globais. Itália, Espanha, Alemanha e França são os países mais atingidos.

Publicado em Thu, 26 Mar 2020 20:01:00 -0300







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