Nesta quarta-feira, 26 de junho, o Dia Nacional do Diabetes chama atenção para uma das doenças crônicas mais prevalentes e perigosas do mundo. Em São José do Rio Preto, especialistas da Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme) fazem um alerta contundente: o diabetes é silencioso, atinge milhões de brasileiros e pode trazer sérias consequências se não for identificado e tratado a tempo.
Segundo o endocrinologista da Funfarme, Dr. Antonio Carlos Pires, muitos pacientes descobrem o diabetes por acaso, em exames de rotina. "É uma condição pouco sintomática. Às vezes, a pessoa convive com a doença por anos sem saber”, afirma. Dados recentes da International Diabetes Federation (IDF) revelam que mais de 589 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo – 16,6 milhões no Brasil – e cerca de 32% desconhecem o diagnóstico.
O tipo mais comum da doença, o diabetes tipo 2, responde por 90% dos casos e está geralmente ligado à obesidade, pressão alta e colesterol elevado. "A boa notícia é que o diagnóstico pode ser feito com um simples exame de glicemia, disponível nas unidades básicas de saúde”, ressalta o médico.
O maior perigo do diabetes está nas complicações de longo prazo. A doença é a principal causa de cegueira adquirida, falência renal, amputações e doenças cardiovasculares como infarto e AVC. "O coração de quem tem diabetes é diferente. Ele adoece em silêncio”, alerta Dr. Antonio Carlos.
A realidade por trás dos números: Funfarme vive o impacto da doença diariamente
Na nefrologia, os dados são alarmantes. De acordo com a nefrologista Dra. Fernanda Polacchini, 43% dos pacientes em hemodiálise no Hospital de Base são diabéticos – um índice superior à média nacional, que é de 30%. "A Doença Renal do Diabetes se desenvolve de forma silenciosa. Muitas vezes, quando aparecem os sintomas – como inchaço nas pernas e espuma na urina – a perda da função renal já é grande”, afirma.
A recomendação é clara: exames anuais de urina e creatinina são fundamentais para identificar alterações precoces e evitar a progressão da doença renal.
Já na oftalmologia, o risco de perda visual preocupa. A Dra. Thaisa Silveira Barbosa, especialista em retina, conta que o ambulatório do HB recebe cerca de 200 pacientes diabéticos por semana, muitos encaminhados por suspeita de retinopatia diabética. "É uma das complicações mais graves da doença e pode causar cegueira irreversível se não for tratada a tempo”, explica.
Mesmo sem sintomas visuais, o diabetes pode causar lesões nos vasos da retina, identificáveis apenas em exames oftalmológicos especializados. O HB oferece tratamentos modernos, como injeções intravítreas, laser e até cirurgias de vitrectomia, mas o sucesso depende do diagnóstico precoce.
Referência nacional no cuidado ao diabético
A Funfarme é referência no tratamento do diabetes. O ambulatório de endocrinologia do Hospital de Base acompanha mais de 20 mil pacientes, além de oferecer um serviço inédito no país: um ambulatório exclusivo para diabéticos com câncer, que garante o controle da glicemia antes do início da quimioterapia.
"Essa iniciativa surgiu há três anos e mostra que o diabetes, muitas vezes, causa mais complicações do que o próprio câncer”, observa Dr. Antonio Carlos.
Conscientização e prevenção
Para o endocrinologista, o Dia Nacional do Diabetes é um convite à conscientização. "Nosso maior objetivo é evitar complicações graves. E isso só é possível se a população entender que diabetes é uma doença séria, mas que pode ser controlada com acompanhamento médico, exames regulares e mudanças no estilo de vida”, conclui.