O Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto, ligado à Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme), realizou, pela primeira vez, um procedimento de embolização das artérias da próstata pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A intervenção pioneira aconteceu na última segunda-feira (26) e foi conduzida pelo radiologista intervencionista Dr. Rafael Garzon.
O paciente, Gumercindo Gonçalves da Silva, de 89 anos, sofre de hiperplasia prostática benigna (HPB), condição que fez sua próstata atingir cerca de 180 gramas — seis vezes maior que o tamanho normal.
Menos risco e mais qualidade de vida
A HPB é uma doença comum em homens idosos, caracterizada pelo aumento benigno da próstata. Ela provoca sintomas urinários como dificuldade de urinar, vontade frequente de ir ao banheiro, esvaziamento incompleto da bexiga e, em casos mais graves, retenção urinária e sangramentos. Esses sintomas podem comprometer de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes.
De acordo com a Dra. Ana Paula Bogdan, coordenadora da residência do Serviço de Urologia do HB, a cirurgia tradicional a prostatectomia — costuma ser a indicação para casos de próstata muito aumentada. Porém, é um procedimento invasivo, que exige anestesia geral, internação prolongada e envolve riscos, como sangramentos, infecções, incontinência urinária e disfunção erétil.
A embolização prostática surge como uma alternativa segura e menos invasiva, especialmente indicada para pacientes idosos e com outras doenças, que não suportariam uma cirurgia convencional — explica a médica.
Técnica inovadora
O procedimento consiste em bloquear seletivamente os vasos sanguíneos que irrigam a próstata, o que faz o órgão reduzir de tamanho e alivia os sintomas urinários. Tudo é feito por meio de um pequeno cateter, com anestesia local e guiado por imagens, sem necessidade de cortes.
Conseguimos acessar e bloquear os dois lobos da próstata com precisão, o que aumenta muito a eficácia do procedimento — destaca o Dr. Rafael Garzon.
Até então, a embolização prostática era oferecida apenas em clínicas particulares e raramente na rede pública. A autorização para a realização pelo SUS foi concedida pela diretoria da Funfarme e do Hospital de Base, após análise médica e disponibilidade dos materiais.
Nova opção no SUS
Com o sucesso do primeiro procedimento, a expectativa do HB é que a técnica passe a integrar o protocolo de tratamento de pacientes com HPB volumosa ou que não tenham condições clínicas para a cirurgia convencional.
Temos uma demanda expressiva de pacientes aguardando cirurgia de próstata. A embolização pode ser uma solução eficaz para casos mais complexos, reduzindo o uso prolongado de sondas e oferecendo mais qualidade de vida reforça a Dra. Ana Paula Bogdan.
Alívio para a família
Gumercindo recebeu o diagnóstico de HPB há cerca de um ano e vinha sendo acompanhado pelo Ambulatório de Especialidades do HB. No último mês, apresentou piora no quadro, com sangramento e dores, sendo então encaminhado para o procedimento.
Pela idade dele, uma cirurgia era muito arriscada. Quando surgiu a possibilidade da embolização, foi um alívio. O sangramento que durava mais de um mês parou. Ele está bem, e nós estamos muito agradecidos — relata a filha, Terezinha Gonçalves de Souza, de 65 anos.
O próprio Gumercindo celebra a recuperação: — Quando o médico disse que eu não precisaria de cirurgia e que ia fazer um procedimento mais tranquilo, fiquei muito feliz. Graças a Deus, correu tudo bem, fui muito bem tratado — afirma.
O paciente recebeu alta na última quarta-feira (28) e segue em recuperação em casa.