Às vésperas do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado neste sábado (31), uma notícia preocupa médicos e autoridades de saúde: o Brasil registrou em 2024 o primeiro aumento no número de fumantes adultos desde 2007, segundo dados do Ministério da Saúde. A taxa de fumantes passou de 9,3% para 11,6% da população adulta.
O crescimento foi expressivo tanto entre os homens — de 11,7% para 13,8% — quanto entre as mulheres, que subiram de 7,2% para 9,8%. O levantamento, feito em todas as capitais e no Distrito Federal, rompe uma tendência de queda observada há mais de 15 anos.
Se os danos do tabaco ao sistema respiratório já são conhecidos, seus impactos silenciosos sobre o sistema cardiovascular ainda são subestimados. Uma pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) revela um dado alarmante: apenas 10% dos entrevistados associam o cigarro às doenças do coração.
É muito preocupante. Se 90% das pessoas não sabem o quanto o fumo faz mal ao coração, significa que milhões de fumantes estão correndo riscos seríssimos de infarto, AVC e morte súbita, alerta a cardiologista Adriana Bellini Miola, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC), de São José do Rio Preto.
???? Coração na linha de fogo
O cigarro libera nicotina, que provoca aumento dos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e sobrecarga no consumo de oxigênio pelo coração. Isso agride diretamente o endotélio, a parede interna dos vasos sanguíneos, favorecendo a formação de placas de gordura e endurecimento das artérias.
O resultado? Aumento significativo no risco de infarto, insuficiência coronariana, aneurismas, arritmias graves e acidente vascular cerebral (AVC). Segundo o Ministério da Saúde, mais de 33 mil pessoas morrem por ano no Brasil de doenças cardiovasculares associadas ao tabagismo.
— Fumar acelera a oxidação do colesterol e promove a aterosclerose. Se isso for associado a hipertensão ou diabetes, o risco se multiplica rapidamente, explica a especialista.
E não há margem segura: seja cigarro convencional, eletrônico, charuto ou cachimbo, qualquer quantidade já provoca danos imediatos.
???? Fumante passivo também está em risco
Os perigos não se limitam aos fumantes. Conviver com quem fuma dobra o risco de câncer e também impacta diretamente o sistema cardiovascular, alerta a cardiologista.
✅ Benefícios imediatos ao parar de fumar
As boas notícias vêm para quem decide abandonar o vício. Segundo a Dra. Adriana, o risco de infarto cai pela metade no primeiro ano sem cigarro. E em cerca de 10 anos, o risco cardiovascular se equipara ao de quem nunca fumou.
???? Como abandonar o cigarro
O tratamento pode envolver desde parada abrupta, terapias de reposição de nicotina (adesivos e chicletes), até medicamentos específicos e acompanhamento psicológico.
Porém, a médica alerta: "Cada caso é único. Apenas uma avaliação médica criteriosa pode indicar o melhor caminho.”
Ela também destaca a importância de cuidar da alimentação e iniciar atividades físicas após parar de fumar, já que o ganho de peso é comum nesse processo.
Converse com seu cardiologista, pneumologista ou clínico. Há tratamento, há solução. E quanto antes parar, melhor. A vida agradece, finaliza a especialista.