RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em meio a pressão do MME (Ministério de Minas e Energia) para que a Petrobras reduza os preços dos combustíveis, as cotações ...
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em meio a pressão do MME (Ministério de Minas e Energia) para que a Petrobras reduza os preços dos combustíveis, as cotações internacionais do petróleo voltaram a subir nesta segunda-feira (20), reforçando argumento da Petrobras sobre a elevada volatilidade no mercado.
O barril do tipo Brent, referência internacional negociada em Londres, fechou o pregão a US$ 82,37, alta de 2,18%. Foi o terceiro pregão consecutivo de alta, reflexo de incertezas com relação ao próximo encontro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Na sexta-feira (17), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrou da Petrobras corte nos preços da gasolina e do diesel para repassar as quedas recentes do barril. Segundo ele, cálculos do MME apontam possibilidade de queda de R$ 0,12 por litro na gasolina e R$ 0,40 por litro no diesel.
No sábado (18), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, respondeu em uma rede social, dizendo que eventuais intervenções do governo na estratégia da empresa devem seguir a Lei das Estatais. À Folha de S.Paulo ele afirmou que a grande virtude da atual estratégia da empresa "é prover estabilidade e previsibilidade".
A Petrobras mexeu pela última vez nos preços dos combustíveis no dia 21 de outubro, com corte de R$ 0,12 por litro no preço da gasolina e alta de R$ 0,25 por litro no diesel. Com a queda do petróleo nas últimas semanas, a empresa chegou a operar com algum prêmio em relação ao mercado externo.
Indicadores produzidos pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), porém, mostram ainda grande volatilidade. Na gasolina, por exemplo, o prêmio chegou a bater R$ 0,11 por litro no dia 9. Caiu até ficar negativo em R$ 0,05 no dia 14 e, nesta segunda, era de R$ 0,04 por litro.
O diesel apresenta comportamento semelhante, embora com valores mais elevados. No dia 10, a Petrobras vendia o produto com prêmio de R$ 0,26 por litro em relação à paridade de importação calculada pela Abicom. Nesta segunda, o indicador caiu para R$ 0,15.
Desde que implantou sua nova política de preços, a Petrobras tem operado a maior parte do tempo com defasagem em relação à paridade de importação da Abicom. Prates defende, porém, que a companhia manteve estável o preço dos combustíveis nos períodos de grande volatilidade.
A Refinaria de Mataripe, maior produtora privada de combustíveis do país, segue mais de perto as cotações internacionais e já fez dois ajustes no preço da gasolina em novembro: no dia 9, reduziu em R$ 0,07 por litro; no dia 16, aumentou em R$ 0,13 por litro.
No mercado de petróleo, há grande incerteza em relação ao comportamento dos preços internacionais neste fim de ano. Embora analistas acreditem que a demanda continuará fraca, a Opep pode decidir por novos cortes na produção em seu encontro do fim do mês.
Em relatório divulgado no dia 16, analistas do Goldman Sachs preveem que a organização trabalhará para manter os preços entre US$ 80 e US$ 100 por barril. "Enquanto uma maior produção fora da Opep e a economia mais fraca são riscos aos preços, estimamos que o Brent permanecerá perto de US$ 80."
No início do mês, em seu relatório mensal de preços, a EIA (Agência de Informação em Energia do governo dos Estados Unidos) estimou que o Brent ficaria, em média, em US$ 90 durante o quarto trimestre. Para 2024, a previsão é de US$ 93 por barril.
Apesar da alta do petróleo nos últimos dias, a analista da Nova Futura, Bruna Sene, vê margem para cortes, considerando que o petróleo Brent estava em US$ 93 por barril na época do último reajuste. E ressalta que o mercado tem demonstrado preocupação com a tensão entre Silveira e Prates.
"Percebo que o mercado pode estar adotando uma postura mais cautelosa e mais sensível diante de certas notícias relacionadas à Petrobras. Especialmente em relação a possibilidade de troca do comando da empresa", afirmou. As ações da empresa não acompanharam o Brent, fechando em alta de 0,05%.
"Os rumores em torno da companhia são negativos para as ações da empresa", concorda a Ativa Research, que não crê que a execução da política de preços "constitua motivo fundamental para uma interpelação pedindo a troca da atual liderança por parte de ministros da União".