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Lavagem do Bonfim reúne bloquinhos e protestos em meio à religiosidade em Salvador

Por: FOLHAPRESS - JOÃO PEDRO PITOMBO
16/01/2020 às 13:30
Brasil e Mundo

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O primeiro pelotão foi correndo. O segundo, rezando. O terceiro, buscando votos. O quarto, protestando. O quinto, bebendo e dançando. E...


SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O primeiro pelotão foi correndo. O segundo, rezando. O terceiro, buscando votos. O quarto, protestando. O quinto, bebendo e dançando. E ainda teve aquele que nem saiu: preferiu ficar nos arredores do Mercado Modelo e comer feijoada ainda nas primeiras horas da manhã.
No calendário das festas de largo do verão de Salvador, a Lavagem do Bonfim é aquela que sumariza o caldo de cultura que representa a Bahia. O culto a Oxalá, no candomblé, e ao Senhor do Bonfim, no catolicismo, estão lá. Mas a festa vai muito além do seu lado religioso.
Nesta quinta-feira (15), não foi diferente. Cerca de um milhão de pessoas, segundo estimativas da Prefeitura de Salvador, participou do cortejo de 6,4 quilômetros entre a Basílica da Conceição e a Basílica do Bonfim.
A festa começou às 7h com a partida da Corrida do Bonfim, na qual atletas profissionais e amadores percorrem correndo o trecho do cortejo.
Na sequência, foi iniciada a cerimônia religiosa da festa, com a celebração e um ato ecumênico no adro da Basílica da Conceição da Praia. Dali, a imagem do Senhor do Bonfim partiu para o cortejo no andor em cima de uma camionete decorada como uma caravela.
A decoração fez referência aos 275 anos da travessia que trouxe a imagem do Senhor do Bonfim para Salvador. A imagem peregrina veio de Setúbal, em Portugal e atravessou o oceano Atlântico em 1745 para cumprir uma promessa do capitão de mar e guerra Theodósio Rodrigues de Faria.
As homenagens ao Senhor do Bonfim começaram em 1754, quando a imagem peregrina foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a Igreja do Bonfim, construída na Colina Sagrada.
A tradição do cortejo começou em 1773, iniciada por romeiros e escravos que, a mando dos senhores integrantes da Irmandade do Senhor do Bonfim, limpavam e enfeitavam a igreja para a missa. E se repete há 247 anos, sempre na segunda quinta-feira após a festa do Terno de Reis.
Neste ano, 49 entidades participaram da festa. Grupos musicais percorreram o cortejo em pequenos carros de som, além de bandas de sopro e percussão --desde 1998, os trios elétricos são proibidos na festa.
Nas ruas, rodas de capoeira, grupos de mascarados, grupos de samba de roda e até mesmo evangélicos que distribuíam suas "fitinhas do senhor Jesus" que substituíram as do Senhor do Bonfim.
Também participaram os partidos políticos e seus respectivos pré-candidatos que buscam na festa um lugar ao sol. Sindicatos lideraram protestos contra a reforma da Previdência do governador Rui Costa (PT) e o contra o aumento da passagem de ônibus, mirando o prefeito ACM Neto (DEM).
Completaram o cortejo grupos de entidades católicas, que desfilam uma hora antes do início oficial do cortejo, além de blocos afro, afoxés e representantes de terreiros de candomblé.
O cortejo seria encerrado por volta das 13h na Colina Sagrada, onde a imagem do Senhor do Bonfim será recebida com palmas, cânticos e fogos de artifício. E os fiéis vão rezar, fazer seus pedidos e amarrara fitinhas no gradil da igreja.
Na sequência, o ponto alto da festa: as baianas farão a tradicional lavagem das escadarias e do adro da basílica. Com seus jarros com folhas e água de cheiro, abrirão os caminhos para mais um ano sob as bênçãos de Oxalá e do Senhor do Bonfim.

Publicado em Thu, 16 Jan 2020 13:04:00 -0300







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